Início Sociedade THOMAS SANKARA: O AFRICANISTA CUJOS IDEAIS CONTINUAM VIVOS

THOMAS SANKARA: O AFRICANISTA CUJOS IDEAIS CONTINUAM VIVOS

por Editor

Esse debate em torno da russofobia e da defesa acérrima do ocidente, faz-me lembrar o Capitão Thomas Sankara, que presidiu o Burkina-Faso entre 1983 e 1987.

“O escravo incapaz de assumir a sua revolta, não merece que nos entristeçamos pela sua sorte”, assim falou o Capitão Sankara.

Ele referia-se aqueles a que se chamou “house niggers”, e Malcolm X definiu como o escravo preferido do branco dono da plantação, aquele que abraça o opressor ao ponto de combater o espírito e vontade de liberdade dos outros escravos.

Conhecido por ser destemido, pelas suas convicções anti-imperialistas e pan-africanistas, no dia 17 de Novembro de 1986, recebeu o Presidente francês François Mitterrand, em visita oficial a Ouagadougou.

O francês chegou ao jantar oficial com duas horas de atraso. Qualquer outro house nigger teria ficado honrado pelo atraso do muzungu, mas o digno filho de África não estava disposto a tolerar abusos.

No discurso dito de “boas-vindas” falou de improviso e questionou as façanhas da françafrique. E perguntou-lhe como é que “bandidos como Jonas Savimbi e assassinos como Pieter Botha tiveram o direito de percorrer a França… que mancharam com as suas mãos e seus pés cobertos de sangue, e os que o permitiram deverão assumir a responsabilidade dos seus actos”.

Obviamente, na altura, a França dava as habituais lições sobre direitos humanos e democracia etc. O Presidente francês ficou furioso. Não estava habituado a ser confrontado sobre a hipocrisia da política externa francesa (que obviamente apoiou o apartheid), e menos ainda nas ex-colónias.

Nesse dia, Mitterrand decidiu que o Sankara não iria viver muito mais tempo. Os Franceses trataram de encontrar um house nigger pra fazer o trabalho sujo.

O Capitão Blaise Compaoré, que fingia ser amigo do Sankara, traiu o “amigo”, tendo comandado o seu assassinato menos de um ano depois desse fatídico jantar, e tomou o poder, conservando-o entre 1987 e 2014.

O país não evoluiu positivamente, mas o Blaise viveu ricamente, foi recebido com alegria em Paris, Washington DC, Londres, Bruxelas e nos bancos suíços aonde ia embarrar o dinheiro.

Os house niggers africanos, são como o Blaise. Complexados e sempre dispostos a glorificar o sistema opressivo criado pelo colonialismo, são solidários do ocidente e regularmente culpabilizam o resto do mundo, sobretudo África pela sua condição, recusando-se a aceitar que há desequilíbrios económicos e financeiros herdados do colonialismo.

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