Quando todos se calam, o gesto de falar pesa mais, num tempo em que o silêncio se tornou estratégia, falar exige palavras e sobretudo exige peso, risco e, por vezes, uma certa dose de ousadia. Foi o que fez Bento Kangamba ao sair publicamente em defesa do Presidente João Lourenço e dos generais Francisco Pereira Furtado e Fernando Miala.
Num MPLA onde a contenção se tornou norma, onde o cálculo político suplantou a frontalidade, o simples acto de dar a cara transforma-se em acto político de grande impacto. Não se trata de defender os seus, trata-se de marcar presença num vazio onde, cada vez mais, poucos ousam posicionar-se.
É curioso observar que, numa conjuntura marcada pela pressão interna e pelo desgaste público, a coragem política possa emergir de figuras improváveis. Talvez seja isso que signifique crescer na política é ascender e sobretudo saber aparecer quando é mais difícil.
E Kangamba apareceu.
Bento Kangamba não é novo nestas andanças. Sempre esteve presente, sempre teve lugar, discreto ou ruidoso, nos bastidores e nos corredores da decisão. Quem o viu apenas como figura decorativa ou folclórica, talvez nunca tenha compreendido a verdadeira natureza do seu percurso político: errático por vezes, sim, mas sempre ligado ao centro do poder.
O que surpreende agora não é a presença; é o salto qualitativo da sua intervenção. Na entrevista concedida ao portal O Decreto, Kangamba abandona a retórica teatral e surge mais depurado, mais assertivo, mais consciente do peso das suas palavras. Defende o Presidente João Lourenço, os generais Francisco Pereira Furtado e Fernando Miala, e fá-lo com uma firmeza que não se escora no ruído, mas numa convicção que parece amadurecida.