O Estado português, através da Caixa Geral de Depósitos, é o maior accionista do banco Caixa Angola que agora vai render quase 60 milhões de euros à Sonangol. Em causa está a alienação de 5.000.000 de acções, com um intervalo de preços entre 4.250 e 5.000 kwanzas (9,9 euros e 11,7 euros)
O Banco Caixa Geral Angola (BCGA) é a segunda empresa a entrar na bolsa angolana, com uma oferta pública inicial de 25% das acções detidas pela Sonangol, que deve render quase 60 milhões de euros à petrolífera estatal.
A operação, que teve início na segunda-feira (05) e decorre até 16 de Setembro, foi apresentada esta terça-feira (06) em Luanda.
Em causa está a alienação de 5.000.000 de acções com um intervalo de preços entre 4.250 e 5.000 kwanzas (9,9 euros e 11,7 euros) o que permitirá ao Estado angolano, através da Sonangol, um encaixe financeiro máximo de 25 mil milhões de kwanzas (58,8 milhões de euros).
O administrador do BCGA, Francisco Rosado dos Santos, fez uma avaliação positiva do mercado bancário angolano que “evoluiu muito rapidamente” e está agora a concorrer à moldura de supervisão europeia (Basileia 3), “um passo muito importante ao nível do controlo transparência e governação dos bancos”.
Além disso, significa também que o mercado financeiro angolano será mais atractivo para bancos internacionais “com um risco diferente que lhes proporciona, em termos de serviços de reciprocidade e correspondência”, considerou.
Mostrou-se optimista quanto à venda das acções, destacando o valor do banco e a sua marca, “que são reconhecidos”, associado ao momento de mercado de capitais “bastante auspicioso em Angola” e ao “grande dinamismo de investidores mais jovens”, o que induz “fortes expectativas” quanto ao resultado da operação, devendo a procura superar a oferta.
O BCGA vai ser a segunda empresa e o segundo banco cotado em Angola, depois do Banco Angolano de Investimentos (BAI) ter feito a sua estreia na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) em Junho.
O lote de 25% do capital destina-se a três grupos de investidores: 15% do capital destina-se aos actuais accionistas angolanos, 2% a colaboradores e membros dos órgãos sociais e 8% ao publico em geral.
Francisco Rosado dos Santos acredita que este preço é adequado para o dinamismo do mercado: “Tentámos encontrar um preço — e comparando com a outra acção que está cotada — que permitisse a um angolano pertencente ao público em geral e que quisesse adquirir (acções) sem grande desconforto para as suas finanças pessoais”.
O Estado português, através da Caixa Geral de Depósitos, é o maior accionista do Caixa Angola, sendo o restante capital distribuído pelos empresários angolanos António Mosquito e Jaime Freitas (12% cada um), Sonangol EP (24%) e Sonangol Holding.
O responsável do banco explicou que os accionistas angolanos do banco tinham direitos de preferência estabelecidos entre acordos de accionistas e facilitaram a operação abdicando deste direito face à totalidade em venda e “com esse sacrifício” têm também “a possibilidade de reforçar um pouco o capital no banco por esta via”.
Os investidores poderão alterar ou revogar a ordem de compra até ao dia 12 de Setembro e prevê-se que as acções sejam admitidas à negociação em bolsa em 29 de Setembro. Podem ser subscritas até às 15h00 do dia 16 de Setembro numa das 32 agências do banco Caixa Angola.
A venda das acções da Sonangol decorre do Programa de Privatizações do Estado angolano (ProPRIV), no âmbito do qual foram já privatizadas 125 empresas e activos de um total de 178 previstos, adiantou Ednilson Sousa, representante do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE) na mesma sessão. (Com agências)