A administração do parlamento angolano condenou as orações efectuadas por religiosos na sala do plenário, referindo que o “deslize” resultou de “factores emocionais dos pastores”
A administração do parlamento angolano condenou terça-feira (05) as orações efectuadas por religiosos na sala do plenário, referindo que o “deslize” resultou de “factores emocionais dos pastores e da desatenção de funcionária parlamentar”, garantindo que foram tomadas “medidas administrativas”.
“É condenável o acto, não é correcto o que aconteceu, nós também repudiamos, esse foi um deslize que resultou de factores emotivos dos próprios integrantes da visita e da nossa funcionária que os acompanhou que efectivamente deveria ter o discernimento de dizer não aos pastores”, afirmou o secretário-geral da Assembleia Nacional (parlamento).
Pedro Agostinho de Neri deu conta que o parlamento, “apesar de ser a casa do povo, não autorizou sessão de orações na sala principal do plenário, mas tem portas abertas para qualquer visitante”.
O parlamento “não autoriza este tipo de orações, o parlamento é casa do povo, e na casa do povo quando você manifesta interesse de vir visitar, somos obrigados à facilitar essa visita, temos aqui o modus operandi que você pede, nós autorizamos e temos guias, que mostram onde e como funciona o parlamento”.
“Infelizmente, o que aconteceu é que os pastores emocionaram-se, quando chegaram à sala do plenário e viram aquela ‘monstruosa’ sala, eles emocionaram-se, a nossa colega que estava a acompanhar a visita não teve discernimento suficiente para dizer que este acto não se faz”, frisou.
“Nós logo de seguida também apuramos a veracidade e já tomamos as medidas administrativas competentes e tudo mais que os grupos parlamentares possam manifestar interesse de saber eles têm um espaço, essa casa mesmo é deles, e não têm que recorrer a terceiros para pedirem explicações”, sustentou.
Um vídeo colocado a circular nas redes sociais em Angola apresenta um grupo de mais de uma dezena de religiosos, maioritariamente ajoelhados, a fazerem orações na sala principal do plenário do parlamento angolano, em Luanda.
O Partido de Renovação Social (PRS), oposição angolana, condenou e considerou, na terça-feira (05), “um grande erro” a realização de orações na sala principal do plenário do parlamento, exortando a direção o órgão legislativo a “pedir desculpas”.
A UNITA, maior partido na oposição, exigiu, na segunda-feira (04), ao presidente do parlamento angolano que apure responsabilidades sobre a “cerimónia religiosa secreta” realizada na sala do plenário do órgão legislativo, considerando-a como o “cúmulo da promiscuidade” entre Estado e religião.
Segundo o responsável da administração parlamentar, o vídeo que circula nas redes sociais foi gravado por um dos pastores da denominada “plataforma de igrejas cristãs” para “mostrar que visitou a casa do povo”.
Este caso “é um assunto só porque estamos a viver este ambiente político, porque se todos nós olharmos para trás, todas as inaugurações que fomos fazendo foram convidadas igrejas para vir inaugurar”, salientou.
“É o momento político (período pré eleitoral) e há um relativo aproveitamento nisso, mas é condenável o acto, não é correcto o que aconteceu, nós também repudiamos, esse foi um deslize que resultou de fatores emotivos dos próprios integrantes da visita e da nossa funcionaria que os acompanhou que efectivamente deveria ter o discernimento de dizer não aos pastores”, rematou Pedro Agostinho de Neri.
O parlamento angolano, cuja legislatura está em fase final, é composto por 220 deputados, maioritariamente do MPLA (no poder), seguido da UNITA, CASA-CE, PRS e FNLA.
Angola realiza as quintas eleições gerais da história política do país em 24 de Agosto próximo.
(In Observador)