Início Sociedade Greve na Sonadiet: Entidade patronal menospreza trabalhadores angolanos e não quer saber de aumento salarial

Greve na Sonadiet: Entidade patronal menospreza trabalhadores angolanos e não quer saber de aumento salarial

por Redação

Prossegue o estado de greve na empresa Sonadiet, empresa cuja direcção não aceita a exigência dos trabalhadores consubstanciada no aumento salarial. O patronato persiste em três por cento, mesmo com a mediação da Inspecção Geral do Trabalho, nada se resolveu

Domingos Kinguari

O presidente do Sindicato das Indústrias Petroquímicas e Metalúrgicas de Angola (Sipeqma), João Ernesto Pedro, garante que o sindicato vai continuar a defender os seus filiados por haver muita injustiça no sector petrolífero.

A informação do ponto de situação da greve e das negociações foi prestada ao Jornal online 24 Horas pelo segundo secretário da comissão sindical da empresa Sonadiet, Holanda da Cruz Filipe, dizendo que «o encontro do dia 8 e os subsequentes, que aconteceu sobre a mediação da Inspecção Geral do Trabalho (IGT), foi mais uma continuação das outras reuniões que temos mantido, mas a entidade patronal não quer resolver a nossa preocupação que está espelhada no caderno reivindicativo. Diante dos inspectores, ficou a promessa da empresa resolver a nossa reclamação. Desde o dia 2 do mês em curso que entramos em greve e a empresa não consegue apresentar uma solução», enfatiza. 

A direcção da Sonadiet, salientou, no encontro do dia 8 do corrente mês, «foi apenas assistir e alegou que o aumento solicitado pelos trabalhadores deve ser consultado aos acionistas para poderem resolver as nossas reclamações. A direcção da empresa quer pagar-nos um salário muito inferior aos vinte e sete por cento no que concerne à inflação acumulada do ano de 2021».

Holanda da Cruz Filipe garante que «a greve vai continuar até que a empresa resolva o nosso problema. Eles estão pouco preocupados com o acordo colectivo que foi assinalado com o colectivo de trabalhadores. Os operários que estão a trabalhar na plataforma Kizomba A e B foram impedidos de deixar os seus postos para aderirem à greve, que é uma violação da Lei da greve, ninguém pode impedir, com excepção de livre e espontânea vontade, mas não é o que está a acontecer. Os colegas estavam preparados para abandonar o trabalho e foram impedidos de abandonar a plataforma petrolífera», denunciou.

O sindicalista esclarece que «estamos nesta luta da actualização da inflacção há precisamente dez anos e não fomos tidos nem achados. A empresa nunca se preocupou com isso, mesmo estando a negociar com o nosso sindicato, que é o Sindicato das Indústrias Petroquímicas e Metalúrgicas de Angola (Sipeqma)».

Reivindicações dos trabalhadores avacalhada

Holanda da Cruz Filipe acredita que com a paralização das actividades, as empresas que dependem da Sonadiet têm dificuldade de encaminhar o seu material às plataformas petrolíferas. «achamos que estão a perder muito dinheiro e, para o evitar, já deveriam resolver um assunto tão simples que está por escrito e já vem de dez anos atrás. A paralização dos trabalhos é por culpa da empresa e nós demos muitas possibilidades para não pararmos com os serviços, simplesmente ignoraram as nossas reivindicações», disse.

Por sua vez o presidente do Sipeqma, João Ernesto Pedro, salienta que «as eleições que vão acontecer no dia 24 de Agosto próximo é uma festa da democracia, ou seja, deveria ser uma festa, mas as eleições não podem impedir que os trabalhadores não possam fazer greve e muito menos a pré e a campanha eleitoral. O sindicato é apartidário e faz o seu trabalho com os trabalhadores e os políticos fazem a sua parte. No dia do voto, o trabalhador faz o seu voto de forma secreta», argumentou.

O mesmo garante que o sindicato que dirige está aberto para o diálogo. «Devemos dialogar sempre com os empregadores e com o Executivo, mas muitas vezes o lado patronal não leva a sério as reivindicações dos trabalhadores. Uma reclamação que vem de a dez anos e até hoje não se cumpre com as promessas, demonstra que a entidade patronal minimiza o sacrifício dos operários que tudo fazem e ganham miséria, ou seja, o seu poder de compra perdeu qualquer validade», disse.

João Ernesto Pedro elucida que «a entidade patronal não pode vir dizer que a greve é uma anarquia. Há muitas incompreensões por parte da entidade patronal em não reconhecer as suas falhas nesta reivindicação. Todos estamos em Angola. Uns podem comer e dar uma perna de frango para o seu cão e outros não têm água em casa, nem luz eléctrica, que tipo de sociedade queremos criar? Os nossos filiados serão sempre defendidos por haver muita injustiça no sector petrolífero», prometeu agastado.

O jornal online 24 Horas contactou de seguida o director-geral da Sonadiet, o cidadão português, Manuel Pereira, para fazer um esclarecimento sobre a razão de não se cumprir com o acordo colectivo sobre os aumentos salariais em função da inflacção. Porém, a informação proveniente da sua secretária foi que Manuel Pereira «não quer falar a comunicação social».  

Poderá também achar interessante