Nos últimos tempos, uma certa imprensa portuguesa, tida como “salvadora da pátria”, diante de factos incontornáveis, tem feito de tudo para “limpar” a imagem de Portugal pelo envolvimento com a corrupção e Álvaro Sobrinho tem sido o alvo preferido
Santos Pereira
O banqueiro Álvaro Sobrinho, antigo PCA do Banco Espeírito Santo Angola (BESA) continua a ser alvo de acusações por parte de alguma imprensa portuguesa, que volta e meia vão levantando assuntos que já foram exaustivamente debatidos em sede própria e outros que, a estarem a ser realmente investigados, deviam ser respeitados enquanto segredo de justiça.
Segundo conceituados analistas, Portugal tem sido reiteradamente apontado internacionalmente como a “lavandaria” dos corruptos angolanos, atendendo a enorme promiscuidade dos sistemas político, financeiro e judicial português com a corrupção em Angola.
“Portugal foi a ‘lavandaria’, aliás, há vários anos que Portugal tem servido como ‘lavandaria’ para fundos ilícitos provenientes da corrupção em Angola, evidenciando que este tipo de criminalidade transcende as fronteiras nacionais em detrimento dos angolanos”, referiu recentemente o jurista angolano Salvador Freire.
Nos últimos tempos, uma certa imprensa portuguesa, tida como “salvadora da pátria”, diante de factos incontornáveis, tem feito de tudo para “limpar” a imagem de Portugal pelo envolvimento com a corrupção, sendo a fonte principal de branqueamento do capital que foi roubado em Angola por décadas, apesar de as autoridades portuguesas saberem que se tratava de “dinheiro sujo”.
A este propósito, com base no mui badalado caso da falência do BESA, de que o sistema português não é alheio, tal como foi dito pelo director de supervisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), ao aludir que os procedimentos de auditoria realizados no BES Angola teriam de estar explicitados nos memorandos da KPMG Portugal e ter impacto na emissão de parecer às contas consolidadas do Grupo BES.
A CMVM condenou a auditora por práticas como falta de documentação adequada dos procedimentos de auditoria realizados no BES Angola, em particular quanto à prova obtida sobre o crédito a clientes numa unidade que relevava para as contas consolidadas do BES.
No meio de tanto embróglio, o alvo preferido dos “salvadores da pátria” tem sido Álvaro Sobrinho que é usado como “bode expiatório” para deturpar a realidade dos factos e as falhas cometidas pelo próprio sistema bancário português.
Ao que consta, no entendimento da CMVM, a documentação deficiente da informação relativa ao BESA inviabilizou a cabal compreensão das contas consolidadas do BES, considerando que a auditora não documentou “factos importantes que eram do seu conhecimento”, não incluiu reservas e prestou informações falsas, e que o fez deliberadamente.
A imprensa portuguesa, em vez de cingir-se ao que realmente se tem passado, prefere apegar-se a insinuações, acusando que negócios e proventos financeiros de Álvaro Sobrinho seja produto do desvio que levou o BESA à falência, entre outras especulações.