Bento Kangamba é, no seio da grande família do MPLA, um dos poucos militantes do partido que, seguramente, não tem de receios em enfrentar as hostilidades das ruas, dando a cara em situações de adversidade política e de contestação social, buscando, na maior praça eleitoral do país, Luanda, o diálogo com os diferentes estratos da sociedade.
É em torno desse activo de “aceitação” popular, de interlocutor dinâmico, que os militantes do MPLA manifestam alguma inquietação quanto a sua ausência “na primeira linha da frente de mobilização”, por ser considerado de um cabo eleitoral que goza de empatia das zungueiras, taxistas, kinguilas, entre outros classes sociais, devido à maneira como transmite a mensagem do partido e do governo.
A esta ausência de Bento Kangamba, em que os militantes, ouvidos pelo Jornal 24 Horas, esperam que não seja por “caprichos internos” ou “animosidade pessoal”, quem está a tirar vantagem é Nelito Ekuikui, o secretário provincial da UNITA, em Luanda, como ficou provado nas recentes incursões em alguns bairros da cidade capital, com realce em Viana, catálogo como um “bastião” do galo negro.
Um militante de um dos CAPs do município do Rangel defendeu a imperiosa necessidade de ser ter, no terreno, responsáveis do partido a andarem de bairro em bairro e porta-a-porta no sentido de “falarem com o povo e auscultar as preocupações”, para contrapor “as acções da oposição”, que, disse, se têm lm revelado “agressiva” em termos de mobilização.
“Gostem dele ou não, um facto que não devemos, enquanto partido de governo, escamotear: Bento Kangamba é um activo que, nesta fase, deve ser aproveitado por ter conseguido construir, ao longo desses anos, fortes alianças com membros da sociedade”, asseverou este militante.
A entrada em cena da Frente Unida Patriótica, com a UNITA à testa, alertou, deve obrigar o partido MPLA a organização uma estratégia política, de sensibilização ao voto, virada no contacto directo com os cidadãos-eleitores, sendo que todos os cabos eleitorais, como Bento Kangamba, devem estar mais por dentro destas acções.
Mas, Bento Kangamba, em recente entrevista à uma rádio online, garantiu estar a “trabalhar normalmente”, dentro das tarefas que lhe são incumbidas pela direcção do partido. “As pessoas é que fazem confusão. Não precisamos estar todos à frente. Há outros trabalhos na retaguarda”, destacou