A presença russa em Angola assenta-se particularmente nos sectores dos diamantes, da energia, das telecomunicações e banca, além da defesa
Especialistas angolanos consideram que as sanções europeias e americanas à Rússia terão um impacto directo na economia de Angola devido à dependência tecnológica, financeira e de know how de algumas empresas angolanas com aquele país.
Os economistas Galvão Branco, Estevão Gomes e João Maria Funzi Chimpolo admitem que o funcionamento regular da Barragem hidroeléctrica de Kapanda, a conclusão da construção do satélite angolano, AngoSat-2, a par dos níveis de produção dos diamantes e a área da defesa, podem ser afectados pelas sanções à Rússia.
O economista Estevão Gomes refuta a tese segundo a qual os impactos económicos serão residuais devido aos poucos investimentos russos em Angola e afirma que “a Rússia tem uma grande influência sobre a nossa economia”.
“Pode afectar no campo militar, pode haver um retrocesso na data de entrega do satélite angolano que é até Abril deste ano, a maior parte do equipamento para Capanda vem da Rússia que suspendeu grande parte dos voos para o estrangeiro”, diz.
Por outro lado, sindicalistas angolanos afectos à indústria extractiva alertam para eventuais despedimentos em massa no sector dos diamantes devido às sanções que pendem sobre a empresa russa de produção de diamantes, Alrosa, a maior companhia de diamantes do mundo e um dos maiores investidores na produção angolana.
A companhia russa controla 32,8% da mina de diamantes da Catoca, juntamente com a Endiama (também com 32,8%), sendo a maior accionista na quarta maior mina de diamantes do mundo.
“Será uma situação catastrófica para as províncias da Lunda Norte e Lunda Sul, onde já há bastante desemprego”, afirma o sindicalista Francisco António Jilo, afecto à Sociedade Mineira Limitada (Luminas). (Com agências)