Início Sociedade Sindicalista alerta: “Criação de empregos em época eleitoral é uma utopia”

Sindicalista alerta: “Criação de empregos em época eleitoral é uma utopia”

por Redação

«Quem cria emprego são os privados, com políticas sérias para que se criem os empregos; não é como o que estamos a ver, empresas a fecharem por más políticas governamentais (…). Quem está desempregado em Angola é como uma pena de morte, porque não tem aonde tirar de comer e o Executivo não presta atenção ao desempregado»

Domingos Kinguari

O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Comércio, Hotelaria e Turismo de Angola (SINTCHTA), Inácio Ginga César, contrariou a versão do Executivo, ao afirmar que no mundo quem cria as políticas de emprego são os sindicatos e não o governo, porque numa economia de mercado isto é um trabalho dos privados com os sindicatos.

Inácio Ginga César teceu estas declarações durante o acto de tomada de posse dos membros do SINTCHTA, referindo que o sindicato que dirige deve enquadrar mais senhoras, «porque a paridade do género é uma exigência das Nações Unidas e nós não podemos ficar de fora. Para além desta exigência internacional, devemos reconhecer que as senhoras desempenham um papel muito importante nas organizações e sem uma política do género os sindicatos não vão longe, são elas que alavancam uma organização», reconhece.

O sindicalista considera que «a hotelaria é um ramo muito vasto, sobretudo na área do comércio. O Executivo está no mercado do Trinta com o objectivo de mudar  o comércio informal para formal, quer dizer que já estão a mobilizar as senhoras para serem empresárias e  essas senhoras têm trabalhadores, e esses podem ser sindicalizados. Nós podemos bater às portas dos supermercados, das lojas, das peixarias, porque fazem parte da nossa actividade sindical, que é a área do comércio. Mesmo as lojas de peças estes também devem ser os nossos grupo alvo, se tivermos mais filiados seremos mais fortes», enfatiza. 

O também professor universitário garante que «nós passaremos a ter encontros de três em três meses para alinhavarmos estratégias, também será uma troca de experiência para vermos as nossas valências como sindicalistas. Temos de afiliar trabalhadores que estão no Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, e assim como do Comércio e da Industria. Antes, o Comércio e o Turismo estavam no mesmo ministério, e agora estão separados. Nós temos de os unir num único sindicato», adverte.

«No mundo quem cria as políticas de emprego são os sindicatos e os privados. Esta situação acontece mais nos países com regime democrático. No capitalismo, o Estado controla tudo, desde as empresas e até os sindicatos. Já tivemos a mesma situação num passado recente, mas agora estamos num sistema de multipartidarismo, embora o Executivo de forma enganosa tem estado a dizer que vai criar X empregos, isto é uma utopia, porque ninguém está a fazer barulho. Quando se trata de períodos de pré – campanha eleitoral, isto é muito grave. Durante o ano não conseguiu dar emprego, agora é que vai conseguir? – Quem cria emprego são os privados, com políticas sérias para que se criem os empregos; não é como o que estamos a ver, empresas a fecharem por más políticas governamentais», afirmou.

Na sequência da sua explanação referiu que «o mandato do Poder Legislativo e do Executivo, em termos práticos, já terminou. Vamos para as eleições que é a compra de votos, ou seja, vão mobilizar um grupo para votarem nos seus programas eleitorais. Se os sindicatos estivessem fortes, nem a Lei Geral do Trabalho que está em revisão poderá ser aprovada no próximo ano, porque a comissão de trabalho, nunca reuniu com os sindicatos para darem a sua opinião e não basta apenas as centrais sindicais, porque é dever do Executivo ouvir todas as franjas da sociedade e não apenas uns, isto prejudica a sociedade que pretende que seja mais aberta e não fechada».

Garantindo que em outras parte do mundo os sindicatos fazem alianças, disse: «Por exemplo, vamos ter uma aliança com o MPLA ou mesmo com a UNITA, quando ganharem quantos assentos parlamentares teremos? É assim que as alianças funcionam, tanto em Portugal, na África do Sul, Brasil, Alemanha, em França, nos Estados Unidos, e noutros países. Quem está desempregado em Angola é como uma pena de morte, porque não tem aonde tirar de comer e o Executivo não presta atenção ao desempregado», alerta. 

Inácio Ginga César, assegura que quanto aos processos judiciais no Tribunal de Trabalho, «os nossos tribunais não são céleres e quando assim não acontece, o sindicalista despedido está em casa, não tem salário e não tem nada. A decisão só acontece em três anos e o homem já está cansado. A culpa dos despedimentos dos membros das comissões sindicais no que toca a sua defesa não é do sindicato, mas sim dos tribunais. O processo da empresa LG está em tribunal há três anos e ainda não tem juiz, temos o processo dos trabalhadores do Hotel de Convenções de Talatona, do hotel Njinga em Malanje, também não têm juízes há cerca de três anos. Não sabemos aonde vamos parar com isto. Defendo que se deve criar mesmo um tribunal de trabalho e não uma sala de trabalho», ressalta.           

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