Testemunhei no dia 28 de julho com grande preocupação os acontecimentos que marcaram a cidade de Luanda, na sequência da manifestação promovida pelos taxistas contra a subida dos preços dos combustíveis.
Quero, em primeiro lugar, afirmar que reconheço plenamente o direito à manifestação pacífica. Esse direito é legítimo e deve ser respeitado em qualquer sociedade que se queira livre, justa e democrática. No entanto, não posso compactuar com os atos de vandalismo, saque e destruição que alguns cidadãos levaram a cabo durante esta ação.
Vi, com tristeza, viaturas particulares destruídas, autocarros públicos queimados, lojas assaltadas, bancos vandalizados e até ambulâncias impedidas de prestar socorro. Estas condutas não representam o povo angolano — um povo trabalhador, digno e generoso.
Apelo ao civismo, ao respeito pela vida, pela propriedade e pelas instituições. Nenhuma causa, por mais justa que seja, pode ser defendida com recurso à violência e à destruição. A manifestação é um direito; o saque é crime.
Hoje percorri algumas zonas da cidade e pude constatar os danos causados. Não me revejo nestes comportamentos. Repudio-os firmemente. Esta não é a Angola que queremos construir.
Por isso, deixo aqui o meu apelo: tenhamos calma, apostemos no diálogo e no entendimento. Só através da conversa franca, do respeito mútuo e da união poderemos encontrar soluções para os nossos problemas e melhorar a vida de todos.
A paz deve continuar a ser o nosso maior património. Vamos preservar o que é de todos, proteger o que juntos construímos e lutar por mudanças com responsabilidade e sentido de comunidade.
Com espírito de união e esperança,