No âmbito da avaliação e monitorização das médicas bolseiras de Medicina Geral e Familiar, recentemente formadas em Cuba, Brasil e Portugal, a Unidade de Implementação do Programa de Formação de Recursos Humanos em Saúde (UIP), afecta ao Ministério da Saúde (MINSA), realizou, na quarta-feira, 24 de Setembro, um encontro de trabalho com a Direcção Municipal de Saúde da Samba.
O objectivo do encontro foi alinhar estratégias de intervenção comunitária nas zonas adjacentes ao futuro complexo hospitalar de Alta Complexidade Pedalé.
A sessão, presidida pelo Coordenador da UIP, Dr. Job Monteiro, contou com a participação do director municipal da Saúde da Samba, Dr. Miguel Mabeca Maiandi, do médico director do Centro Médico da Samba, e das médicas bolseiras destacadas para o município.
O encontro serviu igualmente para planificar o lançamento da fase piloto de acções de sensibilização comunitária, que antecederá a entrada em funcionamento do hospital.
Durante os trabalhos, foi sublinhado o papel estratégico que estas médicas desempenharão no reforço da atenção primária à saúde, na educação sanitária das populações e na promoção do modelo de referência para o acesso ao Hospital Pedalé.
“O Hospital Pedalé é uma unidade de alta complexidade, acessível apenas por via de encaminhamento médico, com foco no tratamento de doenças graves como o Acidente Vascular Cerebral (AVC), doenças oncológicas, como o Cancro da mama e Cirurgias de Alta Complexidade. Representa um salto tecnológico e humano para a saúde pública em Angola”, afirmou o Dr. Job Monteiro.
As médicas recém-formadas, no âmbito do Programa de Especialização Internacional promovido pela UIP, darão início, ao longo desta semana, a acções educativas e de mobilização social junto das comunidades locais. Estas iniciativas serão coordenadas pela equipa de Comunicação, Informação e Intervenção Social da UIP, sob a liderança da especialista em área social, Dra. Lúcia Chicapa.
Na sequência do referido encontro, as médicas de Medicina Geral e Familiar já afectas ao município da Samba, sob a coordenação da Dr.ª Bia, encontram-se igualmente no terreno, em estreita articulação com o director municipal da Saúde, Dr. Miguel Mabeca Maiandi, reforçando as acções de sensibilização nos bairros abrangidos.
Esta actuação conjunta visa garantir que toda a rede local de cuidados de saúde esteja activamente envolvida no processo de transição para o novo modelo de prestação de cuidados hospitalares.
O Hospital Pedalé contará com a primeira Unidade de AVC no Serviço Nacional, local especializado para o tratamento exclusivo de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) – uma das principais causas de morte e incapacidade em Angola.

Como parte da estratégia de comunicação comunitária, será lançada uma campanha educativa para capacitar a população a reconhecer os sintomas de AVC, saber como actuar perante uma suspeita e compreender os critérios de acesso referenciado ao hospital, culminando assim na tão aclamada “Linha Verde para o AVC”.
Aproveitando o momento de sensibilização comunitária, estão a ser partilhadas noções práticas e fundamentais sobre os factores de Risco e o reconhecimento precoce dos sinais de Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido por trombose ou derrame cerebral, que é uma das principais causas de morte em Angola e a principal causa de incapacidade no mundo.
Mais de 70% das pessoas que sofrem um AVC não regressam ao trabalho devido às suas sequelas, e 50% tornam-se dependentes de outras pessoas nas actividades diárias. Embora mais comum em pessoas idosas e com problemas cardiovasculares, o AVC pode ocorrer em qualquer idade, inclusive em crianças. O número de casos entre jovens tem aumentado consideravelmente.
A World Stroke Organization estima que uma em cada seis pessoas no mundo sofrerá um AVC ao longo da vida.
O QUE É O AVC?
O AVC é uma condição neurológica que se manifesta por um défice neurológico súbito, causado por problemas nos vasos sanguíneos cerebrais, e pode ser de dois tipos: AVC Isquémico (Trombose): obstrução de uma artéria cerebral, causando falta de circulação sanguínea na área afectada do cérebro. Representa cerca de 85% dos casos.
AVC Hemorrágico (Derrame cerebral), ruptura espontânea de um vaso sanguíneo no cérebro, levando a hemorragia dentro do cérebro.
COMO RECONHECER OS SINAIS DE UM AVC
Os sinais surgem de forma repentina. Fique atento se observar: Fraqueza ou formigueiro na face, braço ou perna (especialmente de um lado do corpo); Boca torta ou desvio do lábio ao sorrir; Fala arrastada, enrolada ou dificuldade em compreender; Visão dupla ou perda súbita da visão; Dor de cabeça muito forte e súbita, sem causa aparente.
Ao notar um ou mais destes sinais, não espere! Dirija-se imediatamente ao Hospital Pedalé e registe a hora do início dos sintomas. Isso pode ser crucial para o tratamento.
“A integração destas médicas nas acções de sensibilização visa promover a literacia em saúde e preparar as comunidades para interagirem de forma adequada com os serviços do Hospital Pedalé, garantindo eficácia, agilidade e humanização no atendimento”, reforçou o Dr. Job Monteiro.
Ficou definido que o arranque das actividades de campo será feito em estreita colaboração com as direcções clínicas dos centros e hospitais municipais da zona de influência do Hospital Pedalé.
Estas instituições deverão acolher e integrar as médicas bolseiras nas suas equipas, como parte do esforço de fortalecimento da rede de cuidados primários e secundários.
A presença activa do director municipal da Saúde da Samba demonstra o forte compromisso das autoridades locais com um modelo de saúde mais integrado, centrado na prevenção e na comunidade.
A Unidade de Implementação do Projecto (UIP) reafirma o seu compromisso com uma abordagem sustentável, colaborativa e eficaz, promovendo a ligação entre os diferentes níveis de atenção em saúde, desde a base comunitária até às unidades de alta complexidade, como o Hospital Pedalé.
Como parte dos preparativos para a inauguração do Hospital de Alta Complexidade da Samba, decorreu uma acção de mobilização comunitária porta a porta nos bairros Inorad e Paz.
A iniciativa envolveu equipas da Direcção Municipal de Saúde, médicas de Medicina Geral e Familiar, presidentes das Comissões de Moradores e bombeiros voluntários, com o objectivo de informar as comunidades sobre o novo modelo de referência, divulgar os sintomas do AVC e reforçar a ligação entre os serviços de Saúde e os cidadãos. (J24 Horas)
