Início Economia Galp elogia relação com Sonangol e admite distanciar-se  “totalmente” de Isabel dos Santos

Galp elogia relação com Sonangol e admite distanciar-se  “totalmente” de Isabel dos Santos

por Redação

O presidente do conselho de administração da Galp, Andy Brown, garante que a petrolífera está totalmente desligada das empresas acionistas da empresária angolana Isabel dos Santos, mas jurista e investigador diz que não é bem assim, já que ainda existe uma possibilidade para a empresária “voltar” à Galp

A Galp, que já opera em Angola na exploração de petróleo, mantém a “joint-venture” com a Sonangol, que tem uma participação acionista na Amorim Energia. Brown reafirmou que a empresa portuguesa tem uma boa relação com a petrolífera estatal angolana. 

“Produzimos petróleo em Angola, temos uma joint-venture no retalho com a Sonangol. Eles realmente participam na Amorim Energia, mas isso é controlado através da família Amorim e as nossas interacções são com a família Amorim, não com a Sonangol. Por isso, a nossa relação com a Sonangol é muito mais uma relação de negócios em torno do que fazemos em Angola”.

Entretanto, o administrador garantiu que a Galp está totalmente desligada das empresas acionistas da empresária angolana Isabel dos Santos, depois de uma sentença nesse sentido do Tribunal Arbitral holandês.

“Sim. A sua participação foi removida, uma participação acionista que era bastante afastada da executiva da Galp. Agora, de acordo com a decisão tomada no ano passado, foram retirados os direitos na participação a Isabel dos Santos. Sempre a mantivemos à distância, mas agora parece que temos um total afastamento de Isabel dos Santos”, sublinha.

Porém, Rui Verde, investigador do Centro de Análise de Assuntos Políticos e Económicos de Angola (CEDESA), não crê que a Galp se tenha totalmente libertado da filha do ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.

O jurista lembra que, há mais de meio ano, o Tribunal Arbitral holandês decidiu entregar à Sonangol a totalidade da participação acionista indirecta da empresária angolana e, “no dia seguinte, Isabel dos Santos anunciou que iria recorrer dessa decisão”.

“Em primeiro lugar, o que eu não sei – não encontrei informação suficiente e adequada – é se houve recurso; em segundo lugar, não sei se há qualquer decisão”, acrescenta.

Rui Verde considera que, se houve recurso, existe ainda no ar “uma possibilidade de Isabel dos Santos ‘voltar’ à Galp”.

Por outro lado, o investigador do CEDESA entende que a petrolífera angolana Sonangol deve reavaliar a relação que tem com a Galp, uma vez que a parceira portuguesa vai deixar de estar virada apenas para o sector do petróleo e passar a focar-se no sector das energias alternativas.

O analista refere que a Sonangol assinou protocolos com a ENI italiana, com a Total francesa e com empresas alemãs, e “não há conhecimento” de qualquer relação estratégica da petrolífera com a Galp virada para as energias alternativas.

“A Sonangol parece estar na Galp apenas para receber dividendos, quando teria todo interesse em ter uma parceria estratégica com a Galp sobre as energias alternativas. Portanto, a questão que se coloca é porque é que não tem?”, questiona Verde.

Se a Sonangol não tem essa estratégia no horizonte, Rui Verde é de opinião que a petrolífera angolana devia vender a posição que detém na Galp.

Será que a crise energética constitui um motivo forte para levar a Galp a rever a sua estratégia e apostar mais no mercado lusófono, nomeadamente em Angola, Moçambique, Brasil e em São Tomé e Príncipe?

Rui Verde admite essa possibilidade e indica que tem que haver um equilíbrio entre as energias renováveis e a busca de petróleo, pelo menos numa fase de transição prolongada. O analista acredita que a Galp terá de rever esse posicionamento. (Com DW)

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