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Pesquisadores investem em biotecnologia na produção de cosméticos

por Redação

Sob comando de uma baiana e dois paulista, a Planty Beauty alia ciência, bem-estar e biodiversidade nos cuidados com a pele

Por: Joacles Costa

Resultado da parceria entre a biomédica baiana Mariana Silva, o químico paulista Otto Heringer e o farmacêutico Rodolfo Franco, a Planty Beauty é uma biotech de beleza que alia biotecnologia e ativos brasileiros na elaboração de produtos ecologicamente responsáveis, com a utilização de insumos mais limpos e naturais na produção de cosméticos.

“Juntamos a vontade de mudar a nossa história profissional ao desejo de tornar a biotecnologia acessível. Sugeri a área de cosméticos por conhecer e ser adepta de cuidados com a pele e, assim, surgiu a ideia perfeita: entregar cosméticos e divulgar a ciência. Com a Planty, a gente entrega biotecnologia no cotidiano das pessoas. De uma forma simples e tangível, as pessoas podem tocar e sentir. Tudo fruto de conhecimento científico”, explica a biomédica Mariana Silva, sobre o surgimento da Planty.

Com um hidratante facial produzido à base de ácido hialurônico vegano – que diferente do produto mais comum extraído de fontes animais, utiliza bactérias para produção do ativo -, a Planty Beauty entrega ciência, arte e tecnologia aos consumidores. O intuito, além de disseminar a responsabilidade ecológica que cada indivíduo tem com o meio ambiente, é apresentar a ciência de forma ampla e tangível através da biotecnologia.

Elaborado em parceria com o cosmetólogo Rodolfo Franco, o primeiro produto da Planty Beauty contém ativos naturais que, juntos, atendem à necessidade da diversidade da pele brasileira. O produto é composto por extratos de guaraná, caju, babosa, aveia com pantenol (vitamina B5) e o ácido hialurônico produzido de forma biotecnológica e desponta como queridinho para os cuidados diários com a derme. “É importante lembrar que fizemos uma parceria com a marca Bold Strap, que desfilou no SPFW. Nosso hidratante fez parte da beleza da marca assinada por William Cruzes. Os maquiadores amaram o efeito de glow natural na pele e recebemos ótimos feedbacks”.

Para a sociedade, a vantagem vai muito além da preservação ambiental – que por si só é motivo suficiente para a disseminação de novas produções e ideias -, a Planty Beauty tem uma preocupação também com os produtos que chegam até as pessoas. Mesmo com a participação de empresas que usam insumos naturais, a indústria química ainda é a principal fornecedora de matérias primas para cosméticos em geral, então ainda são encontrados muitos itens com petrolatos e parabenos, por exemplo.

“Além de fornecer produtos mais limpos e sustentáveis, a gente tem uma preocupação em mitigar o extrativismo do ponto de vista exploratório. Entendemos que a monocultura é importante para algumas comunidades, mas a nossa maior preocupação é quando isso ocorre em escala de demanda comercial. O quão sustentável é essa produção natural? Na Planty a gente quer questionar isso e mostrar como a biotecnologia pode tornar esse processo escalável e sustentável ao mesmo tempo”, explica a biomédica.

Para o futuro, o trio responsável pela Planty Beauty tem como objetivo não apenas expandir a startup para outros países, mas também acelerar a produção dos cosméticos biotecnológicos, junto a isso, a marca busca discutir ciência de forma simples e acessível. “Já iniciamos nosso plano de expansão da marca no Brasil, mas os nossos planos de crescimento envolvem também a expansão para a América Latina e do Norte. Vamos mostrar ao mundo que o Brasil é samba, mas que também fazemos ciência e biotecnologia de ponta”, finaliza Mariana Silva.

A história que impulsiona a marca

Ser cientista no Brasil definitivamente não é uma tarefa fácil! Quando você realiza um recorte por gênero (feminino) e raça (negra), é praticamente impossível encontrar alguém que associe a figura de uma mulher negra à ciência, sobretudo em relação a descobertas e inovações. Mas o cenário está mudando. A passos curtos e tímidos, somos apresentados a novos nomes e referências, como a biomédica Mariana Silva.

Mestranda pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) no programa de Ciências Médicas, Mariana Silva atua há 6 anos na área de negócios e pesquisa científica. Ela reuniu todo seu conhecimento junto ao desejo de transformar a produção de cosméticos através da biotecnologia para fundar a Planty Beauty.

CEO da startup, Mariana conta que a consolidação como cientista foi uma relação de “tapas e beijos” com o universo acadêmico, mas que todo o processo tem sido bastante proveitoso. Natural de Salvador, na Bahia, a biomédica possui um currículo com diversas experiências nacionais e internacionais, realizou um intercâmbio no Canadá pelo programa Ciências sem Fronteiras na University of Manitoba como aluna visitante na área de Ciências.

Junto ao sócio, o químico Otto Heringer, Mariana acredita que através da Planty Beauty é possível apresentar uma nova forma de aproveitar os recursos naturais, sem a degradação e impactos gerados pela indústria química que fornece boa parte dos insumos para os produtos que são comercializados atualmente.

“Na Planty nossa maior motivação é ser a empresa que leva a ciência brasileira e sua inspiração na riqueza da nossa biodiversidade a ser conhecida no mundo todo. Queremos atender às necessidades atuais da indústria da beleza, produzir produtos exclusivos, inovadores com efeito real e de forma ecologicamente responsável”, finaliza a biomédica.

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