A administradora municipal do Dirico, Ruth Alfredo Tenente, antes de viajar para Menongue onde foi pedir socorro ao governador provincial do Kuando Kubango, orientou a expulsão das casas de passagem de todo pessoal da anterior administração. A mesma recebeu garantias do governador provincial, José Martins, para continuar a nomear “iletrados”, mantendo o nepotismo e o tribalismo
Domingos Kinguari
Segundo fonte ligada à administração municipal do Dirico, a forma como foram expulsos aqueles funcionários, sem qualquer aviso prévio, sem qualquer piedade, deixou indignada a sociedade local em geral.
O engenheiro agrónomo, Domingos C. António Zeca, foi substituído por um indivíduo sem qualquer valência, que possui apenas a 6ª classe, mas que a administradora que acha que lhe trará mais valia, demonstra que Ruth Alfredo Tenente, que também tem formação duvidosa, porque se tivesse um nível académico aceitável não faria tais nomeações, tem intenções ou está ao serviço de manobras obscuras que só visam prejudicar o Estado.
A fonte afirma que está-se a criar, propositadamente, “uma governação de analfabetos e atrasados com a única intenção de defraudar o erário público e ludibriar a população”.
Para além do engenheiro citado, foi também despejado o antigo director do gabinete jurídico, com o pretexto de que a residência será reabilitada. Ficou apenas na residência a chefe de protocolo, identificada apenas por Olga.
Fala-se em meios restritos que a expulsão, que aconteceu de forma brusca e impiedosa, tem a ver com o pessoal ligado a administradora, proveniente que veio do Calai, que a terão agitado nesse sentido.
Mas, em termos de mexidas não é tudo. Por orientação do governador provincial, José Martins, Ruth Alfredo Tenente foi incumbida, no dia 11 do mês em curso, para continuar a usar o nepotismo e nomear indivíduos de “conveniência”, sem importar o nível académico e de capacidade de trabalho, para ocupar cargos de destaque.
Por exemplo, após o término da reunião do comité provincial do MPLA, o actual administrador adjunto para a Área Técnica do município do Dirico, arquitecto Tobias, será substituído por um analfabeto sem retórica política e péssimo em relações humanas.
O ex.-director do gabinete jurídico, o jurista Faustino Sikila C. Maliculo, também não foi poupado, tendo ficado muitas horas na rua com os seus bens e a sua família, e teve que procurar uma casa para se abrigarem.
A administradora Ruth Alfredo Tenente está a ser considerada pelos munícipes locais como sendo uma pessoa de mau cáracter, tribalista descarada e com atitudes de ditadora.
O antigo director municipal da Energia e Águas, que foi recrutado para “desenvolver” o Dirico, pelo antigo administrador Miguel Kassela, também não foi poupado. Ou seja, está a reinar uma autêntica “caça às bruxas” contra o pessoal do antigo elenco. Os que não possuem residências, porque foram ali em srviço, estão a ser acolhidos por amigos.
Apurou-se, entretanto, que os incompetentes que a administradora “ditadora” trouxe do Calai, como é o caso da sua cozinheira que agora foi promovida à técnica de informática e a sua secretária, estão a viver no palácio municipal, enquanto que o seu director de gabinete, o seu assessor, o motorista, estão bem acomodados na residência protocolar.
Para além desta prática, segundo a fonte, há ainda o caso do velho Lito Kandingo, defensor do tribalismo, que foi catapultado sem passar pelas bases para o comité provincial do MPLA, apenas por ser natural do Kuito Kuanavale.
Em idade de reforma e com ajuda da sua esposa, actual directora da direcção da Família e Acção Social do Dirico, que é também a segunda secretária do MPLA em Xamavera, um ex-oficial dos serviços secretos das FALA, e que continua a prestar “valiosos serviços” à direcção da UNITA, identificado apenas por Kapoyoyo, vai também ocupar uma pasta naquela administração.
Jovens do Dirico vão manifestar-se contra nomeações tribalistas
Enquanto isso, jovens do Conselho municipal da Juventude do Dirico, afirmaram a este Jornal que o nepotismo e o tribalismo praticado pela administradora Ruth Alfredo Tenente, que nomeia seus conterrâneos sem qualquer classificação acadêmica ou competência, levou os jovens a decidirem realizar manifestações, tanto naquela circunscrição, assim como em Menongue.
De acordo com a fonte já referida, que prestou a informação ao Jornal 24 Horas a partir do Dirico, os jovens ligados a organizações juvenis, com grande realce para os da JMPLA, alegam que Ruth Alfredo Tenente é incompetente, não sabe dignificar os técnicos nem valorizar a competência e prefere nomear iletrados para a favorecerem. «Estas nomeações estão a desencorajar os estudantes para terminar as suas formações académicas, alguns preferem procurar um cargo, nem que para tal tenham que ser bajuladores e intriguistas. O mau exemplo é da actual inspectora escolar que frequenta a 10ª classe, nunca leccionou para crianças da 2ª classe, mas deixou para trás os licenciados em pedagogia e os mestres em ciências da educação, que é um sinal de que actual edil do Dirico não tem qualquer projecto para o desenvolvimento da nossa circunscrição. É uma senhora que veio apenas fazer a ladroagem do erário público e beneficiar os seus parentes, com a protecção do governador provincial e outros maus gestores desta província», desabafaram os jovens.
Os jovens revoltados esclarecem ainda que «a administradora preferiu nomear um técnico médio de pedagogia, sem experiência em matéria de direito administrativo, para dirigir o gabinete jurídico e intercâmbio, relegando um jurista competente, que é o Pedro. Solicitamos o governador provincial a mandar revogar as incongruências de Ruth Alfredo Tenente», clamam.
O governador provincial do Kuando Kubango, José Martins, prefere ignorar as reclamações dos cidadãos de deixar afugentar os bons cérebros provenientes de outras províncias que pretendem desenvolver o município, e não só, com ideias, como são os casos de arquitectos, agrónomos, juristas e outros técnicos que podiam alavancar o progresso.
Ruth Tenente “engole” presidente do CNJ
Mudando de assunto, o comité provincial do MPLA em Menongue, reuniu-se recentemente para nomear, o actual presidente do Conselho municipal da Juventude do Dirico, identificado apenas por Colino, para membro efectivo do comité provincial do partido, sem obedecer às normas estatutárias nem ter alguns anos de militância.
O “prémio” surgiu do facto de o mesmo responsável ter “salvado” a administradora que tinha mobilizado a sociedade civil para uma campanha de limpeza mas, em função de uma notícia do Jornal 24 Horas online, sobre as nomeações tribalistas e do nepotismo, a administradora ausentou-se precipitadamente e foi atrás do governador sem comunicar os seus principais colaboradores.
O jovem elaborou uma nota de adiamento da campanha de limpeza que deveria acontecer no Dirico, sem consultar Ruth Alfredo Tenente, e salvou-a diante de outras entidades locais, “porque houve um esclarecimento”.
Para espanto dos membros do Conselho municipal da Juventude, Colino, que nunca foi membro da comissão executiva do MPLA, acabou por subir do nada. Os mesmos jovens acreditam que, Colino, agora que foi nomeado, será “engolido” pela administradora e vai manter-se mudo ante as roubalheiras e desmandos que estão em curso.