Início Sociedade Corrupção anula concurso de professores e PGR tarda em pronunciar-se

Corrupção anula concurso de professores e PGR tarda em pronunciar-se

por Redação

Actos de corrupção fizeram com que fosse anulado o concurso público para a admissão de novos professores na província do Bengo e cidadãos exigem responsabilização dos infractores.

A ministra da Educação, Luísa Grilo, revelou a anulação do referido concurso de professores, reconhecendo ter havido graves irregularidades, razão pela qual se determinou a invalidação do mesmo. A governante explicou que, em alguns casos, podem até configurar crime e que o dossier está na posse da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Os candidatos denunciam algumas das irregularidades no processo como: «As pessoas que formaram o júri do mesmo concurso, assediaram os candidatos em função de ‘colaboração’ (pagar suborno). Não especificaram o preço, mas foram fazendo ligação no sentido que tinham que ‘colaborar’», acusa Silvestre José.
Já Manuel António revela o seguinte: «Podemos constatar que houve candidatos que tiveram notas como 2, 3, 4 valores e foram admitidos. Isto é uma plena injustiça e estamos descontentes com isso».
Alguns candidatos também puseram em causa a lista provisória, em que foi possível verem as suas notas. Mesmo na lista definitiva, muitos não conseguiram ver os resultados finais. Estes candidatos «exigem justiça e transparência».

O silêncio do PGR

O jurista angolano, Hermenegildo Alves, entende que ninguém deve sair impune deste processo.
«Tem de haver uma responsabilização destes agentes. Estamos perante actos ilícitos, que devem ser responsabilizados e o factor temporal aqui fala mais alto. Penso que já faz tempo de a PGR pronunciar-se acerca deste processo».
De lá para cá, aguarda-se pela responsabilização dos infractores. A procuradora titular no Bengo, Carla Correia, avança que o processo decorre em segredo de justiça.
«Está a correr em instrução preparatória um processo-crime contra o colectivo de júris e alguns candidatos», afirma.
No entanto, mais de 6.000 candidatos concorrem a 489 vagas no novo concurso para contratação de professores.
Nesta edição, parece que ninguém quer falhar e a Comissão de Júri faz de tudo para garantir a transparência do processo. Por tentativa de suborno, quatro candidatos foram detidos pela Polícia Nacional, tal como conta o porta-voz dos jurados, Ngongo Mbaxi.
«Há um candidato que chegou aqui com cerca de 250.000 Kwanzas, solicitando que o jurado lhe proporcionasse uma vaga para a mesma e o júri negou. Um dos membros levou-o da sala do concurso, onde reiterou a intenção e foi apresentado à polícia», informou.
Em comparação com a edição anterior, os candidatos aplaudem a organização deste concurso.
«Até ao momento, não há motivos e nem razão de queixa, daí que a satisfação seja enorme. Diferente do que aconteceu no ano passado, dá para dizer que o processo está a correr o melhor possível», disse Severiano Catanha.
Já Dumilde Pascoal afirma: «Não tenho nada a apontar neste novo concurso».
A província do Bengo conta com 220 escolas primárias, sendo que 211 são de ensino público e nove do ensino privado. Estão matriculados nas escolas da província do Bengo, neste ano lectivo, 99 mil e 886 estudantes do ensino primário, da 1ª à 6ª classe, e 1019, na iniciação. Para assegurar o ano lectivo, estão disponíveis 4,017 professores da iniciação, ensino primário e 1º e 2º ciclo. (In DW África)

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