O caso divulgado pela Televisão Pública de Angola (TPA) tornou-se o assunto mais badalado das últimas 48 horas, na opinião pública nacional e internacional, com destaque para as redes sociais. Segundo a informação, um ex-oficial da CIA confessou em julgamento que prestou serviços irregulares a Higino Carneiro. Dale Bendler poderá ser condenado a 24 meses de prisão por violar as leis americanas. Em Angola, caso se prove a acusação, Higino Carneiro pode ser condenado até 20 anos de prisão por crime de alta traição à Pátria.
Ao contrário do que acontece no Vaticano, cuja chaminé lança fumo branco para anunciar que há um novo Papa, o fumo expelido pela TPA através da reportagem emitida na quinta-feira (25), durante o principal serviço noticioso, é “bastante escuro e mal-cheiroso”.
Além do impacto causado na opinião pública, tanto interna como externa, desencadeou diversas análises e opiniões que estão a criar algum reboliço em diversos meios sociais.
A TPA descreve que o antigo oficial paramilitar da CIA em Angola e ex-chefe de estação em Paris, Dale Bendler, “declarou-se culpado”, conforme consta num comunicado publicado no site do Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América. O caso está a ser julgado no Distrito Leste da Virgínia, onde os procuradores pedem apenas 24 meses de prisão.
Dale Bendler, que trabalhou em Angola como contratado a tempo inteiro na CIA, entre Julho de 2017 e Setembro de 2020, “tinha acesso diário a documentos altamente sensíveis, que a acusação afirma ter usado para benefício pessoal”, tendo então recebido “cerca de 360 mil dólares em honorários privados para atuar em benefício de interesses estrangeiros. Registos apresentados pelo próprio Bendler revelam que o principal estrangeiro para quem trabalhava era Angola, em particular o antigo governador da província de Luanda, Higino Carneiro”. Recorde-se que Higino Carneiro foi governador de Luanda entre 2016 e 2017.
“Pelo menos 20 mil dólares mensais eram pagos ao ex-oficial da CIA para organizar campanhas de relações públicas que defendessem Higino Carneiro de acusações de desvio de fundos e para desenvolver ações de lobby junto de autoridades norte-americanas e internacionais”, alude a informação.
Entretanto, a TPA sublinha que “documentos mencionam ainda apoio político a uma eventual candidatura presidencial de Higino Carneiro. As ligações de Bendler a Angola começaram a ser reveladas em Maio de 2025 por jornalistas da área de segurança nacional, depois de declarações do próprio numa entrevista concedida ao podcast de Tim House, em Março de 2024”.
Ora se há confissão de Dale Bendler em tribunal, há documentos citados pela TPA e há declarações do ex-agente em causa que atestam a sua ligação fraudulenta com Higino Carneiro, significa que há elementos de prova que o ex-general preste contas à justiça angolana.
Enquanto o assunto domina as atenções em diversos domínios e círculos aos mais variados, Higino Carneiro veio à público e refutou as alegações de envolvimento com um ex-oficial da CIA, divulgadas pela TPA na quinta-feira (25), durante o principal serviço noticioso.Em
comunicado, Carneiro classificou as acusações como infundadas, difamatórias e parte de uma tentativa orquestrada para destruir a sua imagem pública num momento em que se apresenta como potencial candidato à liderança do MPLA.
Carneiro repudiou de forma veemente as acusações, afirmando tratar-se de uma narrativa falsa, sem fundamento e orientada para o seu descrédito político num momento particularmente sensível para o MPLA.
Enquanto isso, também o ex-oficial da CIA nega qualquer ligação com o general Higino Carneiro e repudia notícia da TPA. Dale Bendler, em comunicado publicado nesta sexta-feira, 26 de Setembro de 2025, negou de forma categórica qualquer relação pessoal ou comercial com o general Higino Carneiro, reagindo à circulação de notícias falsas nas redes sociais e à divulgação de uma reportagem pela Televisão Pública de Angola (TPA) no dia 25 de Setembro.
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No esclarecimento, Bendler afirmou que nunca conheceu nem manteve qualquer tipo de contacto financeiro ou profissional com o general e classificou as alegações em contrário como especulação sem fundamento, que induzem a opinião pública em erro.
Em Angola, em meio às mais diversas opiniões, uns defendem que Higino Carneiro deve ser ouvido pela justiça e, caso se provem as acusações, seja julgado e condenado de acordo com a lei. Porém, outros acreditam que a Televisão Pública de Angola está a ser usada como “arma de arremesso” contra potenciais adversários internos no partido MPLA, advertindo que “o espaço mediático público não pode ser instrumentalizado para ‘combater quem ousa confrontar o poder estabelecido’”. Continuamos em cima do acontecimento. Voltaremos! (J24 Horas)