O Presidente da República, João Lourenço, que está bastante preocupado com o surto de cólera que afecta o país, quer, com a maior brevidade, a erradicação total da doença em todo país, orientando Comissão Interministerial de Combate à Cólera a intensifica as acções emergenciais de resposta ao surto de cólera.
O Presidente da República, João Lourenço, efectuou, recentemente, uma reunião, no Palácio da Cidade Alta, com os integrantes da Comissão Interministerial de Combate à Cólera, coordenada pela ministra da Saúde.
A reunião teve como finalidade fazer o ponto da situação no terreno, avaliar o “modus operandis” na contenção do surto (que tem casos registados em diversas províncias) e encontrar formas rápidas de actuação, ultrapassando eventuais constrangimentos.
O Chefe de Estado transmitiu orientações precisas para pronta execução, tendo em atenção a necessidade de se travar quanto antes o risco de expansão da doença para outras regiões, mobilizando-se os recursos apropriados e na dimensão que a situação exigir, sejam eles de que natureza for (financeiros, humanos, em equipamentos, etc).
Visando o cumprimento das orientações do Chefe de Estado, o Executivo Angolano, por meio do Grupo Técnico Multissectorial para o Tratamento das Fontes, Abastecimento e Monitorização da Qualidade de Água Potável, intensificou as acções emergenciais de resposta ao surto de cólera que afecta várias províncias do país.
Sob liderança do Ministério da Saúde (MINSA), e em estreita articulação com o Ministério da Energia e Águas (MINEA), a EPAL – Empresa Pública de Águas de Luanda e as Empresas Públicas de Água e Saneamento das 18 províncias, o plano operacional engloba intervenções técnicas, educativas, logísticas e estruturais, com ênfase na garantia de acesso seguro e contínuo à água potável, pilar fundamental no controlo e prevenção da cólera.
Diversas campanhas estão a ser levadas a cabo nas diversas províncias, com destaque para as mais afectadas, como Luanda, Bengo, Cabinda, Cuanza Norte, Malanje, Cuanza Sul, Benguela, Namibe, Icolo e Bengo, Uíge e Zaíre, orientando o tratamento e monitorização da qualidade da água, com reforço da cloração de reservatórios e cisternas com solução mãe de hipoclorito de cálcio a 70%, assegurando eficácia na desinfecção.
Para melhor resultado da acção, técnicos e agentes locais estão a ser capacitados para o correcto manuseamento, preparação e aplicação da solução clorada, bem como a implementação de testes regulares de cloro residual, assegurando a conformidade com os parâmetros de segurança.
Está a ser efectuado o abastecimento de água potável em áreas vulneráveis por camiões-cisterna, incluindo comunidades ribeirinhas, mercados, áreas sem saneamento básico e zonas de defecação a céu aberto.
Foi criado um sistema de rastreabilidade da qualidade da água, com registos de carregamento, selos de controlo e fiscalização nas girafas (postos de enchimento), para monitorização da água comercializada por operadores privados, garantindo a conformidade com os padrões nacionais de qualidade.
Um aspecto importante das campanhas tem sido a sensibilização e prevenção comunitária, com a realização de campanhas de educação sanitária e distribuição de materiais didáticos e acções comunitárias de porta-a-porta, assim como a entrega de pastilhas Aquatabs para cloração doméstica da água e demonstrações práticas de uso seguro.
Além da formação de agentes comunitários, incentivadores de boas práticas de higiene e prevenção de doenças hídricas, há uma forte sensibilização das comunidades para a construção de latrinas, para evitar a defecação ao ar livre e/ou próximo de fontes de água, assim como a distribuição de reservatórios para conservação de água.
A este propósito, estão a ser inatalados reservatórios emergenciais e reabilitação de fontanários comunitários em zonas críticas, operacionalização de girafas móveis para abastecimento regular em pontos estratégicos, e a reparação de sistemas de bombeamento, permitindo retoma e ampliação do fornecimento em comunidades afectadas.
Para garantir o cumprimento rigoroso das normas sanitárias no transporte e distribuição de água, estabeleceram-se parcerias comerciais com operadores de água por cisterna, visando maior alcance e acessibilidade de preços, em articulação com governos provinciais, autoridades municipais e forças policiais.
O Governo reafirma o seu compromisso com o reforço progressivo da rede pública de abastecimento de água, com o objectivo de ultrapassar os actuais 56% de cobertura nacional e garantir o direito universal à água potável para todos os cidadãos.
O Executivo apela à colaboração activa da população, incentivando o uso de água tratada, a correcta cloração doméstica, a fervura da água quando necessário e a partilha desta informação nas comunidades.
Até o dia 22 de abril de 2025, foi reportado um total cumulativo de 14.671 casos, em várias províncias do país, com ocorrência de 519 óbitos (dos quais, 195 em Luanda), desde o início do surto a 7 de janeiro de 2025, com epicentro no bairro Paraíso, em Cacuaco, província de Luanda.
A cólera é uma doença bacteriana infecciosa intestinal aguda, causada pela bactéria Vibrio Cholerae, que se transmite principalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados. É uma doença séria que causa diarreia grave, vómitos e, se não tratada, levar à morte. (J24 Horas)