Início Política O dualismo político, ou a teoria de dois pesos e duas medidas

O dualismo político, ou a teoria de dois pesos e duas medidas

por Redação

Por Tazuary Nkeita

Alguns analistas da política internacional parecem desorientados, portando-se claramente como aqueles locutores de futebol que festejam euforicamente o golo da sua equipa nacional, mas arrepiam-se quando o adversário marca!
É o dualismo, é o sectarismo e são dois pesos e duas medidas!
Mas, creio que vai reaparecer o bom senso e teremos analistas mais sensatos para nos orientar nestes momentos de crise e de tanta ambiguidade, no futuro.
O que me move é a crise no leste da Ucrânia e o coro uníssono dos EUA e da Europa contra a Rússia. A crise estalou. Os argumentos de uns e de outros são conhecidos, e a linha vermelha também. A Rússia está de um lado, e o bloco ocidental de outro!
Mas há um ponto nevrálgico que é ou parece ser ignorado.
Os EUA têm liberdade para fazer o que lhes convém para a defesa dos seus interesses estratégicos quer seja no Afeganistão, no Iraque, na Síria, na Líbia ou na Venezuela. Têm poderio militar e também a chave do mercado financeiro, do mercado de capitais e o controlo da economia mundial. Os Estados Unidos querem ser os patrões do mundo… e dos analistas também, alguns dos quais, já se viu, têm o comportamento de locutores de futebol: todo o golo russo será relatado como um verdadeiro balde de água fria neste cenário mundial!
E, também já se viu, neste jogo as distâncias geográficas não interessam a ninguém. O único critério aparentemente válido é ser pró-russo ou pró-ocidental!
Não interessa discutir a segurança na fronteira russa face ao alargamento da OTAN até à Ucrânia! Não! Isso é indiscutível, e nem se admite que o bloco militar russo chegue até à fronteira com os Estados Unidos. Não! Nenhum locutor vai festejar esse alargamento do bloco militar russo! Ninguém admite essa loucura infantil.
Mas, se houver separatistas russos pró-americanos, vai ser uma alegria tremenda para os tais analistas! E todos vão apoiar os democratas russos! Todos apoiam os dissidentes russos, todos apoiam a tirania de Putin!
Mas os separatistas ucranianos, não! Ninguém apoio o separatismo no leste da Ucrânia! Isso nunca!
Quando eu era criança e me deparava com este tipo de ambiguidades, entre colegas, a minha pergunta era sempre a mesma:
“Querem espetar o dedo no olho do outro, porquê? Querem agitar as abelhas…?”
Agora que eu cresci, a pergunta que tenho feito é:
“Afinal, quem quer humilhar quem com o orgulho de ser o mais poderosos de todos?”
Todos temos respostas, mas quero ir mais longe, para questionar o seguinte :
Aquele que diz que um certo órgão legislativo ou do poder supremo de um certo Estado como é a Duma russa não manda nada, estaria também a dizer – não digo a reconhecer – que deter a maioria absoluta num parlamento europeu ou num Congresso americano também faz com que os seus membros, representantes dessa tal força maioritária, não mandem igualmente absolutamente nada?!
É admissível aceitar tanta ambiguidade nas relações internacionais ?
Porquê que esses analistas se deixam arrastar por posições extremas em de defender um acordo com base na aproximação de pontos de vista antagónicos?
Por outras palavras, se uma família é unida, quem defende a coesão não manda nada?
Mas, se nessa mesma família se instala a desordem e a falta de unidade também vão dizer que ninguém manda em ninguém…! É certo isso ?
Esta reflexão é para os analistas internacionais e não para os beligerantes políticos!
Todos sabemos como os políticos se defendem. Aqui, na política, as rivalidades são tantas que ninguém festeja a vitória do outro… É impensável!!!

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