A Sonangol entregou ao Ministério dos Transportes as embarcações que são parte dos activos recuperados à China – Sonangol, em que a petrolífera do Estado detém uma participação de 30%. Os catamarãs passam a integrar, a partir de Janeiro de 2022, a rede de transportes públicos e vão reforçar as ligações Luanda, Soyo e Cabinda
No âmbito da recuperação de activos, e em compensação parcial de créditos que a petrolífera estatal detém no Grupo China Sonangol, que não conseguiu proceder aos pagamentos acordados, foram recuperadas embarcações que a China Sonangol mandou construir em Vigo, Espanha.
A Sonangol – EP detém 30% na China Sonangol e recuperou seis catamarãs, que foram transferidos para o Ministério dos Transportes, ficando agora responsável pela colocação destes meios de transporte ao serviço da população.
O presidente do Conselho de Administração da petrolífera estatal, Sebastião Gaspar Martins, explicou que os seis catamarãs têm capacidade para acomodar 350 passageiros cada um, o que significa uma capacidade combinada de 2100 passageiros, por viagem, para os seis.
Sem revelar o valor global das embarcações, o responsável avançou que em velocidade de cruzeiro, cada catamarã tem uma autonomia de cerca de 400 milhas náuticas, o que aumenta a eficácia operacional das mesmas.
Na ocasião, o ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, disse que as embarcações entregues vão entrar em funcionamento a partir de Janeiro de 2022, para o transporte de passageiros na província de Luanda.
“A travessia será feita de Luanda para o Mussulo, temos as infraestruturas terrestres, como os terminais do Museu da Escravatura e do Macôco. Estes terminais podem servir de suporte a estas embarcações nas travessias que se desenvolvam nestas áreas”, acrescentou o ministro.
O preço do bilhete de passagem depende de um estudo de viabilidade que vai ser desenvolvido com vários departamentos ministeriais.
Para a ligação Soyo (província do Zaire)/Cabinda, a circulação poderá ser feita até ao final do primeiro trimestre de 2022, com o serviço de cabotagem, ou seja, para o transporte de passageiros e carga, incluindo viaturas.
“Estamos a terminar os terminais de passageiros de Cabinda e do Soyo. Já em Luanda estamos a fazer obras de beneficiação para colocarmos os meios ao serviço dos passageiros”, informou Ricardo de Abreu.
Ana Paula de Carvalho, a governadora de Luanda, acrescentou que com a entrada em funcionamento destas embarcações vai reduzir alguns constrangimentos na mobilidade em Luanda, principalmente nos principais eixos em horas de ponta.
A deficiente oferta de transportes públicos, enchentes nas paragens de táxis e autocarros colectivos, número reduzido de paragens para embarque e desembarque de passageiros, contribuem para que a mobilidade urbana em Luanda se mantenha um problema de difícil resolução.
Foram vários programas e planos implementados desde 2001, ano em que o Estado permitiu a entrada de operadores privados no serviço de transportes públicos colectivos, para reforçar a capacidade de mobilidade na capital, mas, e até ao momento, o problema mantém-se.