Desta feita, o general dos “balneários milionários”, José Tavares, que “limpou” dez milhões de dólares do Estado angolano, foi apanhado com “a boca na botija” quando pretendia sair do país com 250 mil dólares na bagagem
A sociedade angolana em geral, principalmente as famílias mais carentes, encontra-se num estado de penúria lastimável, num país reconhecido mundialmente como potencialmente rico. O custo de vida aumentou de forma atroz nos últimos dias, sem que haja contrapartidas que amenizem o facto e possibilitem os cidadãos, que se confrontam também com um nível acentuadíssimo de desemprego, sobreviverem com alguma dignidade.
Isto é, se passar fome sem saber onde encontrar, ou poder comprar, algo para comer, tem alguma dignidade.
Mas quem não tem mesmo dignidade alguma são os governantes e aqueles que estão junto deles por razões mesquinhas, que mesmo diante do sofrimento da população, ostentam riqueza e cada vez mais vão subtraindo, em detrimento do país, o erário, em benefício próprio, de suas famílias e comparsas, como tem sido propalado por diversas fontes informativas a nível nacional e internacional.
Recentemente, antes, da subida do preço da gasolina, que alegadamente não passou de um “truque” do executivo para camuflar a verdadeira razão para a subida do custo de vida no país, ao que consta e está a ser amplamente difundido por diversas fontes, é que os cofres do Banco Nacional de Angola (BNA) estão vazios de divisas.
As divisas que geralmente são obtidas através da produção e venda das riquezas naturais, como o “santo” petróleo, os diamantes, o ouro, os granitos e diversos minérios, a madeira, os frutos do mar, entre muitas outras coisas, simplesmente volatilizaram-se.
Não havendo divisas que sustentem a moeda nacional, o kwanza perde valor. Por este facto, nos últimos dias, o kwanza perdeu a maior parte do seu poder e está a ser apontada, a nível internacional, como “a moeda mais fraca” de África.
Só no passado mês de Maio caiu 21%, a pontos de que pequenos países africanos considerados os mais pobres, estarem com moedas mais fortes. Os angolanos já dizem que o kwanza é a moeda “mais burra” de África, quiçá do mundo.
Há cerca de um mês, o kwanza estava a ser comercializado a 637.30 Kz por dólar americano, contra os 506 kwanzas por dólar, registados em Maio. A moeda angolana tinha estado a ser comercializada entre 502 e 506 kwanzas desde Novembro do ano passado. Actualmente, o dólar já está acima de 700 Kz.
Como consequência, a queda do valor do kwanza está a aumentar a inflação, que caiu de 27,7% em Janeiro de 2022 para 10,6% em Abril de 2023, continuando a decair, e vai fazer subir também o custo do pagamento das dívidas angolanas que, como se sabe, têm que ser pagas em dólares.
A opinião pública tem referido de forma reiterada que o fenómeno da desvalorização constante do kwanza é obra dos detentores do poder no país, que sugam tudo. O BNA tem sido o “chafariz” onde, por “engenharias mágicas”, acarretam todas as divisas que depois tomam caminhos ínvios, que beneficiam outras latitudes, outros interesses, menos os dos angolanos.
Recorde-se o episódio do major Lussaty, as dezenas de malas abarrotadas de dinheiro, sobretudo divisas, encontradas em casa, em porta-bagagens de viaturas e outros. Considera-se que muito mais haverá ainda em parte incerta. É apenas um episódio de uma “novela” muito longa, com os episódios a desenrolarem-se nos bastidores das elites do poder.
O erário é roubado sistematicamente, os valores são escondidos em bancos comerciais, nas caves das suas residências, em contentores guardados em quintas, fazendas e no estrangeiro. Quem sabe bem disso é o actual ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano.
Os governantes, entre outros membros das elites do poder, negam os factos, constroem cenários, gritam aos “quatro ventos” que são os melhores patriotas, que são os melhores governantes, que se sacrificam pelo povo, entre as maiores patranhas, enganam tudo e todos, mas na realidade são eles que estão a desgraças o país e a matar os cidadãos.
Como mais um exemplo, de acordo com informações postas a circular, o general José Ferreira Tavares (amigo e alegado protegido do Presidente da República, João Lourenço) foi apanhado, na última sexta-feira, 30 de Junho, por volta das dezassete horas e quarenta e cinco minutos, na sala do Protocolo do Estado do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda, com 250 mil dólares, quando se preparava para embarcar para o Dubai – Emirados Árabes Unidos, apurou O Kwanza de fonte segura.
Segundo as notícias, as autoridades migratórias desconfiaram quando pediram ao general José Tavares Ferreira que abrisse a sua bagagem para inspecção de rotina, tendo encontrado o valor de 250 mil dólares.
Na ocasião, o general Tavares alegou que “iria de trazer autorização do BNA, que o autoriza a sair com os valores para o exterior do País, de seguida foi até a sua viatura e foi embora, deixando as bagagens e os seus escoltas”.
Analistas afirmam que, pela naturalidade com que José Tavares pretendia sair com tal volume monetário, significa que está habituado a fazê-lo e já terá levado para o exterior muitos milhões.
O facto de ser general, com ligações à Presidência da República, intimida os agentes em serviço que o têm deixado passar com a maior facilidade. E o mesmo acontece com outros membros das elites do poder. Desta vez “o tiro saiu-lhe pela culatra”.
Recorde-se que o general José Ferreora Tavares, antigo presidente da Comissão Administrativa de Luanda, ficou “famoso” com o caso dos “balneários milionários”, que lesou gravemente o Estado em dez milhões de dólares e não saiu nada!