Início Sociedade Empresário Mário Durão Critica Privilégios e Pede Apoio a Empreendedores “Raiz”

Empresário Mário Durão Critica Privilégios e Pede Apoio a Empreendedores “Raiz”

por Editor

Em uma conversa franca e apaixonada, o empresário Mário Durão abordou recentemente os desafios do empreendedorismo em Angola, tecendo duras críticas ao sistema de privilégios e à falta de apoio real aos pequenos e médios empresários. Durão defendeu que o desenvolvimento económico sustentável do país depende da valorização dos empreendedores “natos” e da revisão urgente das políticas de crédito bancário.

Sentado à mesa de um restaurante, Durão fez uma distinção clara entre aqueles que empreendem por necessidade e talento, e aqueles que o fazem por herança ou conexões políticas.

“Uma coisa é: o meu pai é fulano, sicrano. Eu vou ter uma oportunidade privilegiada,” afirmou Durão, destacando que essa facilidade cria uma classe de empresários que não enfrentam as dificuldades do mercado real. “É normal que [o filho] tenha o privilégio. Mas não é o mesmo que [o empresário que] paga 21% ou 22% de taxa de juro.”

O Peso dos Juros e a Falta de Apoio Governamental

A principal crítica de Durão centrou-se na dificuldade que os verdadeiros empreendedores enfrentam ao tentar obter financiamento. Ele argumenta que o alto custo do crédito inviabiliza negócios legítimos, forçando muitos a falhar.

“Ele não vai conseguir pagar, porque ele não é empreendedor [privilegiado]. Ele é um miúdo que tem o pai com privilégios do governo, ou que já estava lá, e foi dando oportunidade,” disse ele, contrastando essa situação com a de um empresário que começa do zero, o “Mário nato, matarrano, filho de camponês.”

Durão enfatizou que o governo e as instituições financeiras devem parar de focar em grandes empresários singulares e começar a apoiar a base.

“Não precisamos de dar milhões para um empresário, é mentira. 20 milhões de dólares para um empresário é erro. 50 milhões para um empresário é erro. Esses 50 milhões podemos dividir em mais de 10 empresários,” defendeu, sugerindo que esse micro-crédito seria mais eficaz na criação de empregos (mencionando a possibilidade de empregar 7.000 a 10.000 pessoas).

Empreendedorismo Real vs. Teoria

O empresário também atacou a superficialidade de alguns discursos sobre empreendedorismo que circulam no país, referindo-se aos “coaches” teóricos.

“Eu não sou coach, teoricamente, que mete uma boa camisa, um bom chapéu, um bom cheirinho, um bom sapatinho magrinho, que vai dar uma hora de empreendedorismo, de enriquecimento. Isso é teoria. Prática é diferente,” sublinhou.

Para ele, a prática envolve enfrentar custos operacionais, impostos elevados (como o IVA e o Imposto Industrial), e a burocracia, como a dificuldade em pagar a alfândega (Fandica).

Durão apelou para que as instituições bancárias comerciais e o governo trabalhem em conjunto para identificar e apoiar os empreendedores locais “natos, reais e tangíveis,” oferecendo-lhes pequenos empréstimos a taxas de juro bonificadas.

“O governo tem que dar aos empreendedores e empresários. Porque as bancas comerciais… têm o descabimento de não identificarem empreendedores locais natos, reais, tangíveis, para poderem dar um pequeno empréstimo,” concluiu, reforçando que taxas de juro mais baixas atrairiam mais investidores e impulsionariam a economia nacional.

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