Início Sociedade Um ano e quatro meses se passaram depois da morte de Sílvio Dala e a culpa também “morre solteira”

Um ano e quatro meses se passaram depois da morte de Sílvio Dala e a culpa também “morre solteira”

por Redação

O médico Sílvio Dala foi uma das primeiras vítimas mortais do excesso de força usado pela polícia angolana durante o primeiro estado de emergência para conter a pandemia de Covid-19

Passado mais de um ano, familiares do médico Sílvio Dala, morto pela polícia em Setembro de 2020, estão revoltados com o silêncio das autoridades. O médico foi morto em Luanda, alegadamente por não usar máscara dentro da sua viatura.

Dala exercia a função de director clínico do Hospital Materno – Infantil da província do Cuanza Norte. Muitos dos seus dependentes ficaram sem auxílio. Um parente de Dala, o também médico Desejo Venâncio Dala, disse à DW África que a família continua à espera que seja feita justiça.

“Nós estamos preocupados com o silêncio das autoridades. Queremos que a justiça se faça sentir e queremos ver o fecho desse assunto do médico Sílvio Dala”, afirma.

O professor Víctor Pereira, que conhecia Sílvio Sala desde a infância, mostra-se indignado com o silêncio das autoridades angolanas e insta as mesmas a fazerem justiça, apurando as responsabilidades pela morte do amigo.

“Nós pedimos às autoridades locais e às autoridades de Luanda, onde o facto aconteceu, tendo em conta o princípio da territorialidade no sentido de trazerem à tona a verdade material”, diz o professor.

Juntando-se às vozes críticas, o jornalista Graça Campos, escreveu na sua página do Facebook: “O Presidente da República não disse uma palavra de reprovação à Polícia pela morte do médico Sílvio Dala, em Setembro de 2020, por não cobrir a cara com máscara num carro em que era usuário único. João Lourenço não endereçou uma palavra de consolo à família do jovem médico”.

O jurista independente Domingos Tuaíla Nzumba disse à DW África não haver razão para um prolongamento da instrução preparatória.

Na opinião do jurista quem deve ser responsabilizado é o polícia de serviço no dia da morte do médico: “Para além da recolha de provas, também na determinação do autor dos factos, quem é o carcereiro que esteve aí? Este carcereiro terá sido o autor da morte”.

Contactado por telefone, o porta-voz da Procuradoria-Geral da República (PGR), Álvaro João, disse que o processo relativo à morte do médico Sílvio Dala foi registado por um magistrado em funções no Gabinete de Inquérito e Reclamações da PGR.

“Foram ouvidos declarantes, testemunhas que presenciaram os factos. Também constitui peça fundamental do processo o relatório médico – legal que espelha o resultado do exame forense realizado”, explicou.

Porém, sobre o caso nada mais se diz, deixando-se a “culpa morrer solteira”! (In DW África)

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