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por Redação

Num novo ciclo governativo liderado por João Lourenço, depois das eleições gerais já à porta, meios competentes da sociedade atentos ao desenrolar do processo eleitoral em curso e do cenário político nacional ao longo dos tempos, chamam a atenção para o facto de haver melhor escolha na nomeação dos governadores provinciais a quem culpam, em grande parte, de serem os responsáveis das grandes falhas da governação que atrasam o país em todos sentidos e criam a fome, a miséria e o descontentamento da população   

Japer Kanambwa

Ao longo dos tempos, muito se tem falado e criticado sobre o comportamento negativo e o mau trabalho de muitos governadores provinciais. São poucos os que têm trabalhado de facto em prol do desenvolvimento geral das suas circunscrições, para o bem-estar das comunidades e das famílias, bem como pelo progresso e engrandecimento do país no seu todo.

Alguns governadores, aludem os analistas, “quando assumem o cargo, tomam atitudes despóticas, de tiranos cruéis, comportam-se como líderes de gangues mafiosas e assassinas, não se importam com nada, não querem saber se o povo come, se está doente, se há água ou energia eléctrica, se as estradas estão conservadas ou precisam de manutenção, não sabem à quantas anda a produção e o que se faz ou não no sentido de se contribuir para o crescimento económico nacional”, entre muitas outras negligências.

Para os analistas, esses indivíduos, ditos governadores, “só passam o tempo em que estão no ‘poleiro’ a gastar energias com ‘engenharias’ maquiavélicas, com esquemas monstruosos de delapidação do erário, enganando tudo e todos, principalmente o pacato cidadão, trabalhador, abnegado e sofredor”. Assim tem sido ao longo de muitos anos, desde os tempos de guerra e, infelizmente, vai continuando.

A situação é tão drástica e evidente, pelo que se assiste até em províncias que há bem pouco tempo ainda “brilhavam” e hoje perderam a luminosidade, estão a regredir a cada dia, estão numa lástima, incluindo a própria capital do país, a cidade de Luanda, hoje apelidada como “cidade do lixo”. Imagine-se que até a limpeza, saneamento, manutenção de espaços verdes, jardins e de monumentos históricos, culturais e/ou turísticos, tem sido o “calcanhar de Aquiles” que, sai govenador entra governador, ninguém, nem a nível central, pois o governo central mora e trabalha em Luanda, consegue resolver. Grande parte das estradas de Luanda, com destaque para as secundárias e terciárias estão num estado pior que “caminhos de elefantes”, tal é a degradação, os buracos e a falta de saneamento.

A este propósito, os analistas referem que a escolha, pelo Presidente da República, dos seus colaboradores directos no seu primeiro mandato, terá deixado muito a desejar. Foi enganado, induzido em erro e, “como se não bastasse, em diversas ocasiões levaram-no a análises e procedimentos em contramão com as prometidas linhas do seu programa de governação”.

 Neste sentido, no que toca a governadores provinciais tem que haver maior rigor na nomeação de quem vai governar esta ou aquela parcela do território nacional. Não basta “vestir a mesma camisola”, tem que haver competência, conhecimento do país, do histórico local e nacional e, sobretudo, vontade em fazer, empenho, sabedoria e patriotismo.

Muitos dos actuais governadores provinciais não são benquistos pelas populações das províncias que governam, são contestados e mesmo odiados. Há quem esteja há demasiado tempo à frente dos destinos de uma província e não há nenhum sinal de progresso, só há contestação, lamentos e miséria. Outros que estão a menos tempo, alinham na mesma esteira, mal chegam começam logo por tomar atitudes contraproducentes, mesquinhas e, em vez de trabalho que resulte em melhorias, só criam desmandos, enganam o povo, ludibriam o titular do Poder Executivo e apoderam-se dos recursos do Estado.

O exemplo mais citado nos últimos dias é o de Ernesto Muangala da Lunda Norte, Norberto dos Santos “Kwata Kanawa” de Malanje, Gonçalves Muandumba do Moxico, José Martins do Cuando Cubango e Job Capapinha, do Cuanza Sul. De acordo com as fontes citadas “ao longo dos tempos em que se encontram na direcção dos destinos daquelas parcelas de Angola, uns mais antigos que outros, o povo tem clamado pela sua “remoção”, não sendo, no entanto, atendidos”. A sociedade civil apela ao Chefe de Estado para que, em caso de reeleição, substitua  estes elementos por quadros capazes e comprometidos realmente pelo desenvolvimento do país e bem-estar das populações.

