As quatro autoridades tradicionais que estavam em Menongue para tentarem persuadir o governador José Martins para não exonerar Miguel Kassela, em função das denúncias contra aquele edil, foram orientadas pelo mesmo a regressar para Dirico, mesmo sem serem recebidos pelo governador do Cuando Cubango
Domingos Kinguari
De acordo com fonte deste jornal situada em Menongue, Miguel Kassela ligou para os seus capangas, Ndulu e Miraldino, para que mandassem regressar aquelas autoridades tradicionais em função do vazamento de informações.
No regresso, os mesmos chegaram ao Dirico quando eram 16 horas do último sábado (11), transportados por uma viatura do BUAP conduzida pelo motorista Kamuringue, que por sinal é irmão mais velho do motorista do administrador municipal.
Na pretensão pela não exoneração de Miguel Kassela e seus sequazes, está também envolvido o director dos Registos do município do Dirico, identificado apenas por Lando. Quem levou os sobas para Menongue foi o motorista de Miguel Kassela, identificado apenas por Lino.
«Aquelas autoridades tradicionais foram subornadas com dinheiro do erário público, e ninguém pede contas ao edil do Dirico pela forma abusada como está a gerir o dinheiro público, como se fosse na ‘casa da mãe joana’», disse a fonte.
Os sobas que estiveram em Menongue foram recebidos no Dirico pelo cunhado de Miguel Kassela, o administrador adjunto para a Área Técnica, Tobias. Eis os nomes das autoridades tradicionais que foram pagos pelo administrador municipal para tentarem interceder por ele junto do governador provincial para não o exonerar: rei dos Mbukussus e o seu regedor de nome Ku – Mukussu; rei Kayumde e o regedor Ukuchee; regedor Nducha e o regedor Likanda.
Trapaceiro tenta nova táctica para ficar no governo
Em função das informações que temos avançado, Miguel Kassela e o seu bando de ladrões arquitectaram um novo plano: o mesmo esteve em Luanda, no VIII congresso do MPLA e foi afastado do Comité Central, por má gerência dos dinheiros do erário público que lhe são alocados.
Entretanto, Kassela efectuou contactos com o seu sobrinho, que é o actual governador da província da Huíla, Nuno Mahapi Dala, e com o seu amigo, o governador da província de Benguela e seu conterrâneo, Luís Nunes, para que os mesmos pressionem o colega e actual governador do Cuando Cubango, José Martins, para que não o exonere do cargo de administrador municipal do Dirico.
Soube-se que é do interesse de Miguel Kassela controlar as suas empresas sedeadas na Huíla, enquanto continua a furtar o dinheiro do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) através do Dirico.
Em função da sua exoneração, que poderá acontecer a qualquer altura, Miguel Kassela, orientou o seu sobrinho, que é o secretário da administração municipal, Miraldino, para desviar seis viaturas de marca Toyota Land Cruser que estão escondidas na República da Namíbia, junto ao posto fronteiriço do Chikekete. As referidas viaturas estão parqueadas naquela zona há sensivelmente um ano e seis meses. Eles alegam que aqueles meios foram àquele país para manutenção.
A fonte acrescenta ainda que as outras viaturas desviadas estão escondidas na fazenda do administrador municipal do Dirico, na Jamba mineira, província da Huíla, cujas marcas são: uma viatura ligeira Duster de cor branca, que pertence à delegação municipal da Saúde; uma carrinha também de cor branca de marca Iveco e uma Hanenog que pertencem àquela administração.
A população do Dirico solicita ao IGAE, PGR, SIC e SINSE, para que se faça uma investigação minuciosa às contas e ao património da administração do Dirico, pois tudo está a ser desencaminhado por aqueles ladrões do erário público nas vestes de funcionários do governo.
Administrador adjunto desvia combustível do hospital
Informação de última hora dá conta que depois da sua chegada, na calada da noite, ao município do Dirico no dia 3, o administrador adjunto para a Área Técnica, Tobias, ao arrepio da lei e abusando das suas competências, mandou transportar na ambulância do hospital municipal oitocentos litros de gasóleo que foram levados, supostamente, para a cooperativa agrícola que dista quinze quilómetros da sede municipal.
A tal cooperativa, denominada ‘Mundumbu’, não funciona, sendo apenas uma área que gasta dinheiro e que vai parar aos seus bolsos. A zona não dispõe de energia eléctrica e o hospital não atendeu os pacientes nesse dia por falta de combustível no gerador. Os pacientes que se queixavam de alguma enfermidade, assim como aqueles que tinham de ser operados e as grávidas, tiveram que ser evacuados para o município do Calai que dista trinta e oito quilómetros.
O município do Dirico, que está a ser administrado, ‘interinamente’, pelo cunhado do administrador municipal, Miguel Kassela, que é igualmente seu adjunto, em conjunto com a sua esposa que é pessoa estranha à administração pública, está sem água potável desde o dia 10, devido a avaria da boia que se encontra no rio Kuito, mas o ‘interino’ não está preocupado.
As populações estão a percorrer cinco quilômetros para irem ao rio em busca de água, que não é própria para consumo, enquanto o administrador adjunto para a Área Técnica, nas veste de administrador municipal, faz vista grossa e não procura solução.
Kassela paga para descobrir a fonte deste jornal
Enquanto isso, o sequaz do administrador municipal do Dirico, Miguel Kassela, identificado apenas por Ndulu, funcionário da administração, por diversas vezes referido nos artigos relativos a este caso, por ser o ‘cipaio’ que controla e informa todos os movimentos, principalmente dos que se mostram contra o administrador e quem fala mal dele, que acabam por ser retaliados e não podem ter acesso aos serviço da administração.
Ndulu, apurou-se, saiu de Menongue para Malanje, onde foi passear e gastar o dinheiro que lhe foi pago pelo trabalho sujo que presta ao administrador. Agora encontra-se no Lubango a prestar contas a Miguel Kassela e explicar as causas das fugas de informação que tem chegado a este jornal. Kassela quer, custe o que custar, saber quem são os informadores, prometendo que vai pagar altas somas para quem lhe fornecer o nome da fonte deste jornal.
No âmbito do contraditório, os acusados remetem-se ao silêncio. Este jornal mandou mensagens para Miguel Kassela e para o secretário-geral da administração do Dirico, Miraldino, mas os mesmos continuam a não se pronunciarem sobre as acusações.