Um morto e vários feridos são o resultado das demolições de várias obras levadas a cabo na quarta-feira (07), pelos Serviços de Fiscalização do município de Viana, nas imediações da centralidade do Zango cinco, em Luanda, por alegadamente terem sido erguidas numa reserva do Estado. As autoridadades de Viana não confirmam qualquer morte, mas apenas um ferido
Uma disputa de terra, no distrito do Zango, em Viana, entre a construtora Walunga e a Administração Municipal de Viana, terá causado a morte do cidadão Longa Augusto, de 28 anos de idade, tal como conta Ladislau Paulo, representante da empresa em causa.
“Partiram, deram tiros e alvejaram uma pessoa”, confirmou, acrescentando que “ao se defender, a polícia deu tiro no rapaz e o rapaz morreu”.
Em resposta, o director do Gabinete de Comunicação Social de Viana, Januário Damião, nega ter havido morte nas operações e diz que este terreno já foi atribuído aos jovens de diversas franjas da sociedade.
“Não temos nenhuma confirmação nem da Polícia Nacional, nem dos órgãos afins sobre a morte de alguém, aliás, na nossa realidade, quando morre alguém, mesmo nos mercados, é colocada uma fotografia e até ao momento não aconteceu nada disso, nem apareceu alguém a reclamar”, afirma Damião que teve conhecimento de um fiscal ferido.
A VOA contactou o porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, superintendente Nestor Goubel, que garantiu pronunciar-se a qualquer momento, mas até agora não o fez.
Projecto “Mizangala”
Segundo informações que circulam, a situação tomou contornos alarmantes pela desautorização do ministro da Construção, Manuel Tavares de Almeida À Administração Municipal de Viana, actualmente liderada por causa de um espaço anteriormente atribuído ao projecto “Mizangala”, que teve início no ano de 2021 com o lançamento da primeira pedra pelo vice-governador de Luanda para a Área Social, António Dionísio, em representação da governadora Ana Paula de Carvalho, sendo na altura administrador de Viana, Manuel Pimentel.
Ao que se sabe, o projecto “Mizangala” visa benefíciar jovens e satisfazer o sonho da casa própria, com a construção de várias residências. Actualmente, já beneficiou 250 jovens dos 3000 beneficiários previstos. Os primeiros processos de concessão, número 73/2022, foram passados em 26 de Janeiro do corrente ano.
Entretanto, a empresa Walunga-Construções Lda, detentora do processo Nº 1792-LA/20, que lhe confere a concessão do título de propriedade assinado pelo punho do ministro da Construção, Manuel Tavares de Almeida, no dia 11 de Julho de 2022, cerca de sete meses depois do espaço pertencer ao projecto juvenil, aparece agora no terreno com homens e máquinas, protegidos por efectivos da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), para derrubar as obras dos pacatos cidadãos que estão devidamente autorizados pela Administração municipal de Viana.
Segundo as notícias, “o estranho é o facto de dois governantes, do mesmo executivo, conferirem um espaço a duas entidades diferentes”. Quem quer beneficar quem? Questiona-se!
As construções deram início no mês de Junho, mais de mil casas ja foram erguidas na área concedida aos camponeses e 100 aos jovens beneficiários do projecto.
“Os representantes da empresa Walunga alegam que o espaço é deles porque o documento deles tem mais peso por ter sido assinado pelo ministro da Construção”, afirma uma testemunha.
Este caso, que já está a fazer vítimas humanas e a prejudicar centenas de pacatos cidadãos já tomou contornos de uma “brincadeira de muito maui gosto”. Os cidadãos lesados apelam ao Governo provincial de Luanda e a competentes autoridades para que intervenham e ponham ponto final neste descarado abuso e desrespeito às instituições do Estado e à Lei.
(Com agências)