Greve e manifestação contra despedimentos de sindicalistas e exploração na Carrinho Empreendimentos. Os trabalhadores em causa participavam no processo de criação de uma comissão sindical na empresa
Centenas de trabalhadores da empresa gestora da Reserva Estratégica Alimentar (REA) em Angola, a Carrinho Empreendimentos, cumprem há três dias uma greve contra o que chamam de “despedimentos ilegais, injustiças laborais e exploração de mão-de-obra”, soube a VOA em Benguela.
Vinte e quatro horas após uma manifestação à porta do estabelecimento, os grevistas voltaram a demonstrar solidariedade para com dois colegas despedidos por suposta participação num processo que deverá culminar com a criação de uma comissão sindical na empresa.
“Justiça laboral” e “fim de maus-tratos” foram algumas das palavras de ordem ouvidas na manifestação, com críticas à actuação dos colaboradores portugueses por “humilhação e ralhetes, tudo como se nós fôssemos cães”.
Os trabalhadores demitidos são José David e António André, rescpetivamente, coordenador e coordenador adjunto da comissão instaladora para uma representação sindical na Carrinho Empreendimentos.
O Sindicato da Indústria de Bebidas e Alimentos, por intermédio do seu líder, Mário Rodrigues, tem vindo a denunciar falta da vontade da entidade empregadora para a criação de comissão sindical, uma exigência da legislação.
A VOA está a tentar obter a versão da empresa, mas até agora não conseguiu.
Este clima de tensão surge com a Carrinho Empreendimentos, considerado actualmente como “um dos maiores empregadores do país” (acima de 1.500 funcionários), vista pela oposição e alguns observadores como parte do segmento empresarial entre as preferências do Presidente João Lourenço nos contratos públicos, na gestão administrativa e financeira da fábrica têxtil de Benguela.
Os zimbabweanos da Baobab, vencedores do concurso para a exploração da agora denominada Textaf, ficam apenas na parte técnica.
A Carrinho vai gerir, no quadro da REA, mais de 500 mil toneladas de bens alimentares importados.
Recorde-se que o Grupo Carrinho Empreendimentos tem sido acusada de ter “desviado produtos alimentares destinados ao Ministério do Interior e de gerência duvidosa da Reserva Alimentar Estratégica”. (Com VOA)