A terceira sessão legislativa da quinta legislatura da Assembleias Nacional, começa no próximo dia 15 de Outubro e, como tem sido habitual, o Presidente da República, João Lourenço, proferirá mais um discurso analítico do Estado da Nação.
Tal como aconteceu no discurso anterior, proferido a 16 de Outubro de 2023, um dos sectores que merecerá uma grande atenção do Chefe de Estado, entre outros importantes assuntos da actualidade, será sem dúvidas o da Energia e Água.Recorde-se que, anteriormente, o Presidente da República destacou os progressos feitos no domínio da energia que estão a ter impacto directo na vida dos angolanos.
Actualmente, o país tem uma capacidade instalada de 6 .283 megawatts para responder a uma demanda que regista um consumo actual de 2.375 megawatts, havendo a necessidade de priorizar mais o investimento nas redes de transmissão e distribuição de energia, assim como nas ligações domiciliares.
A matriz eléctrica nacional comporta 59,79% de energia hidro-eléctrica, 35,74% de energia térmica, 3,81% de energia solar e 0,57% de energia híbrida, ou seja, 63,6% da energia produzida em Angola é energia limpa de fontes não poluentes, portanto amigas do ambiente.
O projecto de Interligação Nacional permitirá que a capacidade de produção existente na região norte seja escoada para outras regiões do país, reduzindo a produção com recurso a combustíveis fósseis e a redução dos custos operacionais com combustíveis e manutenção, contribuindo também para a sustentabilidade ambiental.
Assim, estão interligadas as regiões Norte e Centro, beneficiando um total de dez províncias, estando em curso o projecto para interligação da região sul e da região leste.
Para concretizar a interligação do Norte ao Leste, será construida a linha de transmissão Malanje-Xá-Muteba-Saurimo.Quando se construir a linha de transmissão Dundo-Lucapa-Saurimo-Camanongue, estarão interligados os sistemas Norte, Centro, Sul e Leste, passando quase todo o país a utilizar a energia produzida pelo Ciclo Combinado do Soyo, pelas barragens hidro-eléctricas de Laúca, Cambambe e Capanda, já interligadas e futuramente reforçadas com a energia a ser produzida pela maior delas, a barragem de Caculo Cabaça, quando ficar concluída e entrar em funcionamento.
A electrificação rural é um facto cuja taxa de electrificação tem vindo a aumentar gradual e solidamente ao longo dos últimos anos, tendo saído de 36% em 2017 para 43% no I trimestre de 2023, pretendendo chegar a uma taxa de electrificação de 50% em 2027.
Ter mais energia vai passar ainda pela construção de parques fotovoltaicos em várias localidades.Assim, foi concluído o parque solar do Caraculo, na província do Namibe, com uma capacidade de 25 megawatts, devendo, nos próximos tempos, ser ampliado para 50 megawatts, estando em construção mais cinco parques fotovoltaicos em diferentes províncias. Outros 100 megawatts de energia limpa estarão disponíveis em 2025 coma conclusão da Central de Energia Fotovoltaica da Quilemba, na província da Huíla.
Até 2027 será concluido um amplo programa de electrificação rural, já em curso, para levar energia eléctrica ao campo com o emprego de energia fotovoltaica em várias províncias, num total de 126 localidades para beneficiar cerca de 3 milhões de angolanos.
Em relação a água o Titular do Poder Executivo destacou, entre outros, a construção do novo sistema de abastecimento de água do BITA que prevê inicialmente a captação de 3 mil litros de água por segundo, associado a um sistema de adução e rede de distribuição que beneficiará cerca de 2,5 milhões de habitantes na região sul da província de Luanda.
Há ainda a construção do novo sistema de abastecimento de água do Quilonga com uma capacidade inicial de captação de 6 mil litros de água por segundo, associado a um sistema de adução e rede de distribuição que beneficiará cerca de 5 milhões de habitantes também de Luanda.
Decorre, igualmente, a reabilitação e a ampliação dos sistemas de abastecimento de água em várias capitais de província e a construção de novos sistemas em várias sedes municipais e comunais, particularmente onde se regista grande crescimento populacional.Está prevista ainda a construção de novas ligações domiciliárias em Caxito, Ondjiva e Saurimo e a ampliação da rede de distribuição de água nas províncias do Moxico, Namibe e Lunda Norte.
Quanto à situação da seca no sul do país, que ainda requer uma atenção especial, o cenário desolador anterior está a mudar, fruto dos importantes investimentos que têm sido feitos em infra-estruturas.
Cerca de 250 mil pessoas e 240 mil cabeças de gado já beneficiam da água que o canal do Cafu oferece desde Abril de 2022 e que armazena e distribui a mesma numa extensão de 165 Km.
No âmbito do Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul de Angola em particular na província do Cunene, decorre a construção da barragem do Calucuve com capacidade de armazenamento de 141 milhões de metros cúbicos de água e o seu canal adutor com cerca de 111 Km de extensão.Ao mesmo tempo, está também em construção a barragem do Ndue com capacidade de armazenamento de 170 milhões de metros cúbicos de água e o seu canal adutor com cerca de 75 Km de extensão.
Definitivamente, a vida das populações do Cunene nunca mais será a mesma, sobretudo a partir do final de 2024, altura em que estes dois grandes projectos serão concluídos, se não surgirem grandes constrangimentos, sublinhou o Chefe de Estado.
O combate à seca no sul do país envolve ainda outros projectos que se espera iniciar brevemente, nomeadamente a recuperação e o desassoreamento de 43 barragens na província do Namibe, a construção das grandes barragens do Carujamba, do Inamangando, do Curoca II, do Giraul, do Bero e do Bentiaba também no Namibe, bem como o projecto de investigação e aproveitamento das águas subterrâneas no aquífero da Chela, na Cidade do Lubango. (J24 Horas)