Autoridades tradicionais no Namibe estão a tentar impedir que a população fale aos orgãos de informação privados sobre a situação de fome que se regista no município do Virei.
Um deputado à Assembleia Nacional, Sampaio Mucanda e vários cidadãos confirmaram à Voz da América a ocorrência dessa tentativa.
Sampaio Mucanda disse que «os sobas orientam os cidadãos das localidades onde há fome para não falarem para à Voz da América, para não denunciarem a fome ao jornalista Armando Chicoca», acrescentando que a sua informação é de fonte “fidedigna”.
«Não se deve politizar a fome das comunidades», disse o deputado Mucanda apontando o dedo às autoridades locais do estado que pretendem silenciar a fome nas comunidades rurais.
Recentente, a Voz da América noticiou que cidadãos do município do Virei, provenientes das zonas do interior da província do Namibe, denunciaram uma situação grave de fome em que as pessoas estão a recorrer à erva daninha denominada “mulopa” para sobreviverem.
Agora, o Soba Bernardo Mussonde é acusado de ter persuadido sobas, séculos e líderes de opinião nas comunidades, para absterem-se de falar da fome à imprensa privada.
Afonso Ngangula, activista social nas comunidades Mucubais, assistiu ao “sermão” na localidade do Ngolova e diz que ninguém vai acatar esta orientação do soba Mussonde, mandatário das autoridades locais do estado que proibem o povo falar da fome.
Além da erva “mulopa”, várias comunidades agora recorrem a “matchequetcheque” uma espécie de semente da pinheira local, acrescentou.
António Tchimbwale, soba da localidade da Momba, município do Virei, que dista a mais de 80 quilómetros da cidade do Namibe, disse que proibir o povo falar da sua fome é o mesmo que levar a população ao suicídio.
«O povo da localidade da Momba alimenta-se de “mucoyo”, fruto silvetre local», disse o soba Tchimbwale que lamentou as acções do Soba Mussonde que, como disse, não vistia o local afectado pela fome há muitos anos.
«O soba Bernardo Mussonde não vai naquela localidade desde as eleições de 2017», referiu.
Quem também não concorda com a proibição de as comunidades falarem da sua fome, é o soba Muxinda, na sede do município do Virei, que confirmou a ocorrência de fome entre a população. (In Voa)