Na mesma linha negativa segue-se José Carvalho da Rocha, governador da província do Uíge. Anteriormente, recordam os analistas, “enquanto ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, José Carvalho da Rocha foi protagonista do maior fiasco de todos os tempos, com o caso do bastante estranho desparecimento em órbita daquele que foi exaustivamente propalado como o primeiro satélite angolano, denominado ANGOSAT 1”.

Pelas notícias que circularam quando foi nomeado pelo Presidente da República, João Lourenço, para o cargo de governador da província do Uíge, em substituição do falecido Sérgio Luther Rescova, a sociedade em geral, principalmente os cidadãos uigenses, não receberam de bom grado a informação, pelo que, em pouco tempo, já clamavam para que José Carvalho da Rocha fosse exonerado. A sua manutenção na liderança daquela província irá afundá-la ainda mais. “Os cidadãos consideraram mesmo que se Rocha não ser afastado, fruto das suas actuações negativas, é o nome do Presidente João Lourenço que estará em causa enquanto titular do Poder Executivo”, alertam, acrescentando que “o tempo é de decisão, se João Lourenço quer ser poder, além de ter títulos, tem de agir e demitir esses governantes, criando uma equipa que seja responsável e isenta, que responda por ele, em vez de o embaraçar”.

Para a província do Uíge, em substituição de José Carvalho da Rocha, os analistas sugerem o deputado José Maria Ferraz dos Santos, que já governou com brio a província vizinha do Cuanza Norte. Este é também o desejo dos uigenses, atendendo que José Maria é natural daquela província.

Mara Quiosa, governadora da província do Bengo, não se deu bem pelas terras do “Jacaré Bangão” e, durante a sua administração, foram apontadas oscilações entre o positivo e negativo. Contudo, também lhe serviu para adquirir maior experiência e traquejo para a catapultar para novos desafios.

Assim sendo, Mara Baptista Quiosa é apontada como a provável substituta do contestadíssimo Norberto dos Santos “Kwata Kanawa” no cargo de governador de Malanje.

Outro governador que é malquisto pelas populações locais é o da província do Zaíre, Pedro Makita Júlia, acusado de só estar a “encher”, desde que foi nomeado o que mais sabe fazer é “aquecer” o cadeirão principal do governo provincial.

Segundo as mesmas fontes, “Pedro Makita é visto como um indíviduo que só quer manter-se no posto e vai vendo a solução dos muitos problemas que aquela província enfrenta pelo ‘binóculo’”. A sua substituição imediata é o desejo dos cidadãos que apelam para que lhes seja enviado uma pessoa competente, digna e trabalhadora.

Já em Luanda, no palácio da Mutamba, apelidado pelos críticos como o “cemitério dos governadores”, pelo grande número de dirigentes que entra e sai de lá, a actual governadora, Ana Paula de Carvalho, é descrita como “só mais uma” a passar por aquele edifício.

Desde que assumiu a província, pouco ou nada se sabe do que tem feito. A cidade capital do país continua a ter o lixo como seu principal “cartão postal”. Em suma, a província continua a marcar passo no que diz respeito aos demais problemas que tem enfrentado ao longo dos últimos anos.

De acordo com informações a que se teve acesso, está a ser cogitado o regresso de Adriano Mendes de Carvalho para governar Luanda, substituindo Ana Paula de Carvalho. Assim, apesar do bom trabalho que Adriano está a fazer na província do Cuanza Norte, terá que deixar as terras da “rosa de porcelana”, para voltar a assumir Luanda.

Os analistas, em relação às demais províncias, realçam Cabinda, “com o seu velho problema separatista que espera melhor atenção do Governo central”, mas cujo governador, Marcos Alexandre Nhunga, tem sabido, com calma e serenidade, contornar as situações. Já Benguela, Huíla, Cunene, Namibe, Huambo, Bié e Lunda Sul, as sua governações têm oscilado entre negativos e positivos, destacando-se a Huíla e Benguela com mais acções melhoradas em prol do desenvolvimento local, enquanto as outras, de forma lenta, mas segura, vão conseguindo ir de encontro aos objectivos que se pretende, em prol do progresso e do bem-estar das suas populações. Há a salientar que tanto a província do Huambo como a do Cunene são governadas por mulheres, respectivamente, Lotti Nolika e Gerdina Ulipame Didalelwa.

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