A Genea Angola, de propriedade da família Ang, está por trás da Cimenfort, o novo “player” do sector de exploração de fosfato em Angola.
Este clã brasileiro com raízes chinesas ganhou destaque como promotores imobiliários nos subúrbios de São Paulo e Luanda.
O novo proprietário da concessão de fosfato de Lucunga no norte de Angola é a empresa de cimento Cimenfort, uma subsidiária da Genea Angola.
A empresa-mãe, que já investiu mais de 150 milhões de dólares na criação de Cimenfort como o quarto maior produtor de cimento do país, planeia ter a planta de Lucunga em funcionamento nos próximos quatro anos, injectando outros 75 milhões de dólares.
A Genea Angola foi fundada em 2005 por Paul Marcius Ang. Este brasileiro de origem chinesa iniciou a sua carreira na Genea Incorporadora e Construtora, empresa de desenvolvimento de propriedade familiar na cidade de Suzano, no estado de São Paulo.
Quando a guerra civil em Angola terminou em 2002, Ang estava ansioso por aproveitar as oportunidades oferecidas pela iniciativa de reconstruir o país.
O empresário concentrou as suas energias na filial angolana da Genea, que se tornou uma entidade independente da empresa mãe no Brasil.
Beneficiando do boom imobiliário dos anos 2000, a Genea Angola criou um nicho no sector de desenvolvimento imobiliário em Viana, nos subúrbios de Luanda.
Especializada no mercado imobiliário residencial, em 2011, a empresa concluiu a construção do Ginga Shopping, um grande shopping center em Viana, apenas quatro anos após a abertura de seu primeiro shopping center, construído pela gigante brasileira Odebrecht.
Um verdadeiro conglomerado familiar, a esposa de Paul Ang, Priscilla Kao Ang, a filha Liliana Ang e o genro Guilherme Pierre Paiva, estão todos envolvidos na administração da empresa.
Desde 2012, os Angs vêm diversificando os negócios para outros sectores. O seu portfólio agora inclui o fabricante de concreto Betonfort e a empresa de cereais e óleo vegetal AgroGenea, que está em hibernação desde 2016.
A incursão da Cimenfort no mercado de fosfato de Lucunga está sendo supervisionada pelo gerente de projectos brasileiro David Silva e faz parte da estratégia da empresa de expandir no sector agrícola.
O interesse de Paul Ang no mercado de fosfato não é um capricho simples. O norte de Angola é rico neste mineral e João Lourenço está determinado a explorar o potencial agrícola extenso, mas amplamente inexplorado, do seu país.
Em 25 de junho, o presidente aprovou um pacote de apoio às indústrias de agricultura e pesca no valor de mais de 500 milhões de euros em três anos, com a duplicação da produção de cereais sendo um dos seus objectivos declarados.
João Lourenço está a criar sinergias entre o desenvolvimento do sector agropecuário e a produção de fertilizantes (dos quais os fosfatos são um ingrediente primário). O país ainda depende em grande parte das importações de fertilizantes, sendo um dos seus principais fornecedores a OCP de Marrocos, segundo escreve o site África Intelligence. LPN