Embora a aguardar suposto julgamento, mesmo assim Luís João Katito continua a fazer das suas, tirando o sono de mais de 300 camponesas da zona do Quilómetro 44, Icolo e Bengo, que reclamam pelas suas lavras destruídas na área do Coxi por elementos ligados às FAA e Polícia Nacional.Tiraram-lhes as terras em troca de promessas vazias
Victor Kavinda
Cristóvão Miguel, porta voz dos camponeses do Km 44, em Icole Bengo, disse à nossa reportagem que as suas terras estão a ser vandalizadas por elementos das Forças Armadas e da Polícia Nacional.
Os camponeses, agastados com a situação, pedem a intervenção do senhor Presidente da República, João Lourenço, para que dê uma solução ao problema vivido por estas numerosas famílias que vivem ao relento nos arredores do local onde está a ser erguido o novo aeroporto de Luanda.
Em 2002, conta o porta – voz, o então ministro Luís Brandão, fez o cadastramento daquela população, no intuito de serem indeminizados, prometendo realojamento e empregos para os filhos de todos os agricultores do Km 44; só que até à data presente não se vê nada. No decorrer do tempo, os militares afectos ao aeroporto começaram a queimar as lavras e as residências da população daquela localidade.
Por outro lado, o porta – voz atesta que o Governos da província de Luanda e o Governo Central dominam o assunto e existem vários documentos que confirmam todos os locais aonde os populares já recorreram para terem solução de tais conflitos.
“A população do Km 44 sobrevive de lavras, mas os militares que estão para controlarem o perímetro do novo aeroporto aproveitam-se da situação de falta de controlo e estão a usurpar e a vender todos os terrenos dos camponeses daquela circunscrição”, acusa.
Cristóvão Miguel acrescenta ainda que, das vezes que procuraram a administração do Icolo e Bengo, têm sido ignorados, os mesmos não se preocupam com aquele povo e dizem mesmo que “aquelas sanzalas não existem porque não constam no mapa”, o que é “uma desculpa ‘esfarrapada’, maldosa e de gente ignorante e incapaz, pois a referida localidade foi fundada em 1813”, elucida.
As senhoras queixam-se que, na altura, foi-lhes prometido que receberiam parcelas de terra para cultivarem numa outra área, porque ali o Governo construiria vários empreendimentos, para beneficio das próprias camponesas; mas passados dois anos tudo ficou pela promessa.
As camponesas cultivavam aquelas terras que ficam a 44 quilómetros de Luanda desde 1985 e, em 2012, foram surpreendidas por homens que apareceram em nome do Governo com tractores e destruíram todas as culturas ali existentes.
“Entraram com máquinas niveladoras, cavaram um grande buraco e arrasaram as mangueiras, mandioqueiras, cajueiros e até as casas dos camponeses e enterraram”, disse Adriano Miguel Vunda que acrescentou que uma camponesa morreu devido a essas acções.
Adriano Vunda disse ainda que eles não estão a sentir o efeito das leis porque o senhor Katito continua impune e prossegue com o abuso de poder mandando derrubar todas as casas, até mesmo o comitê do partido MPLA que existia naquela localidade.
“Nós nunca fomos chamados ao tribunal para depor, apenas o senhor Katito tem sido chamada, será que não somos pessoas? Caso o governo não reagir, nós vamos nos manifestar até ao Palácio Presidencial”, prometem.
Entretano, os camponeses apelam por ajuda ao Presidente da Repúlica para que se resolva tão constrangedora situação. Voltaremos com novos dados!