PCA da JEOSAT acusou os generais “Kopelipa”, Fragoso do Nascimento “Dino” e José Filomeno dos Santos, como figuras que se apoderaram dos fundos que seriam para a sua empresa, razão pela qual, os dois municípios de Luanda (Sambizanga e Cazenga) nunca foram objectos de requalificação
Santos Pereira
Carlos Rodrigues, PCA da JEOSAT, foi acusado de ter surripiado centenas de milhões de dólares do BESA (o falido Banco Espírito Santo Angola) que eram destinados à construção de uma vila (condomínio) para Antigos Combatentes que seria edificada no âmbito do projecto de requalificação do Sambizanga e do Cazenga. Contudo, a mesma nunca se concretizou, nem uma só casa foi construída, mas o dinheiro tomou um rumo desconhecido.
Entretanto, diante da pressão e acusações contra si, o PCA da empresa de construção Jeosat Angola , Carlos Martins Rodrigues, resolveu “atirar a bola para outro campo” e acusou, em Março de 2018, em conferencia de imprensa, realizada em Luanda, o general Manuel Vieira Dias “Kopelipa”, e seus colegas, de serem eles que se apoderaram de 750 milhões de euros destinados ao projecto de requalificação das obras do Sambizanga e Cazenga no geral.
Como disse o construtor na altura, tratou-se de uma garantia soberana que o então Presidente José Eduardo dos Santos, autorizara em Agosto de 2010, – em favor da JEOSAT – para construção de habitação barata e rápida e requalificar as zonas urbana de Luanda. Os fundos ficaram alocados no extinto banco BESA (actualmente Banco Económico), detido pelos generais Manuel Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, Leopoldino Fragoso do Nascimento, Manuel Vicente, e outros.
De acordo com as explicações de Carlos Martins Rodrigues , os colaboradores do antigo Chefe de Estado apoderaramm-se da garantia soberana dos 750 milhões de euros e fizeram levantamento desse dinheiro três vezes, o que perfaz a soma de 3,15 bilhões de dólares.
Rodrigues citou os generais “Kopelipa”, Fragoso do Nascimento “Dino” e José Filomeno dos Santos como figuras que se apoderaram dos fundos que seriam para a sua empresa, razão pela qual, os dois citados municípios de Luanda nunca foram objectos de requalificação.
Ainda segundo as suas acusações, a operação (de usurpação indevida dos fundos) foi autorizada pelo então ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, Carlos Maria Feijó, que na altura era igualmente responsável pelos pagamentos das dívidas do Estado, no governo.
Carlos Martins Rodrigues, revelou ainda que o ministro das Finanças de então, Carlos Lopes, agora no Fundo Soberano, terá faltado com a verdade alegando que a garantia soberana foi revogada/anulada por José Eduardo dos Santos, quando na verdade estava a ser levantada várias vezes (3 vezes) pelo grupo de colaboradores do antigo Presidente.
O empresário disse ainda que na altura recorreu à Procuradoria Geral da República, para fazer queixa de que os fundos para a sua empresa estavam a ser usados por terceiros, mas sem sucesso, porque o seu então titular da PGR, general João Maria de Sousa, arquivou e escondeu o processo – crime, sem nunca ter dado resposta. Por conseguinte, Carlos Rodrigues, acusa o ex-PGR de ser corrupto e desafiou-o a irem a tribunal para que se pudesse provar o que estava a falar em fórum judicial.
“Não entendemos porque que o PGR cessante se sente ofendido quando lhe chamam de corrupto, ele só não foi corrupto como legalizava a corrupção. No nosso processo, há muito tempo que estou a convidar-lhe para ir a tribunal e ele parece que não está muito interessado”, disse o empresário da Jeosat na altura.
O mesmo garantiu ainda que estava “documentado para lhe chamar corrupto em tribunal”, porque no seu ponto de vista a PGR era instituição que deveria defender os interesses do Estado e dos cidadãos. “Mas nem sequer se dignou a abrir um processo – crime”, reiteroi.
O empresário apelou também às instituições como o SIC, SINSE para investigarem as ligações do antigo PGR com diversas entidades ligadas ao BESA, mas nada foi feito.
Igualmente, afirmou que chamou a atenção do então Presidente José Eduardo dos Santos, comunicando-lhe sobre o roubo milionário mas este não soube agir.
“A sua inação perante o documento que tinha foi nos preocupando. Não tomou atitude de Estadista, nem se indagou do que estava a passar com o documento”, revelou Carlos Rodrigues acrescentando que ele e os seus colegas da JEOSAT “foram enganados pelo Presidente cessante”.
Em meios da sociedade civil, este assunto voltou à ribalta e espera-se que o actual PGR, Hélder Pitta Grós, no domínio de processos-crime em investigação, se estiverem de facto, tome uma atitude diferente da do seu antecessor. Contudo, não se acredita que tal seja possível considerando o que se tem constatado em relação ao suposto “combate à corrupção”!