Se os Serviços Secretos britânicos dizem que a coluna militar tem feito “poucos progressos”, fonte americana ainda vai mais longe: Há vários motivos que explicam a dificuldade em avançar rumo a Kiev
Na noite do passado domingo, 27 de Fevereiro, chegava uma notícia alarmante para as forças ucranianas: uma longa coluna militar russa estaria a encaminhar-se para Kiev e estaria já a cerca de 65 quilómetros de distância da capital da Ucrânia. Pela magnitude e dimensão das tropas presentes, tudo indicava que a coluna militar poderia fazer a diferença nos combates terrestres nas imediações de Kiev.
Um pouco mais de três dias depois, na quinta-feira (03) de manhã, chegou uma notícia mais animadora: de acordo com os Serviços Secretos britânicos, afinal esta coluna militar russa não estará a conseguir fazer avanços consideráveis.
Passadas mais de 72 horas, a coluna militar não terá conseguido avançar mais de 35 quilómetros e estará ainda “a mais de 30 quilómetros do centro” de Kiev. A informação é avançada pelos Serviços Secretos britânicos, em actualização partilhada pelo Ministério da Defesa do Reino Unido.
Segundo os Serviços Secretos do Reino Unido, o avanço da coluna militar foi “atrasado pela resistência firme das forças ucranianas”, por “avarias mecânicas” e pelo congestionamento das estradas.
“Esta coluna (militar russa) fez poucos progressos perceptíveis nos últimos três dias”, refere ainda o relatório dos Serviços Secretos britânicos.
Dos EUA, apontam-se mais motivos: falta de alimentos e combustível. Há pouco mais de 24 horas, já uma “alta patente das forças de Defesa dos EUA” (que não se quis identificar) adiantara, citada pela Agência Reuters, que a coluna militar russa que se estaria a dirigir para Kiev parara e deixara de avançar.
O motivo apontado por esta fonte era dificuldades sentidas pelas forças russas relativamente a “desafios logísticos básicos”, que incluíam escassez de alimentos e combustível e pouca confiança dos elementos de combate russos.
Também a jornalista da CNN especializada na área de Defesa nacional dos EUA, Natasha Bertrand, avançara a mesma informação na quarta-feira (02), citando um “oficial sénior de Defesa” dos EUA que terá afirmado: “Não estão avançar a velocidade alguma que leve alguém a acreditar que resolveram os problemas que tinham. Portanto, descreveríamos o estado actual (da coluna militar russa) como parada” e incapaz de avançar.
Outro dado de relevo relativamente ao avanço desta coluna militar russa prende-se com o comprimento desta fileira militar.
Na noite de domingo (27.02), quando foram publicadas as primeiras imagens de satélite, os meios de comunicação e agências de notícias internacionais apontavam para uma coluna militar com cerca de 5 quilómetros de comprimento.
Este comprimento terá sido calculado pela própria empresa norte-americana que conseguiu identificar a coluna militar: a Maxar Technologies, especialista, entre outras coisas, na captação de imagens de satélite para serviços de informação e assuntos de segurança nacional.
Actualmente, os meios de comunicação referem que esta coluna militar terá mais de 60 quilómetros de comprimento — uma informação que é ainda difícil confirmar oficialmente. De qualquer forma, alguns peritos em segurança e assuntos militares foram alertando que as primeiras imagens difundidas pela Maxar mostravam veículos russos demasiado próximos entre si, o que (pela concentração de forças em pouco espaço) aumentava o risco de baixas em caso de ataques aéreos ucranianos a esta coluna militar.
Não está, portanto, descartado que a coluna militar possa ter aumentado significativamente de comprimento sem que tenha crescido em número de veículos e tropas presentes, dado que as forças que seguiam rumo a Kiev podem ter optado por aumentar a distância entre tanques e veículos de combate de modo a evitar ao máximo a concentração espacial.
Ainda assim, há relatos de que o comprimento da coluna militar — supostamente cerca de 65 quilómetros — pode mesmo ter sido confundido com a distância a que a fileira estaria da capital quando foi captada pela primeira vez em imagens de satélite: estava na altura a 64 quilómetros de Kiev. (In Observador)