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Soldados russos mortos na Ucrânia são jovens, pobres e de minorias étnicas

por Redação

O Kremlin não fornece números de baixas desde 25 de Março, quando admitiu 1.351 mortos. Tal como a vida de Putin, os meandros das suas tropas também permanecem um mistério

O Kremlin não fornece números de baixas desde 25 de Março, quando admitiu 1.351 mortos e os seus números são um segredo bem guardado, mas a maioria dos milhares de soldados russos que morreram na Ucrânia são muito jovens, provenientes das regiões mais pobres do seu país e frequentemente das suas minorias étnicas, dizem os especialistas.

Sete semanas de combates destrutivos depois, a Ucrânia estima que tenham morrido 27.000 russos. Um número elevado, de acordo com múltiplos analistas militares e ocidentais, para os quais as avaliações de Moscovo, no entanto, são largamente subestimadas.

“A Rússia sofreu provavelmente perdas correspondentes a um terço da força de combate terrestre que comprometeu em Fevereiro”, revelou o Ministério da Defesa britânico no domingo (15). Trata-se de cerca de 50.000 elementos das tropas russas feridos ou mortos.

A uma razão de três feridos para um morto reconhecido por Moscovo no início do conflito, o que elevaria o número total de mortos russos para 12.500 em menos de três meses, contabiliza o La Vanguardia. Não muito aquém dos 15.000 mortos soviéticos durante uma década de guerra no Afeganistão (1979-1989), um número que causou traumas nacionais.

“Curvamo-nos aos nossos camaradas de armas que morreram corajosamente numa luta justa”, disse o presidente russo Vladimir Putin durante uma homenagem a 9 de Maio, Dia da  Vitória sobre os Nazis em 1945.

O portal russo Mediazona diz ter confirmado a morte de 2.099 soldados russos em combate até 6 de Maio. A maioria deles tem entre 21 e 23 anos, 74 deles têm menos de 20 anos, diz o relatório. A maioria dos mortos vem do sul da Rússia, incluindo a região predominantemente muçulmana do Norte do Cáucaso, bem como da Sibéria central.

O maior número de mortos (135) foi confirmado entre os soldados da região muçulmana do Daguestão, seguidos por 98 mortes de uma minoria mongol de Buryatia, uma província siberiana.

Um médico entrevistado pela AFP em Abril – sob condição de anonimato na cidade ucraniana de Zaporizhzhya – no sul da Ucrânia, depois de mais de um mês de vida no cerco e bombardeamento de Mariupol, disse à agência que havia “três vagas” de ocupantes na sua cidade. Os separatistas pró-russos em Donbass tinham sido seguidos pela minoria mongol, que tinham “saqueado tudo”, depois pelos chechenos, a quem acusou de serem culpados de uma “caça ao homem”.

“O maior número de soldados e oficiais do exército vem de pequenas cidades e aldeias na Rússia. Isto está relacionado com a estratificação sócio-económica e (…) educacional”, explica Pavel Luzin, um comentador do portal web Riddle Russia, citado pelo La Vanguardia.

“Os requisitos para o serviço militar” neste corpo são “relativamente baixos”, diz, frisando que os melhores soldados e futuros oficiais preferem outros ramos, tais como “forças aéreas e espaciais, balística estratégica e a marinha”.

Os media locais e as redes sociais no Daguestão, uma das regiões mais pobres da Rússia – devastada durante anos pela insurreição islâmica – estão cheios de imagens de pais enlutados a receber condolências estatais.

O primeiro soldado russo cuja morte foi oficialmente confirmada por Moscovo é Nurmagomed Gadzhimagomedov, um jovem Dagestani que morreu a salvar os seus camaradas, de acordo com os meios de comunicação estatais. Foi condecorado postumamente a 4 de Março pelo próprio Vladimir Putin, que elogiou o papel desempenhado pelas minorias étnicas na Ucrânia. “Tenho orgulho em fazer parte deste mundo, deste povo poderoso, forte e multinacional que é a Rússia”, disse. (In NM)

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