Início Sociedade Lixo em Luanda: Concurso público foi uma farsa para beneficiar figuras próximas a Joana Lina

Lixo em Luanda: Concurso público foi uma farsa para beneficiar figuras próximas a Joana Lina

por Redação

Informações que circulam revelam que «houve simulação de concurso» para se contratar novas empresas para efectuarem a limpeza e recolha de lixo em Luanda. Assim sendo, confirma-se o que já foi publicado neste portal de notícias, referindo que o ‘lixo’ em Luanda é um ‘grande negócio’ e existe uma ‘máfia’ que ultrapassa o GPL.

Santos Pereira

O problema do lixo em Luanda não é novo, é bastante antigo. A realidade, porém, é que cada governador que passa por Luanda, e não são poucos, inventa a sua moda, não analisa a situação deixada pelo antecessor, limita-se a receber pareceres de subordinados, reprova tudo e, sem mais nem ontem, impõe o que lhe é conveniente.

Tantas ‘modas’ (dizem modelos) para a recolha de lixo e limpeza da cidade Luanda já foram ‘inventadas’, que os luandenses já perderam a conta. Até houve um governador que, para não ter ‘tanto trabalho’ e poder embolsar, em proveito próprio, mais algum do erário público, entendeu ‘cimentar’ e ‘pintar’ de verde, bermas e passeios, para que parecessem jardins!

Desta feita, depois de ter sido divulgado pelo Governo Provincial de Luanda (GPL) que, entre as 39 propostas apresentadas foram escolhidas sete empresas que vão assegurar a limpeza de nove municípios, divididos por lotes assim distribuídos:

A Elisal (Empresa de Limpeza de Luanda) será responsável pela limpeza nos municípios de Luanda e Cazenga, a Er-Sol, pelo Icolo e Bengo, a Sambiente ficará com o município da Quiçama e de Viana, a Multilimpeza com o Cacuaco, a Jump Business com Belas, a Chay Chay com o Kilamba Kiaxi e o consórcio Dassala/Envirobac com Talatona, eis que está a ser noticiado que a governadora Joana Lina terá usado de nepotismo, amiguismo e influências para manipular o dito concurso público e beneficiar empresas de figuras ligadas a si.

Junto com o seu director de gabinete e um assessor, Dilson Dario Simão Bamba, escolheram as empresas que bem entenderam e logo a seguir anunciaram as mesmas como vencedoras de um alegado ‘concurso público’ que, na realidade, não passou de uma farsa.

Como foi comunicado pelo GPL, depois da assinatura dos contratos, as operadoras deveriam começar imediatamente a efectuar os trabalhos de limpeza pública e recolha de resíduos sólidos na província de Luanda.

Porém,  as referidas empresas, recentemente contratadas, não dispõem de meios técnicos para trabalhar, e estão em contradição com a governadora, porque, as mesmas exigem pagamento adiantado e Joana Lina está de ‘mãos atadas’ e a ‘dar bandeira’.

Quando em 23 de Fevereiro foi autorizada a despesa e abertura do procedimento de contratação emergencial, para aquisição dos serviços de limpeza pública e recolha de resíduos sólidos na Província de Luanda, através de um despacho presidencial, foi de imediato constituída uma Comissão de Avaliação para analisar as propostas.

Mas, pelo caminho tomado pelo plano e, diante da realidade, tudo não passou de uma ‘cabala’ que está a tomar contornos bastante diferentes do que se terá imaginado.

No que toca à recolha de lixo e limpeza da cidade de Luanda, um velho funcionário do GPL (Governo Provincial de Luanda), que já ocupou diversos cargos provinciais e acompanha a governação de Luanda desde a Independência, falando em ‘off’ afirmou que esta área é a grande ‘mina de ouro’ de ‘alguns camaradas’ dentro do GPL e não só.

O veterano afirma que existe uma ‘rede mafiosa’ que ultrapassa o próprio GPL, que lucra com a situação e para quem é vantajoso que a mesma continue assim. «Ao longo dos anos chamei diversas vezes a atenção dos camaradas, defendi posições que só me causaram muitos dissabores e fiz muitas inimizades. Depois deixei de falar, porque a minha vida estava em risco, hoje estou aposentado, mas a ‘máfia’ continua e, sendo assim, podem crer que sai governador, entra governador, nada vai melhorar, porque o que tentar tocar no ‘ninho dos marimbondos’ vai ser ferrado e cai de seguida», revelou.    

O que aflige os cidadãos é que, os governantes angolanos a vários níveis, antigos e novos, apegaram-se à ‘micha’. Em tudo que fazem, enquanto «fingem governar», a preocupação primeira é ‘encher’ os próprios bolsos em detrimento do dever, do cumprimento íntegro das suas obrigações.

Assim se governa em Angola. Os governantes mal ‘aquecem’ os ‘novos cadeirões’, começam logo por colocar a ‘carroça à frente dos bois’, complicam ainda mais as complicações encontradas, em vez de procurar soluções plausíveis. E para enfeitar melhor a situação, intoxicam a opinião pública com teorias, com discursos de circunstância e justificações que remetem sempre para outros o seu próprio desmazelo e/ou a sua própria incapacidade, deixando para a população o ónus mais pesado da sua desgovernação.

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