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Grupo Boa Vida apontado como parceiro de «marimbondos»

por Redação

Angola é um país que, ao longo de vários anos, foi impiedosamente saqueado, tanto por cidadãos ligados aos círculos do poder, como por inúmeros estrangeiros que se aliaram a esses mesmos angolanos e/ou receberam todas as facilidades para, a coberto de pseudos investimentos, projectos e negócios obscuros, enganarem o povo angolano, delapidarem o erário público e roubarem as riquezas do país.

Actualmente, o país atravessa uma situação de penúria extrema que, segundo dados oficiais e internacionais, vai continuar a agravar-se nos próximos anos. Enquanto isso, muita gente enriqueceu e muitos continuam a enriquecer, em detrimento dos angolanos.
São diversas as artimanhas que têm sido usadas para ludibriar e roubar Angola, resultando disso catastróficas consequências para o seu povo.
Grande parte do dinheiro, entre outras riquezas roubadas em Angola, vai para outros países, enriquece outras economias e depois ainda volta em forma de «investimento estrangeiro».
Muitos projectos, empreendimentos e obras realizadas no país com supostos «investimentos estrangeiros», nada mais são que estratagemas que usam os valores subtraídos ao próprio país para supostos investimentos que apenas visam continuar a tirar mais e mais capital.
Para tal, quando por trás estão os vigaristas angolanos, os «investimentos» são feitos por cidadãos estrangeiros, supostamente «grandes empresários» em diversas áreas, mas que, na realidade, não passam de «testas de ferro» ou «sócios» dos mesmos.
O sector das obras públicas e o do imobiliário, têm sido dos mais visados por esses embusteiros.
Havendo grande carência de habitação no país, a construção de prédios, condomínios e mesmo de bairros sociais, serviram de pretexto para muitos «ladrões», nacionais e internacionais, aproveitarem-se das necessidades e fraquezas do mercado angolano, sendo-lhes, ainda por cima, concedidas as maiores facilidades, que em nenhuma outra parte do mundo conseguiriam.
Nesse sentido, inúmeras são as obras, um pouco por todo o país, mas com grande incidência em Luanda, que depois de anos consecutivos não acabaram, outras que tanto prometeram não passam de umas «kibuaxias», e um grande número, mesmo diante de tanta carência que os cidadãos têm de casa própria estão abandonadas, servindo de depósitos de lixo, de esconderijos de meliantes, etc, etc, etc.
Tudo isso, porque o dinheiro investido «não lhes dói», não é de sacrifício» e nunca houve um real interesse em contribuir pelo desenvolvimento do país e bem-estar social das populações. O interesse maior é e sempre foi o de enganar e roubar.
Por tais razões, entre outras, o dito sector imobiliário e de construção de habitação para os cidadãos em Angola tem sido campo fértil para roubar, não só o Estado, mas também os cidadãos angolanos necessitados e sacrificados.
As histórias são muitas e, uma delas, envolvendo brasileiros, até usaram a pessoa e a imagem do «Rei» Pelé, para aliciar, enganar e roubar cidadãos angolanos.
Mais recentemente, depois de tantas outras falcatruas, houve o «esquema» da Jefran que lesou dezenas de clientes que confiaram numa empresa que de séria só tinha mesmo o saber enganar e roubar.
Agora anda na boca do povo a situação da chamada «urbanização Boa Vida», outro «investimento» que tem muito que se lhe diga, alegadamente um investimento de dois irmãos de nacionalidade polaca, que propalam ter feito um investimento, com capital próprio, no começo da implementação dos projectos de construção de habitações, de mais de 100.000.000,00 (Cem milhões) de dólares americanos.
Ultimamente, diversas acusações pondo em dúvida a idoneidade do projecto têm vindo a público, pelo que, em reacção, a direcção do «Grupo Boa Vida» alega que as acusações provêm de «pessoas de má fé», com o único objectivo de denegrir a imagem do seu Presidente do Conselho de Administração Tomasz Dowbor.
Hoje por hoje, em forma de justificação, num documento posto a circular, o Grupo afirma que «sempre esteve alinhado com as estratégias do Executivo no sentido da diversificação da economia e geração de maior número de postos de trabalho que ao longo desses anos resultou em mais de 4 mil postos de trabalho directo e 2 mil indirectos»!!!
Porém, as acusações apontam para um envoivimento do Grupo com capital de «marimbondos» e também do extinto Banco Angolano de Negócios e Comércio – BANC, cujo accionista maioritário foi o falecido general Kundi Payhama que, como se justifica, «foi destinado a aceleração e suporte das despesas adicionais para operacionalização da construção de habitações, em função de um elevado número de solicitações por parte dos clientes do BANC para aquisição de casas na Urbanização Boa Vida, por via de crédito bancário».
Contudo, para quem investiu 100 milhões de dólares (!!!), o Grupo explica que «ao longo dos anos de 2014 à 2018, as empresas do Grupo Poltec e BoaVida pagaram ao BANC o valor de 3.609.555.290,18 (Três mil milhões, seiscentos e nove milhões, quinhentos e cinquenta e cinco mil, duzentos e noventa kwanzas e dezoito cêntimos), destinados a amortização de capitais, juros e taxas, sendo um dos mais disciplinados e credíveis clientes do BANC, garantindo o pagamento mensal das suas prestações. Não obstante isso o BANC tem em sua posse garantias reais sobre formato dos imóveis com respectivos registos prediais, hipotecados à favor do BANC de acordo às exigências contratuais para cedência do referido crédito».
Actualmente, o BANC não existe mais, por ter sido extinto em 2019, ficando ainda por pagar 30 mil milhões de Kwanzas ao Banco Nacional de Angola (BNA).
É caso para se dizer que está-se diante de um imbróglio sem tamanho. No âmbito do combate à corrupção e conexos, as autoridades judicias, nomeadamente a Procuradoria-Geral da República (PGR) e/ou os seus órgãos ligados ao assunto não devem deixar esta questão em branco. Voltaremos com mais dados sobre o assunto!

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