Apesar de o surto de cólera em Angola tem conhecido melhorias em algumas regiões, como no caso da provincia do Bengo que não regista novos casos há mais de duas semanas, por mérito do empenho das autoridades, orientadas pelo Presidente da República, João Lourenço, que não tem poupado esforços para que, com a maior brevidade, se erradique totalmente a doença em todo país, orientando a Comissão Interministerial de Combate à Cólera a intensificar as acções emergenciais de resposta ao surto de cólera.
O surto de cólera em Angola já vai estabilzando em algumas províncias, graças ao grande empenho da Comissão Interministerial, superiormente orientada pelo Presidente da República, João Lourenço, num momento que as medidas empregues já vão surtindo efeitos positivos.
O Chefe de Estado efectuou, recentemente, uma reunião, no Palácio da Cidade Alta, com os integrantes da Comissão Interministerial de Combate à Cólera, coordenada pela ministra da Saúde, com a finalidade de fazer o ponto da situação no terreno, avaliar o “modus operandis” na contenção do surto (que tem casos registados em diversas províncias) e encontrar formas rápidas de actuação, ultrapassando eventuais constrangimentos.
Na altura, o Presidente da República transmitiu orientações precisas para pronta execução, tendo em atenção a necessidade de se travar quanto antes o risco de expansão da doença para outras regiões, mobilizando-se os recursos apropriados e na dimensão que a situação exigir, sejam eles de que natureza for (financeiros, humanos, em equipamentos, etc).
Visando o cumprimento das referidas orientações, o Executivo Angolano, por meio do Grupo Técnico Multissectorial para o Tratamento das Fontes, Abastecimento e Monitorização da Qualidade de Água Potável, intensificou as acções emergenciais de resposta ao surto de cólera que afecta várias províncias do país.
Sob liderança do Ministério da Saúde (MINSA), e em estreita articulação com o Ministério da Energia e Águas (MINEA), a EPAL – Empresa Pública de Águas de Luanda e as Empresas Públicas de Água e Saneamento das 18 províncias, o plano operacional engloba intervenções técnicas, educativas, logísticas e estruturais, com ênfase na garantia de acesso seguro e contínuo à água potável, pilar fundamental no controlo e prevenção da cólera.
A luta contra a cólera tem merecido uma abordagem abrangente, incluindo intervenções sanitárias, sensibilização comunitária e mobilização de recursos.
Múltiplas campanhas estão a ser levadas a cabo nas diversas províncias, com destaque para as mais afectadas, como Luanda, Benguela, Cabinda, Cuanza Norte, Malanje, Cuanza Sul, Namibe, Icolo e Bengo, Uíge e Zaíre, orientando o tratamento e monitorização da qualidade da água, com reforço da cloração de reservatórios e cisternas com solução mãe de hipoclorito de cálcio a 70%, assegurando eficácia na desinfecção.
Há a salientar que a província do Bengo pode ser a primeira a declarar a erradicação do surto, por ausência de casos em duas semanas.
Para melhor resultado da acção, técnicos e agentes locais estão a ser capacitados para o correcto manuseamento, preparação e aplicação da solução clorada, bem como a implementação de testes regulares de cloro residual, assegurando a conformidade com os parâmetros de segurança.
Está a ser efectuado o abastecimento de água potável em áreas vulneráveis por camiões-cisterna, incluindo comunidades ribeirinhas, mercados, áreas sem saneamento básico e zonas de defecação a céu aberto.
Foi criado um sistema de rastreabilidade da qualidade da água, com registos de carregamento, selos de controlo e fiscalização nas girafas (postos de enchimento), para monitorização da água comercializada por operadores privados, garantindo a conformidade com os padrões nacionais de qualidade.
Um aspecto importante das campanhas tem sido a sensibilização e prevenção comunitária, com a realização de campanhas de educação sanitária e distribuição de materiais didáticos e acções comunitárias de porta-a-porta, assim como a entrega de pastilhas Aquatabs para cloração doméstica da água e demonstrações práticas de uso seguro.
Além da formação de agentes comunitários, incentivadores de boas práticas de higiene e prevenção de doenças hídricas, há uma forte sensibilização das comunidades para a construção de latrinas, para evitar a defecação ao ar livre e/ou próximo de fontes de água, assim como a distribuição de reservatórios para conservação de água.
A este propósito, estão a ser inatalados reservatórios emergenciais e reabilitação de fontanários comunitários em zonas críticas, operacionalização de girafas móveis para abastecimento regular em pontos estratégicos, e a reparação de sistemas de bombeamento, permitindo retoma e ampliação do fornecimento em comunidades afectadas.
Para garantir o cumprimento rigoroso das normas sanitárias no transporte e distribuição de água, estabeleceram-se parcerias comerciais com operadores de água por cisterna, visando maior alcance e acessibilidade de preços, em articulação com governos provinciais, autoridades municipais e forças policiais.
O Governo reafirma o seu compromisso com o reforço progressivo da rede pública de abastecimento de água, com o objectivo de ultrapassar os actuais 56% de cobertura nacional e garantir o direito universal à água potável para todos os cidadãoO Executivo apela à colaboração activa da população, incentivando o uso de água tratada, a correcta cloração doméstica, a fervura da água quando necessário e a partilha desta informação nas comunidades.
De acordo com os dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Direção Nacional de Saúde Pública de Angola, o país registou até 19 de Maio um total de 21.312 casos, uma média de quase 300 casos por dia, e 680 óbitos.
Foram notificados, nas últimas 24 horas, 228 novos casos de cólera, a maioria na província do Namibe (77 casos), seguida das províncias do Cuanza Sul (57) e Luanda (38), tendo sido registados oito óbitos neste período.
Desde o início do surto, a doença alastrou pelo país, afetando já 18 das 21 províncias, sendo a província de Luanda a que reportou o maior número de casos (6.547), seguido-se Benguela (4.592), Bengo (2.995), Cuanza Norte (2.099), Icolo e Bengo (1.185), Cuanza Sul (1.182), Malanje (1.108), Namibe (859), Huíla (266), Cabinda (201), Zaíre (118), Lunda Norte (54), Cubango (45), Huambo (41), Uíge (16), Bié (2), Lunda Sul (1) e Cunene (1).
Luanda regista também o maior número de óbitos (211), seguindo-se a província do Bengo, com 118 mortos, Benguela com 107, Cuanza Norte com 68, Cuanza Sul com 36, Icolo e Bengo com 31, Malanje com 30, Namibe com 17, Zaíre com 9, Huíla com 5, Cabinda com 3, Lunda Norte com e Huambo com 1 óbito.
Nas últimas 24 horas receberam alta 182 pessoas e estão internadas 513 pessoas com cólera.
A cólera é uma doença bacteriana infecciosa intestinal aguda, causada pela bactéria Vibrio Cholerae, que se transmite principalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados. É uma doença séria que causa diarreia grave, vómitos e, se não tratada, levar à morte. (J24 Horas)