A previsão de crescimento económico para Angola este ano foi revista em alta, de 2,4% para 3%, elogiando o governo pelas reformas, disse o director do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI)
De previsão em previsão, algumas positivas, outras nem tanto, assim se vai analisando o estado da economia angolana. Desta feita, poucos depois do Fundo Monetário Internacional (FMI) ter contrariado previsões económicas favoráveis que previam que a economia angolana cresceria entre 2 a 3% em 2021, o director do departamento africano do FMI disse que a previsão de crescimento económico para Angola este ano foi revista em alta, de 2,4% para 3%.
O director do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse domingo (30.01) à Lusa que a previsão de crescimento económico para Angola este ano foi revista em alta, de 2,4% para 3%, elogiando o governo pelas reformas.
“Em Angola, prevemos um crescimento de 3% para este ano e cerca de 4% a médio prazo, mas mais do que o ponto de destino, o que estamos a ver é a tendência, o país está a sair de um período incrivelmente difícil”, disse Abebe Aemro Selassie em entrevista à Lusa por videoconferência a partir de Washington.
“Angola foi atingida por múltiplos choques, primeiro o declínio nos preços das matérias primas, em 2015 e 2016, que teve efeitos enormes na economia, e quando respondiam a isso veio a pandemia, que teve um efeito incrivelmente adverso na economia”, acrescentou o director do departamento africano do FMI.
“Finalmente estamos a ver uma expansão económica; é muito, muito importante e encorajador, porque é um reflexo das medidas que o governo tomou para reformar o país e controlar os desequilíbrios macroeconómicos”, apontou Selassie.
A economia angolana deverá ter saído da recessão no ano passado, antevendo um crescimento próximo de 0%, com as principais instituições internacionais e analistas a preverem uma expansão económica superior a 2% este ano, sustentado não só na recuperação dos preços do petróleo, mas também no crescimento da economia não petrolífera, fruto da diversificação económica em curso.
Questionado sobre se, depois do fim do programa de ajustamento financeiro de 4,5 mil milhões de dólares que terminou em Dezembro, o FMI e o Governo angolano vão acertar um novo programa, Selassie respondeu que ainda é cedo, mas mostrou-se disponível para o que as autoridades precisarem.
“Não discutimos ainda um novo programa, temos o habitual debate com troca de ideias e de análise sobre os indicadores económicos, mas estamos ainda à espera que o governo diga como quer fazer, mas é muito cedo, o programa acabou agora. Dada toda a adversidade dos choques que enfrentaram, fizeram um esforço notável para lidar com os desequilíbrios e é muito encorajador ver um crescimento este ano, mas a chave para o futuro será manter as reformas e a expansão económica, e vamos apoiá-los de qualquer maneira que escolham”, respondeu.
Na entrevista, Selassie deixou vários elogios ao empenho das autoridades angolanas na implementação do programa, mas vincou que a incerteza é a palavra de ordem em tempos pandémicos.
“Dada a escala dos choques, fizeram um trabalho tremendo para manter a economia e chegarem até aqui, mas há muitas questões, a política restritiva dos bancos centrais, pode haver turbulência nos mercados, pode haver outra variante, por isso, sucesso, sim, mas há que manter o curso e o objectivo derradeiro é fazer subir a taxa de crescimento para 6 ou 7% e tratar das cicatrizes recentes”, disse o economista, concluindo que “essa é a agenda a que as autoridades angolanas estão a dar prioridade, e são desafios partilhados por muitos outros países africanos”. (In Observador)