O governador provincial do Cuando Cubango, José Martins, foi chamado recentemente a Luanda pelo Bureau Político do MPLA, pelo facto de querer efectuar mexidas com teor tribal. Saiu “molhado” e não poderá efectuar as exonerações que o seu grupo pretende. Assim, terá de esperar até Setembro, caso for reconduzido no novo governo
Domingos Kinguari
O Jornal 24 Horas online apurou que José Martins teria dado garantias ao seu “bando” de “tribalistas” que as exonerações deveriam acontecer até ao final do corrente mês. Com o “chumbo” do Bureau Político não terá como fazer para “acomodar” os intriguistas e bajuladores que já foram quadros do governo provincial na era de Higino Lopes Carneiro, Pedro Mutindi e de Júlio Bessa e que nada fizeram senão apenas delapidar o erário público.
Uma fonte local afirma que seriam feitas dezanove movimentações, que os quadros apelidaram de “selecção dos tribalistas” da governação de José Martins, que foi nomeado em Novembro passado, antes do congresso dos camaradas. Seriam estes que estariam no comando quando da disputa do eleitorado no Cuando Cubango para as eleições de Agosto próximo. Porém, os eleitos de José Martins para assumirem cargos de direcção terão ficado com um “sabor amargo” na boca, pois não foi desta.
A fonte refere que o governador, quando foi nomeado, estava mais preocupado em olhar para as listas de nomeações, enquanto que a oposição, sobretudo a UNITA, e também o PRS, têm tido hegemonia na província, deixando o MPLA ofuscado e sem muito espaço de manobra, tudo porque o governador confiou as suas actividades a tribalistas, bajuladores e incompetentes que não fazem nada senão usurpar dinheiro do erário público.
A oposição, explica a fonte, “cresceu muito em Menongue e está a deixar o MPLA à deriva, porque os projectos sociais, sobretudo do PIIM, ainda não receberam do Ministério das Finanças as verbas que já deveriam ter sido entregues desde o princípio do ano passado; tanto mais é que as verbas para o combate à fome e a pobreza apenas foram entregues em Abril de 2021; mas não se justificam as causas nem para onde vão as verbas. São valores orçamentados e aprovados pelo Orçamento Geral do Estado. A ministra deve também ser responsabilizada por estar a permitir a ascensão da UNITA no Cuando Cubango, e falta pouco tempo para o pleito”, alerta.
“Voltando ao assunto dos tribalistas, é que os mesmos não têm visão política, são inexperientes na vida político-partidária política, e se o governador insistir na sua teimosia, apesar do chumbo do Bureau Político, estes ‘inúteis’ não conseguirão fazer frente a UNITA; aliás já estão a ver ‘abelhas’ a passar por eles, e os maninhos têm tido muita aceitação desde que José Martins foi nomeado governador do Cuando Cubango”, reforçou a fonte.
Um exemplo do citado tribalismo que está a tomar conta do governo do Cuando Cubango, acrescenta a fonte, é o de Afonso Marity Mukanda, filho de João Fernando Mukanda; os dois, pai e filho, foram nomeados para o governo provincial com base em nepotismo e bajulação, e ocupam os cargos de director adjunto e de director do gabinete do governador.
José Martins confia a governação a trapaceiros e ladrões
A fonte que temos citado, descreve uma longa lista de situações, salientando que Santiago Malaquias, ex-administrador do hospital – geral de Menongue, é dado como mestre em adjudicar obras com pagamentos duplos e sem prestação de serviços. Ernesto Cativa é tido como o ideólogo das ideias tribalistas e sem projecto de união. Benjamim Ndumba João, um embusteiro que espera ser nomeado administrador municipal. Nelson Armando, sem habilitações literárias, que saiu do ensino de base para a universidade, continua sem dar conta da escrita e poderá ser indicado como director provincial do SIC/Menongue. Matestona da Costa, especialista no crime de peculato, e também é perito em assédio sexual às munícipes. Severino Sawanda, de origem umbundu mas que ataca os seus conterrâneos, anda perdido e sem eira nem beira na JMPLA, é um autêntico trapaceiro, ‘micheiro’, faz-se passar por advogado e recebe honorários sem honrar os seus compromissos.
