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Chuva em Luanda causa desgraça, morte e sérios problemas de saúde pública

por Redação

Chuva torrencial em Luanda causa 14 mortos e deixa mais de oito mil pessoas desalojadas, havendo também a registar dois feridos e 1.617 casas inundadas, 16 residências desabaram, 15 árvores caíram, assim como um poste de iluminação pública, houve um incêndio numa cabine eléctrica e a destruição de uma ponte.

Mwanza Mukondolo

As chuvas torrenciais que esta segunda-feira (19) provocaram o caos em Luanda fizeram 14 mortos e mais de oito mil pessoas desalojadas, segundo dados transmitidos na noite da mesma segunda-feira pelo porta-voz do serviço de protecção civil e bombeiros.

Faustino Miguens, que falava à comunicação social, após uma reunião de regência da comissão provincial de protecção civil, coordenada pela governadora de Luanda, Joana Lina, indicou que 14 pessoas morreram devido às chuvas e mais de 1.600 casas ficaram inundadas.

Contudo, diversas vozes se fizeram ouvir e reconhecem que a situação é deveras crítica. No município de Luanda, foram registados cinco mortos, enquanto nos municípios do Cazenga três pessoas morreram, no Cacuaco outras duas e igual número em Viana e Kilamba Kiaxi, que morreram em consequência de eletrocussão e desabamento de paredes, enquanto uma criança de um ano e a sua mãe foram arrastadas pelas águas. Há também a registar dois feridos e 1.617 casas inundadas, num total de 8.165 pessoas afectadas.

O mesmo responsável acrescentou que 16 residências desabaram, 15 árvores caíram, um posto de iluminação pública tombou sobre uma viatura e houve um incêndio numa cabine eléctrica, bem como a destruição de uma ponte, um «aumento substancial» do volume de água nas bacias de retenção de águas pluviais que transbordaram para a via pública e casas adjacentes. Além das vítimas e dos danos materiais ainda por calcular, a chuva dificultou a circulação e impediu os transportes públicos de transitar em algumas zonas.

Faustino Miguéns adiantou que as pessoas afectadas vão receber apoio por parte das administrações municipais, salientando que a prioridade é acudir essas pessoas.

A presente época chuvosa, que terá começado com atraso, já que apenas agora, em Abril se estão a registar as quedas pluviométricas, não fazia prever que, de repente, quando a estação quente e das chuvas está a terminar, trouxesse enxurradas tão violentas e consecutivas como aconteceu nesta segunda-feira. Em algumas áreas da província de Luanda, a chuva caiu

brutalmente por cerca de oito horas consecutivas, com pequenos intervalos, causando todo tipo de transtornos aos luandenses.

O intenso calor e a poeira, a que se juntam os grandes acumulados de lixo por toda a extensão de Luanda, já estavam a causar problemas de saúde como irritação da garganta e tosse, sobretudo nas crianças e em meio à pandemia de Covid-19. A chuva é benfazeja, mas para a capital angolana, quando chove, começam as desgraças.

Como já é habitual, as chuvadas deixaram diversos bairros e residências inundadas, para além das que desabaram ou perderam a cobertura, assim como ruas alagadas e estradas intransitáveis.

Assim, sempre que se está em época de chuvas, os luandenses, principalmente os das periferias, perdem o sossego e rogam à Deus para que o pior não aconteça. Nesta semana, muitos cidadãos sofreram pesados danos materiais com a destruição dos seus bens e, alguns, perderam ente-queridos.

A chuva tardou em cair e a situação deveria ter sido aproveitada para a melhoria de alguns casos sobejamente conhecidos, mas nada aconteceu. Foi preciso chover para haver o habitual corre-corre e as desculpas de sempre, não faltando o velho chavão de que «Luanda não está preparada para as chuvas».

É assim que, todos os anos, o cenário se repete e as coisas se vão agravando, cada vez um pouco mais, ante o olhar sereno das administrações locais que nada fazem.

As chuvas, apesar do atraso, chegaram de rompante, mas o saneamento e limpeza de Luanda e suas periferias continuam a espera de «milagres».

O mês de Abril, o tal das «chuvas-mil» está no fim e, diz a sabedoria popular, as enxurradas que caíram nestes dias foi para dar as boas vindas à próxima estação que começa em Maio, a estação do cacimbo ou época seca e de frio. Que a estação seca, ao contrário dos anos anteriores, sirva, ao menos, para as edilidades fazerem alguma coisa que beneficie a população.

A enxurrada que começou na madrugada de segunda-feira (19) e se prolongou pelo dia todo, chegou violenta e carregada de relâmpagos e trovoadas. Os municípios do Cacuaco e de Viana foram os que mais sofreram neste aspecto. De acordo com alguns populares, os raios emitiam uma luz intensa e as trovoadas pareciam o rebentamento de obuses de grande calibre.

Os cidadãos exigem que as administrações façam o seu trabalho, que zelem pelo saneamento dos bairros, que terraplanem e tapem os buracos nas ruas e abram as antigas passagens de água que foram ‘propositadamente’ fechadas por algumas obras que não trouxeram melhorias. «As obras que fazem deviam ser para melhorar, mas o que se nota aqui é que fazem-se obras para melhorar a vida de algumas pessoas e interesses pessoais, em detrimento da população e dos bairros em que vive», desabafou um dos manifestantes, identificado por Carlos.

Com a chuva desapareceu, momentaneamente, a poeira. Em contrapartida, as águas misturaram-se ao lixo e o meio ambiente ficou nauseabundo e mal-cheiroso, com a malária e as doenças diarreicas a tomarem os bairros de assalto, um quadro perigoso quanto baste que poderá complicar sobremaneira a actual situação de saúde pública.

Até ao dia 21 de Abril, os serviços de meteorologia continuam a prever chuva intensa e trovoadas.

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