Início Política Activista acusa polícia de espancamento brutal e de agir ao arrepio da lei

Activista acusa polícia de espancamento brutal e de agir ao arrepio da lei

por Redação

A Polícia alegou “ordens superiores” para evitar o contacto entre os jovens do auto-denominado Movimento Revolucionário de Angola e o seu mandatário judicial

Agentes da Polícia Nacional de Angola (PNA) são acusados de terem espancado brutalmente um de sete activistas que foram a julgamento sumário na quarta-feira (06), no Lobito, província de Benguela, por suposto crime de ultraje e ofensa à autoridade pública numa manifestação em que clamavam por “verdadeira paz” no país e contra a falta de água na cidade.

De acordo com o jurista Hugo Calumbo, que diz ter testemunhado as detenções, a Polícia alegou “ordens superiores” para evitar o contacto entre os jovens do auto-denominado Movimento Revolucionário de Angola e o seu mandatário judicial.

“Eu mesmo vivo no Lobito há sete anos, nunca beneficiei do tão propalado programa ‘Água para Todos’ e a falta deágua foi um dos motivos da reivindicação”, disse.

“Aproveitamos, já agora, para lamentar o facto de agentes terem dito que tinham ordens expressas para evitar a entrada do advogado nas celas, é grave , tudo ao arrepio da lei”,disse. Calumbo, frisando que “um deles foi gravemente espancado, desde a sua detenção até à unidade policial, o que lamentamos e reprovamos, e alertamos aos agentes policiais que deter não é maltratar”, aludiu.

A VOA procurou a versão do Comando Provincial de Benguela da Polícia Nacional, mas sem sucesso. Porém, em queixas anteriores, também ligadas a manifestações, o referido comando tem sugerido sempre que os supostos ofendidos apresentem queixa-crime. À hora em que se expedia esta peça, não era conhecida a decisão do julgamento.

Já antes da manifestação, munícipes das cidades do litoral, Benguela, Lobito, Catumbela e Baía Farta, vinham criticando, como ainda se verifica, a crise no fornecimento de água, que leva já mais de duas semanas.

“Isso vai mal, temos de acordar às três da manhã para aproveitar água. Subimos montanhas, pagamos para ter um balde”, lamenta Laura, uma jovem do bairro da Taca, ao passo que Ducha, moradora do Vimbalambi, acrescenta que “é muito sofrimento, o Governo deveria ver isto”.

O programa integrado de obras emergenciais para a província, em curso desde Janeiro, tem reservados 80 milhões de Euros para tapar lacunas identificadas no sistema de distribuição de água.

A meta, de acordo com o vice-governador provincial para a área técnica e de infra-estruturas, Adilson Gonçalves, é repor níveis perdidos ao longo de dez anos, justamente por falta de investimentos. (In VOA)

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