Início Política Ministro dos Direitos Humanos do Brasil Silvio Almeida alerta para ‘indícios de racismo’ em processo em Portugal no caso do empresário angolano Álvaro Sobrinho

Ministro dos Direitos Humanos do Brasil Silvio Almeida alerta para ‘indícios de racismo’ em processo em Portugal no caso do empresário angolano Álvaro Sobrinho

por Redação

O ministro de Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, alerta para os “indícios de racismo” em um processo em Portugal. O UOL revelou no mês passado como um dos maiores casos político-financeiros nos últimos anos em Lisboa foi alvo de uma denúncia na Corte Europeia de Direitos Humanos, com o principal acusado alegando racismo e “colonialismo” por parte da Justiça portuguesa.

Conduzida por dois advogados brasileiros e integrada por ex-juízes do tribunal europeu, a queixa se refere ao polêmico luso-angolano Álvaro Sobrinho e se arrasta por mais de 13 anos nas cortes portuguesas.

Junto com sua expansão, porém, vieram os processos. Desde 2010, ele é acusado de abuso de confiança, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

“Este é um caso que, na minha concepção, merece atenção da comunidade internacional devido aos fortes indícios de lawfare e racismo”, afirmou Silvio Almeida. “A experiência já nos mostrou a maneira como tais práticas minam a democracia e violam direitos humanos”, afirmou.

Sobrinho foi o presidente executivo do Banco Espírito Santo Angola (Besa), e acusado de ser o responsável por desvios de fundos ocorridos durante sua gestão. A denúncia é que sua administração precipitou a queda do Banco Espírito Santo, em Portugal, um dos maiores do país e que chacoalhou com o sistema financeiro.

O caso ainda implicou a Suíça, já que o empresário foi acusado de ter usado o sistema financeiro local para transferir os fundos. A denúncia era que, às vésperas da queda da instituição, ele transferiu para os cofres suíços cerca de US$ 400 milhões. Os procuradores em Berna congelaram as suas contas bancárias e os seus imóveis.

ex-banqueiro foi investigado e, em 2021, o Ministério Público da Confederação arquivou o caso.

Em Portugal, porém, novas medidas foram adotadas contra ele a partir de 2022, no mesmo processo com 24 volumes e uma acusação de mais de 800 páginas, com a afirmação do juiz Carlos Alexandre de que se tratava de um “ato de fé”.

Racismo, colonialismo e prepotência, diz defesa

Para a defesa, trata-se de uma iniciativa “que viola gravemente os direitos garantidos pela Convenção Europeia de Direitos Humanos, nele figurando discriminação pelo racismo, colonialismo e prepotência, que transcende o caso concreto”.

A petição da defesa, assinada pelos advogados brasileiros Rafael Valim e Walfrido Warde e pelo ex-juiz da Corte Europeia e do Tribunal Supremo da Espanha, Javier Borrego, ainda cita um “problema sistêmico” no judiciário português.

O processo contra o angolano foi iniciado em 2010 pelo procurador português Orlando Figueira, que anos depois, seria condenado a seis anos de prisão por corrupção.

O caso ainda tem o papel central do juiz Carlos Alexandre que, nos últimos anos, se transformou numa personalidade midiática e frequentemente associada ao ex-juiz brasileiro Sergio Moro, hoje senador.

Nos documentos entregues à Corte Europeia e obtidos com exclusividade pelo UOL, a defesa de Sobrinho acusa os portugueses de “racismo”.

Sobrinho teria sido o único a sofrer medidas de coação, ainda que os demais acusados no mesmo processo tenham sido denunciados por crimes de maior gravidade. Segundo a defesa de Sobrinho, todos os demais são brancos. Os advogados lembram ainda que seu pai era o líder nacionalista de Angola, Carlos de Oliveira Madaleno.

A defesa questiona também a decisão de Portugal de confiscar o passaporte angolano do suspeito, alegando até mesmo “pirataria”. Para eles, o passaporte é um documento do Estado que o emite.  Portanto não estaria prevista na norma portuguesa um passaporte de um país estrangeiro.

Para seus advogados, a dimensão “racista” é evidente. Caso ainda ocorre em meio a um debate sobre os 50 anos das independências das colônias portuguesas e de intensas acusações contra movimentos políticos de estarem instrumentalizando a xenofobia. Por esse motivo, segundo a defesa, Sobrinho decidiu acionar a Corte Europeia…

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