Presidente Cyril Ramaphosa diz estar “profundamente desapontado” com o fecho “completamente injustificado” das fronteiras, alegadamente por causa da variante Ómicron que continua a espalhar-se pelo mundo com casos detectados em vários países
O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, apelou ao levantamento das restrições de viagens a partir da África Austral impostas por vários países devidoa variante Ómicron do novo coronavírus, detectada no seu país. Ramaphosa fez um pronunciamento à nação no domingo (28.11).
Angola, Alemanha, Estados Unidos da América, Espanha, França, Itália, Reino Unido, Holanda, Singapura, Canadá, Áustria e Israel e Portugal estão entre os países que suspenderam temporariamente as viagens relativas a países africanos ou anunciaram que irão impor restrições.
O chefe de Estado disse estar “profundamente desapontado” com o fecho “completamente injustificado” das fronteiras. Para Ramaphosa, a medida representa uma forma de “discriminação” contra o seu país e países vizinhos afectados pelas mesmas medidas.
O Presidente pediu a reversão imediata e urgente das proibições antes que “qualquer dano adicional” seja feito às economias e à subsistência do povo da África Austral. “Não há qualquer justificação científica para manter estas restrições em vigor”, argumentou.
Ramaphosa disse que estes países que fecharam as fronteiras são os que deveriam apoiar o processo de vacinação em África. “Os países ricos do mundo precisam de apoiar os esforços dos países em desenvolvimento, ou seja, as economias, para aceder e fabricar doses de vacinas suficientes para a sua população sem demora”, explicou.
A taxa de vacinação no país é no máximo de 23,8%, um índice muito mais elevado do que no resto de África, mas muito mais abaixo da média global. Quase três quartos dos casos recentes de Covid-19 comunicados na África do Sul devem-se à nova variante Ómicron.
A África do Sul alegou no domingo que estava a ser punido por detetar a variante Ómicron. “Esta última ronda de proibições de viagens é semelhante a punir a África do Sul pelo seu sequenciamento genómico avançado e capacidade de detectar novas variantes mais rapidamente”, disse uma declaração divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Contudo, os números permanecem baixos, com cerca de 3 mil novos casos positivos nos últimos dias – muito aquém dos números oficiais de vários países europeus em particular. O fecho das fronteiras está a afectar a economia sul-africana.
Na mesma esteira, a partir desta segunda-feira, Portugal suspendeu voos de e para Moçambique. Augusto Santos Silva, chefe da diplomacia portuguesa, já pediu desculpa pela decisão tomada.
“Agora o que vamos fazer é organizar voos, ou seja, promover a realização dos voos necessários para que cidadãos portugueses ou europeus e residentes em Moçambique, que tenham de regressar a Portugal, possam fazê-lo e, inversamente, cidadãos moçambicanos residentes em Portugal que queiram regressar ao seu país”, disse Santos Silva.
Outros países africanos de expressão portuguesa também estão em alerta.
Vários países, incluindo a Alemanha, já detectaram casos da nova variante Ómicron. A Organização Mundial de Saúde diz que ainda não há indícios de que a variante provoque casos mais graves de Covid-19 ou com sintomas diferentes das estirpes anteriores.
A OMS apelou para que as fronteiras permaneçam abertas. A situação provoca uma reunião de urgência dos ministros da Saúde dos sete países mais ricos – França, Estados Unidos da América, Canadá, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido para discutir a evolução da Ómicron.