Depois de alguma relutância por parte das autoridades angolanas em admitir o que era óbvio e alguma Comunicação Social era insultada por divulgar atos de rapto e tráfico de seres humanos, atualmente a situação tem tomado proporções assustadoras e são essas mesmas autoridades que agora já admitem que se trata de crime organizado e divulgam dados sobre o fenómeno.
Márcia Elizabeth
Em Angola, nos últimos dias, segundo dados da Polícia Nacional, mais de duas dezenas e meia de processos relacionados ao tráfico de seres humanos foram designados criminalmente.
Entretanto, a Secretaria de Estado para os Direitos Humanos e Cidadania, Ana Celeste Cardoso Januário, afirmou recentemente, em Luanda, que dos mais de cem casos catalogados, desde 2015 à 2020, pelo Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, o país já caracterizou criminalmente, mais de 25 processos.
Em termos de Investigação existem cerca de 80 casos de tráfico de seres humanos, referiu a responsável, sublinhando que nem em todos os processos, encontram-se todas as redes, uma vez que é um crime organizado.
Continuando, Ana Celeste explicou ainda que em termos de tráfico de seres humanos, Angola é um país de origem, o que significa que, há angolanos que são traficados para outros países e pessoas que vêm para Angola traficadas, daí a necessidade de divulgar e dar a conhecer o assunto à sociedade, realçando que o Código Penal atual veio melhorar, em termos de abordagem, assim como a Lei 3/14, do referido Código.
A responsável reconheceu também haver dificuldades no combate ao tráfico de seres humanos, porque os traficantes utilizam diversas estratégias, o que faz com que o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, esteja a realizar formações para os aplicadores da Lei, bem como para toda a sociedade, no sentido de poder identificar os traficantes e desconfiar das suas intenções.