“Capapoeira” é o apelido com que as populações do Cuanza Sul “rebaptizaram” o governador provincial Job Castelo Capapinha, ou seja: “Capa” de Capapinha e “poeira” alusivo ao facto de ser considerado como um ludibriador, que promete muito e não cumpre nada, deixando os cidadãos a ver “poeira” e também pelo mau estado em que se encontram as vias rodoviárias da província, incluindo as da capital, cidade do Sumbe, que só pioraram desde que chegou à província
Japer Kanambwa
Desde que foi nomeado pelo Presidente da República, João Lourenço, para governador da província do Cuanza Sul, que o mesmo, logo de entrada, despoletou diversos escândalos, descritos como bastante “grossos”.
Job Capapinha já exerceu diversos cargos governamentais como o de ministro da Juventude e Desportos, governador da província de Luanda, entre diversos outros, para além de chefe do Movimento Espontâneo, um projecto do mais velho Justino Fernandes que acabou por “tomar de assalto”.
Por onde passa Capapinha não deixa saudades, não só pela sua arrogância, mas sobretudo pela incapacidade e/ou negligência com que desempenha os respectivos cargos para que tem sido nomeado, como descrevem analistas do cenário político angolano, que dizem não entender como é que um partido como o MPLA, experiente, recheado de indivíduos capacitados, que quer continuar no poder e a governar o país, comete tantos “erros de palmatória”, continuando a deixar que sejam nomeados incompetentes e trapaceiros para cargos relevantes no Governo, mesmo depois de provas dadas nesse sentido.
Indivíduos como Job Capapinha, ou “Capapoeira”, como agora é chamado no Cuanza Sul, mancham a imagem do partido, do Executivo e do país, irritando e decepcionando os cidadãos que, actualmente, deixaram de acreditar no partido que governa, nas promessas dos seus dirigentes e cada vez mais se vão pautando pela “cartilha” da mudança.
Mudança que tem sido a “bandeira” da oposição e o povo, diante do desempenho e mau trabalho de governantes da estirpe de “Capapoeira”, entre muitos outros, acreditam que sim, é preciso mudar, para que surjam novas ideias, outras capacidades, outras visões em prol do desenvolvimento do país e, consequentemente, melhoria de condições de vida e bem-estar para os angolanos em geral.
Por esses e muitos outros motivos, enquanto o MPLA alardeia que vai desferir um portentoso “KO” à oposição, o “feitiço pode virar-se contra o feiticeiro” e poderá ser o nocauteado nas próximas eleições gerais no que ao Cuanza Sul diz respeito e não só.
Job Castelo Capapinha, quando passou pelo Governo Provincial de Luanda, foi acusado de várias falcatruas, entre elas “engenharias” ligadas à apropriação e venda de terrenos em várias localidades e de casas nos Zangos, havendo mesmo um quarteirão no Zango 2 que a população denominou “casas do Capapinha”. Contudo, apesar de o homem ter saído pela “porta pequena” do palácio da Mutamba, “a culpa morreu solteira”.
Quando foi nomeado para o Cuanza Sul, o espanto foi enorme em meios da sociedade, bem como da opinião pública em geral. Não fazia sentido, o Presidente, que levantou a bandeira da luta contra a corrupção, o peculato, o nepotismo, a impunidade, entre outros, nomear para governar o Cuanza Sul alguém, com uma folha de serviços tão conspurcada.
Não foi preciso esperar muito tempo e logo começaram a ouvir-se diversas queixas de cidadãos que se diziam injustiçados por razões várias, alegando prepotência do governador Job Capapinha, que mal chegou ao terreno, sem avaliar ou conhecer situações locais, sem apelo nem agravo, impôs mudanças, fez e desfez, em prejuízo dos habitantes.
De fricção em fricção, logo veio ao de cima o caso do aluguer milionário das viaturas e casas para os vice-governadores. De imediato, atentos analistas perceberam que as coisas não andavam nada bem por aquelas bandas.
Entretanto, na sequência de vários acontecimentos, uma notícia abalou a sociedade. O jovem inspector provincial das Finanças, Rodrigues Eduardo, fora assassinado quando se deslocou a Luanda para resolver questões de trabalho e visitar a família.
Diversas opiniões alegaram que o inspector fora assassinado porque sabia demais, em relação às “engenharias” corruptas que eram praticadas no governo do Cuanza Sul. Na sequência de tal acontecimento, um grupo de funcionários do governo provincial, que afirmaram ser “militantes do MPLA de coração”, entre responsáveis, trabalhadores de base, seguranças, pessoal da limpeza e fornecedores de serviços, num documento tornado público, descreveram que conheciam, profundamente e em detalhes, a realidade e as acções da “má governação” de Job Capapinha, baseada no amiguismo, na má gestão, desvio de dinheiros do Estado e apropriação indevida de bens do Estado, “tudo dentro de uma promiscuidade que até envergonha(va) quem trabalha(va) na instituição”.
Os referidos funcionários acrescentaram que Job Capapinha transformara o governo do Cuanza Sul numa instituição vergonhosa que em nada ajuda(va) o desenvolvimento de Angola.
Que Capapinha fazia do palácio provincial um “bordel” e estava envolvido num “triângulo amoroso” com uma vice-governadora e uma outra senhora (cujos nomes se salvaguardou por razões óbvias), tudo à revelia de sua esposa. Contudo, o documento frisava que o envolvimento do governador com a vice, tinha episódios públicos que raiavam o descaramento e a pouca-vergonha.
Os denunciantes afirmaram ter em sua posse provas de todas as denúncias que faziam, alegando que tinham documentos dos desvios, entre outros. Entretanto, os mesmos acusaram també o sub – procurador provincial, Joaquim Macedo da Fonseca, de ser cúmplice do governador e “recebe bens, como meios de transporte, fazendas, dinheiro desviado que chega à sua casa pela porta dos fundos e recentemente até foi alistado para receber cabeças de gado bovino, cuja divisão tem sido feita nos bastidores em Luanda”.
Salente-se que, sobre este assunto do gado bovino, um caso que ainda está a dar que falar actualmente por alegada sobrefacturação aos custos reais, Angola recebeu na altura milhares de cabeças de gado provenientes do Tchad em alegado pagamento de uma dívida daquele país. Porém, diversos criadores do Cuanza Sul, província abrangida na distribuição do gado, queixaram-se de terem sido “esquecidos na distribuição”, afirmando que o gado foi partilhado entre governantes e seus compinchas.
Os funcionários afirmaram ainda que todas as queixas contra Job Capapinha iam dar em nada, porque o sub – procurador Macedo, entre outros dirigentes das estruturas judiciais, de defesa e segurança, incluindo a Polícia e o SIC, estavam mancomunados com o governador para usufruírem de benesses.
O escândalo dos cartões do Supermercado Maxi, “onde o governo gasta(va) mais de oito milhões de Kwanzas por mês só em compras para Job Capapinha e sua staff” foi outro caso que acabou por ser abafado.
Os funcionários apelaram então ao Presidente da República, à PGR, ao SIC, Polícia Nacional e às demais autoridades, especialmente ao general Fernando Garcia Miala, para que interferissem e pusessem cobro imediatamente aos desmandos que aconteciam no Governo do Cuanza Sul. Mas, até hoje, ficaram a ver “poeira”.
O povo já não quer promessas falsas; hoje por hoje é preciso falar e fazer de imediato. Promessas que só servem para atirar “poeira” aos olhos dos cidadãos, em vez de cegar está a deixar a visão mais clara.
A população do Cuanza Sul está seriamente agastada e promete dar o seu voto à oposição nas próximas eleições gerais de Agosto!