Depois de muitas peripécias, o julgamento do conhecido “Caso Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)”, em Angola, teve início quinta-feira, 18 de Novembro. Em causa estão cinco alegados crimes, em dois processos com cinco arguidos. Porém, fontes garantem que o processo será arquivado porque está eivado de falhas quanto baste
O julgamento dos bispos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), indiciados dos crimes de associação criminosa e branqueamento de capitais, começou quinta-feira (18) no Tribunal Provincial de Luanda (TPL), sob forte aparato policial e com um grande público.
Enquanto no TPL, também conhecido como palácio Dona Ana Joaquina, centro da cidade, se concentrava uma forte presença de efectivos da polícia angolana, na marginal de Luanda realizava-se uma corrente de oração, com centenas de fiéis.
O bispo brasileiro Honorilton Gonçalves da Costa, antigo responsável espiritual da IURD em Angola e Moçambique, é um dos arguidos neste processo que, entretanto, tem sido apontado por diversos analistas como eivado de falhas clamorosas.
São igualmente arguidos o bispo António Miguel Ferraz e os pastores Belo Kifua Miguel e Fernandes Henriques Teixeira.
Vários dirigentes e membros da IURD em Angola foram formalmente acusados, em Agosto passado, pelos crimes de associação criminosa e branqueamento de capitais.
Segundo as análises que têm sido debitadas no decorrer dos dias que antecederam o julgamento, foram cometidas falhas clamorosas durante a instrução do processo, visando distorcer o direito, a verdade, o respeito à liberdade religiosa, ao culto e à crença de milhares de cidadãos angolanos, fiéis da IURD, que clamam por justiça e que são contra a expulsão de que foram vítimas diversos pastores.
Os analistas lamentam o facto de, enquanto ainda decorria os seus trâmites na justiça, o Governo angolano tenha, alegadamente, reconhecido a legitimidade de criminosos que cometeram uma série de atentados, não só contra a Igreja e seus representantes, como também contra as leis vigentes em Angola e aos tratados internacionais, como a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A legitimação de uma suposta “comissão de reforma” composta por um grupo de ex-pastores, expulsos por gravíssimos desvios de conduta, que atacou e invadiu diversos templos da Universal, com clara motivação xenófoba, que praticaram uma série de actos criminosos de agressão física, psicológica, ameaças, difamações, perseguição religiosa e falsificação de documentos, pode ser um precedente perigoso na sociedade, não só para a liberdade de religião em Angola, como pode criar a ideia nos cidadãos que usar de violência e artimanhas é “um meio válido” para se reivindicar direitos ilícitos ou obter vantagens.
Realce-se que, logo no início do julgamento, o Juíz foi apanhado desprevenido ao chamar um dos arguidos que não se fazia presente porque já foi expulso do país. Igualmente, o advogado da “ala rebelde”, David Mendes, que tem sido acusado de má-fé e de estar a defender os dissidentes para obter benefícos e colher dividendos políticos, quando se dirigia à sala de audiências, protagonizou um enorme escândalo em pleno corredor apinhado de gente, ao entrar em acesa discussão com um elemento da parte contrária e, por pouco, não fosse a intervenção do agente de diligências e da segurança, chegaria a vias de facto, ou seja, porrada!
Diante de tantas falcatruas e de tal alarde de deselegância por parte do causídico que defende o “diabo”, acrescidas das falhas processuais e do revés por que passou o Juíz ao chamar um arguido que já foi expulso do país, as fontes acreditam que o processo será arquivado.
“O julgamento não terá pernas para andar e o processo vai ser arquivado por estar viciado quanto baste. Aliás, os invasores já foram condenados pela Justiça angolana, por agirem ‘de forma premeditada, coordenada e organizada para amplificar e instigar o ódio, a violência religiosa e racial’, tendo o tribunal censurado também a estratégia do grupo de espalhar mentiras pela imprensa, para sentenciar o fim da Universal em Angola”, argumentam os analistas.
Recorde-se que a crise na IURD em Angola é resultado de divergências entre pastores e bispos angolanos desavindos e brasileiros sobre a gestão da instituição, bem como queixas de humilhações, discriminação e crimes económicos. (Com agências)