Assegura ainda que, Gabriel Ulonga, uma “sobra” da “dinastia” de Júlio Bessa só vê “assombrações”. Tchiesso, é outro que anda ao “sabor do vento” e não tem ideias concretas. Francisco Manjolo, caduco no tempo e no espaço, é uma pessoa distruidora de lares e ‘garimpeiro’ de gema. Ocupou uma extensa fazenda em Mavinga, mas não entende nada de cultivo, nem na aldeia onde nasceu. Faz apenas garimpo de diamantes e não paga impostos ao Estado. Ele ocupa uma parcela há cinco anos, onde o finado Jonas Savimbi explorava diamantes. Na lista do governador , está previsto para ocupar o cargo de director provincial da IGAE.
Francisco Manjolo foi administrador do Cuangar no tempo de Higino Carneiro e foi exonerado por Júlio Bessa. Construiu residências com o dinheiro do erário público no Rundu, antigo bastião da UNITA, que está a voltar paulatinamente às mãos dos ‘maninhos’, na República da Namíbia, garante a fonte.
Descreve também que António Smith Mukanda é o dono do slogan discriminatório: “Mukwakwizas (ou seja, provenientes de outras regiões) no Cuando Cubango devem ficar fora da governação e devem ser apenas empregados”. Pedro Domingos Luanda, apelidado por “maninho dos chifres de rinoceronte”, já fez alguns bons saques ao erário público, assim como patrocina a caça furtiva de elefantes no parque nacional de Luiana e Rivungo para retirar o marfim. Está também metido em negociatas ilegais de madeira, sobretudo as espécies proibidas, como a mussive, vendendo-a a vietnamitas e chineses a preços chorudos, mas nada lhe acontece.
Afonso Ndala, é conhecido em Menongue como o “tio sem juízo”, que adora as miúdas novas, vulgo ‘catorzinhas’, mesmo sendo do conhecimento do INAC, do SIC e da PGR, não é presopelo crime de abuso sexual de menores. Anda impune e continua a praticar os mesmos crimes, além de que também é useiro e vezeiro no crime de assédio sexual, ou seja, adora envolver-se com as funcionárias das administrações municipais eleitorais.
Tiago Nunda, engolido pelo culto de personalidade e mestre na bajulação desde o tempo em que militou na JMPLA, “endeusa” agora o governador provincial José Martins. Mirko Makay, projectado na base da violação da lei de probidade pública, familiar directo da ex-vice – governadora, a conhecida “titia sem ideias”, tribalista de gema pertencente a etnia do Kuito Kuanavale, é conterrâneo de José Martins. Tiago Nunda é proprietário de uma empresa que presta serviços ao centro de quarentona institucional no bairro Tucuve. Faz a confecção de alimentos, a limpeza e garante a segurança da mesma instituição. O indivíduo é acusado de ter desviado testes rápidos para farmácias e clinicas que estão sediadas no Bié, Huíla, Huambo e Benguela.
A fonte alerta que o actual director provincial da saúde de Menongue, nomeado recentemente pelo governador provincial, é um malandro que não goza de boa saúde mental, confunde tudo, troca os nomes do pessoal que concorre nos concursos públicos daquele órgão, retirou o único médico que se encontrava no interior para a capital da província, a seu belo prazer, deixando as populações sem qualquer técnico de saúde.
Trapaceiro justifica: “Os cargos não são vitalícios”
O já citado Pedro Domingos Luanda, um dos ‘trapaceiros’ que enriquece de forma fraudulenta no Cuando Cubango, reagiu à primeira notícia publicada por este Jornal no passado dia 12 de Janeiro, no whatsapp do Jornal na Mira do Crime. Transcrevemos o seu desabafo, alegando que «tudo é mentira! – Os cargos não são vitalícios. É do direito do governador nomear e exonerar, escolher com quem deve trabalhar, atendendo as novas dinâmicas e os novos desafios», justifica.
Em seu entender, «os autores desta carta são os piores bandidos, intriguistas, que só gostam de desestabilizar as coisas. Deixem o homem trabalhar», enfatiza.
Entretanto, contactamos o director provincial do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Cuando Cubango, mas não obtivemos êxito.