Excelência Senhor Presidente do Conselho Nacional da Juventude, Isaias Domingos da Cunha Mateus Kalunga, Conselheiro do Presidente da República; Magnífico Reitor da Universidade Agostinho Neto, Professor Doutor Pedro Magalhães; Prezado Administrador Executivo da ENDE- Isequiel Sebastião Miguel, Distintos Representantes do Conselho Nacional da Juventude; Caros Jovens estudantes , Minhas senhoras e meus senhores ,
É com um sentido profundo de honra e responsabilidade que participo neste Fórum Nacional promovido pelo Conselho Nacional da Juventude , uma instituição que tem sido uma voz activa da juventude angolana e promotora de um diálogo construtivo com as instituições do Estado.
Quero começar por felicitar o CNJ por esta nobre iniciativa, cujo tema, “O Processo de Electrificação Nacional e o Seu Impacto nas Micro e Macro Indústrias,” é de extraordinária relevância para o desenvolvimento sustentável de Angola.
Excelências,
Caros estudantes e convidados ,
Angola é uma nação rica em recursos. Temos petróleo, gás, rios vigorosos e sol durante todo o ano. Mas, acima de tudo, temos um povo resiliente e uma juventude com sede de progresso.
Contudo, enfrentamos um paradoxo: num país rico em fontes energéticas, milhões ainda vivem às escuras.
A realidade mostra-nos que grande parte da nossa população, sobretudo nas zonas rurais, ainda vive sem acesso à electricidade. Dados recentes indicam que menos de 10% das populações rurais têm acesso à energia eléctrica, enquanto nas áreas urbanas esse número ronda os 50%.
Essa disparidade acentua as desigualdades sociais e limita as oportunidades de crescimento económico fora dos grandes centros. Onde não há energia, falta produção, saúde, educação e esperança.
Entre os principais desafios, destacam-se:
- Uma infra-estrutura eléctrica antiga e degradada;
- A dependência excessiva de fontes fósseis, com impactos ambientais e financeiros;
- As perdas comerciais, alimentadas por ligações ilegais e défices de gestão;
- E a limitação da capacidade de transmissão, impedindo a energia gerada em Laúca ou Cambambe e outros pontos electroprodutores de chegar a todas as províncias.
Mas estamos a mudar esta realidade. Com o Plano Angola Energia 2025, o Executivo liderado por Sua Excelência Presidente João Lourenço tem dado passos firmes:
- A Barragem de Laúca, com 2.070 MW, é um marco histórico na nossa capacidade de geração;
- A interligação dos sistemas Norte, Centro e Sul, ainda este ano, permite uma gestão mais eficiente da rede;
- Estamos a investir em energia solar e em mini-hídricas, como em Cunje e Matala, com enfoque especial nas zonas rurais.
Estes não são apenas números. São aldeias com luz. São oficinas com máquinas a funcionar. São escolas abertas à noite. São sonhos que se acendem.
Queremos intensificar:
- O investimento em energias renováveis, especialmente solar fotovoltaica e mini-hídricas;
- A expansão de sistemas descentralizados, como mini-redes e sistemas solares off-grid;
- A criação de incentivos claros ao sector privado, através de parcerias público-privadas que tragam capital, tecnologia e gestão. Estamos a trabalhar na nova Lei para a integração do sector privado;
- O reforço da fiscalização e modernização da rede, com a implementação de medidores inteligentes e o combate sistemático ao vandalismo, um dos grandes constrangimentos actuais.
A implementação de medidores inteligentes permitirá aos consumidores aceder rapidamente à informação, complementada com um sistema de gestão comercial moderno.
É, no entanto, um desafio encontrar colaboradores verdadeiramente comprometidos.
Hoje, 44% da população tem acesso à electricidade. Com a conclusão de Laúca, conseguimos interligar 11 províncias. Persistem, no entanto, desafios no Sul, como na Huíla, Namibe e Cunene, e no Leste, onde há um esforço do Executivo para incorporar essas regiões na Rede Eléctrica Nacional.
Excelências,
Caros estudantes e convidados,
Até 2027, o nosso compromisso é claro e ambicioso:
- Garantir acesso à energia a mais de 50% da população;
- Elevar a cobertura rural para acima de 30%;
- Reduzir perdas técnicas e ligações ilegais;
- Modernizar a rede com tecnologia inteligente e gestão transparente;
- Criar um ambiente de confiança para o investimento privado.
Excelências,
Caros estudantes e convidados ,
A electrificação tem impacto directo e real:
- Para as micro e pequenas indústrias, representa independência dos geradores e redução de custos;
- Para as macro-indústrias, é garantia de estabilidade e inovação.
Queremos que um jovem de Luanda, do Bié, do Uíge ou do Namibe possa transformar ideias em negócios, com energia estável e a baixo custo.
Porque a energia não serve só para acender lâmpadas. Serve para acender a economia. Para acender sonhos.
Excelências, ,
Caros jovens,
Vocês são a energia transformadora deste país. São vocês que erguem startups, padarias, oficinas, centros digitais. E é com energia confiável que esses projectos deixam de ser ideias para se tornarem realidades económicas.
Queremos-vos no centro desta transição, como técnicos, engenheiros, inovadores e líderes. Não apenas como consumidores, mas como protagonistas.
Excelências,
Caros estudantes e convidados ,
Este fórum é mais do que um evento. É uma ponte, entre o Governo e os jovens, entre os investimentos do Estado e o dinamismo da juventude.
Reafirmamos aqui o nosso compromisso: trabalhar com foco, coragem e transparência para que cada vez mais angolanos tenham acesso à energia de qualidade.
Ao CNJ, o nosso profundo reconhecimento. Continuem a ser essa ponte viva entre os sonhos dos jovens e as políticas públicas do país.
Aos jovens, deixo este apelo: não esperem que o futuro vos encontre. Sejam vocês a construí-lo. Com energia. Com talento. Com coragem.
Viva a juventude angolana! Viva Angola!
Muito obrigado.
Luanda, 19 de Maio de 2025