O objectivo do Projecto Camabeú, proteção de tartarugas marinhas em Angola, é contribuir para a conservação da tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) e da tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) existentes na província de Benguela, promovendo uma mudança de atitude ecológica e economicamente sustentável.
A diretora-geral do projecto, Sónia Ferreira, falou na tarde de sexta-feira, em entrevista ao Jornal 24 Horas, sobre a importância das tartarugas e as ações de preservação desenvolvidas ao longo dos últimos anos.
Segundo a responsável, o Projecto Cambeú existe há oito anos no Lobito e recentemente expandiu-se ao município de Benguela, resultado de uma iniciativa inspirada num momento marcante: um casal presenciou uma tartaruga a desovar em frente à sua casa e, ao perceber que essas espécies eram frequentemente caçadas, decidiu agir para ajudar na sua proteção.
Durante a entrevista, a diretora mencionou algumas espécies em destaque, como a tartaruga-oliva e a tartaruga-de-couro, reforçando que “as tartarugas são verdadeiras engenheiras do mar, pois desempenham funções essenciais para o equilíbrio do ecossistema marinho”.
“As ações humanas continuam a ser o maior desafio à sobrevivência das tartarugas marinhas”, sublinhou Sónia Ferreira, lembrando que o projecto nasceu da urgência em proteger estas espécies que se encontram em vias de extinção.
O trabalho do projecto envolve a proteção dos ovos, o resgate de tartarugas em perigo e a sensibilização das comunidades locais sobre a importância da conservação. Além disso, o Cambeú mantém parcerias com instituições de ensino, com destaque para o Instituto Politécnico Ombaka de Benguela, particularmente na disciplina de Biologia, contribuindo para a formação de estudantes nesta área.
Sónia Ferreira lembrou ainda que matar uma tartaruga é considerado crime ambiental pelo Governo Angolano. Os patrulheiros do projecto recebem formações e treinamentos técnicos sobre como identificar e proteger ninhos, bem como recolher dados para apoiar as ações de preservação.
Apesar dos progressos, a diretora reconhece que nem todos os objectivos foram já alcançados, e deixou palavras de apreço ao público em geral, bem como ao Governo de Benguela, ao Restaurante Alfa Beach Bar, ao Restaurante Batuk, à Acqua, à EtuEnergias e à Direção Provincial do Ambiente, pelo apoio contínuo às ações do projecto.
Um dos patrulheiros, Ricardo Baptista, partilhou a sua experiência no projecto:
“Sinto-me feliz em cuidar das tartarugas e em fazer parte desta missão. Convido todos a conhecer o Projecto Cambeú e a juntar-se a nós na proteção destes animais incríveis”.
Entre os parceiros de destaque está também Alfredo Viegas, proprietário do Alfa Beach Bar – Lobito, que falou sobre a importância da colaboração com o projecto:
“A parceria surgiu de forma natural, porque o bar recebe muitos turistas e o projecto Cambeú representa uma causa ambiental que valorizamos. É essencial apoiar iniciativas que contribuem para o equilíbrio do ecossistema e para a preservação das tartarugas, que também ajudam a proteger-nos das alforrecas”.
Com o compromisso contínuo de proteger as espécies marinhas, o Projecto Cambeú reafirma o seu papel como “referência em conservação ambiental em Angola”, unindo esforços de comunidades, instituições e voluntários na defesa do futuro dos oceanos. (J24 Horas)
