A vítima, que deu entrada nas urgências do Hospital Central do Lubango, teve lesões maxilo-faciais graves, carece de cirurgia plástica reconstrutiva
Uma criança de dois meses ficou sem a boca, parte superior esquerda do nariz e com os testículos expostos, em consequência de uma agressão (mordedura) perpetrada pelo irmão de 17 anos, no município da Matala, província da Huíla.
O caso deu-se quarta-feira (18), na povoação de Candjanguiti, por volta das 23h00, quando o agressor regressou à casa, depois de ter, alegadamente, consultado uma quimbandeira.
De acordo com testemunhas, o agressor tentava comer o irmão vivo, por suposta crença em feitiço.
Segundo a cirurgiã Luciana Lucumbida, de especialidade maxilo-facial, que assiste o menor, o paciente foi transferido da Matala com historial de mordedura humana, a qual resultou na perda considerável de estruturas musculares da face.
Confirmou que o menor ficou sem a boca, parte superior esquerda do nariz, perdeu estruturas importantes na movimentação da cavidade oral, como os músculos articulares da boca, carecendo de um tratamento específico (cirurgia reconstrutiva plástica), que o hospital não tem condições de fazer.
Em declarações à ANGOP, a especialista precisou que até ao momento foram feitos exames e uma transfusão sanguínea, pois apresentava a hemoglobina baixa e está a ser alimentado por uma seringa.
Por sua vez, o urologista Domingos Sapato fez saber que, do ponto de vista urológico, a criança chegou com os testículos expostos e as bolsas completamente abertas, mas foi reposta a normalidade após uma cirurgia.
A mãe da vítima e de outros quatro filhos, Filomena Quinta, de 32 anos, disse que o seu enteado bateu a porta do quarto, sob pretexto de que precisava de um analgésico para dor de cabeça, mas ao entrar a agrediu com um barrote e logo a seguir atacou o bebé.
“Ele parecia uma onça, estava transformado, o pai estava ausente e foi muito difícil retirar a criança dos braços dele, enquanto tentava comê-la viva”, detalhou, acrescentando que está a viver com o agressor há seis meses e nunca apresentou comportamento estranho.
Segundo o porta-voz do Comando Provincial da Polícia Nacional, inspector-chefe Fernando Tongo, o agressor está detido e foi apresentado a um procurador, que legalizou a prisão preventiva.
Esse é o primeiro caso do género de que se tem memória na Huíla.
No ano passado, registou-se um semelhante em Luanda, em que um militar das Forças Armadas Angolanas (FAA) matou e comeu parte do corpo do próprio filho, para ser promovido.
(In Angop)