Um ano e dias se passram depois do assassinato do antigo jogador da seleção principal de futebol de Angola, “Palancas Negras”, João dos Santos de Almeida “Chinho”, a família do antigo futebolísta continua a clamar por justiça. Até à presente data, ainda não foram esclarecidas as razões que estarão por detrás do referido assassinato bem como os seus executores.
Japer Kanambwa
“A Polícia Nacional de Angola é corrupta, desorganizada e fraca”! É assim que, ao longo de muitos anos, diversos especialistas têm caraterizado a corporação. Nos últimos tempos, tanto os analistas como a sociedade em geral, principalmente aqueles que têm sido vítimas da criminalidade e da incongruência da polícia, consideram que a Polícia Nacional “demitiu-se das suas responsabilidades” e o aumento salarial que beneficiou recentemente, em detrimento dos demais trabalhadores de outros setores da vida do país, não se justifica, porquanto, o que mais sabem fazer é violar as leis, corrupção e abuso de poder
Quando o ex-internacional angolano João dos Santos de Almeida “Chinho”, foi assassinado no bairro Honjo Yetu, Projecto Nandó, a Polícia Nacional voltou a ser alvo de acusações. Segundo fontes, Chinho foi interpelado por supostos meliantes que se faziam transportar numa motorizada. “Os meliantes primeiro dispararam contra o depósito do carro (Range Rover) vulgo ‘tubarão’, quando ele desceu para se inteirar do caso, os meliantes dispararam duas vezes contra o abdómen do antigo jogador e abandonaram o local do crime sem levar nada”, disseram.
Entretanto, de uns tempos a esta parte, a onda de criminalidade aumentou em todo o país, com destaque para a cidade de Luanda, onde têm sido praticados crimes “espetacularmente dramáticos”, horríveis e de lesa-consciência, que vão de extorsões, chantagens, a assaltos à mão armada e assassinatos, entre muitos outros, grande parte cometidos em plena rua e à luz do dia.
Com a pandemia da Covid-19 e a crise que assola as famílias, a situação está a piorar. Recorde-se que um dia depois da morte de Chinho, diante da entrada do Aeroporto 4 de Fevereiro, aconteceu um assalto à mão armada de alguns meliantes contra um cidadão que transportava uma pasta, cuja actuação em nada ficou a dever a um filme de gangster’s, em plena manhã, diante de inúmeras pessoas e, mais espantoso, de agentes da Polícia em serviço naquele local que, simplesmente, fingiram nada ver e retiraram-se. As testemunhas disseram que só pode haver dois motivos para tal actuação dos policiais: ou são coniventes dos bandidos, ou retiraram-se do cenário do crime por medo, embora estivessem também armados.
Enquanto decorria o velório de Chinho, um jovem que lá se encontrava ficou sem saldo no telemóvel e foi à rua para comprar. Em plena rua foi assaltado por dois indivíduos armados que se faziam transportar numa mota e subtraíram-lhe tudo quanto tinha de valor.
No mesmo dia, um jovem foi morto a tiro por delinquentes nas imediações do antigo “Roque Santeiro”. Enquanto que, duas semanas antes destes acontecimentos, nas imediações da Vila de Viana, a poucos metros do Comando Municipal da Polícia, na entrada da famosa “rua brasileira”, junto da linha férrea, local onde todos os desmandos acontecem com a conivência de agentes da polícia, que tudo permitem só para extorquir os pobres cidadãos, um cidadão foi morto em situação estranha.
Os desmandos naquele local, mesmo nas “barbas” do Comando Municipal, começam pela madrugada e avança por altas horas da noite. Grupos de jovens, vulgo gang’s, fazem “guerra” na rua, usando catanas, facas, garrafas, pedras, etc, o que deixa toda a gente em pânico, num autêntico caos.
Sendo assim, a população pergunta qual é o verdadeiro papel da Polícia? É roubar, intimidar, facilitar a vida dos bandidos, violentar e incriminar gente inocente? Tanto crime acontece em todo lado, mesmo de dia e na rua e a polícia nunca é vista? Onde andam e o que fazem? Segundo dados, o número de efetivos da Polícia Nacional em todo o país, é bastante numeroso, tem mesmo gente a mais, a que se juntam os “fantasmas”.
Entretanto, o irmão mais velho de Chinho, Bezerra de Almeida, deu a conhecer que os familiares do ex-atleta não vão “cruzar” os braços enquanto o crime não for esclarecido.
Bezerra de Almeida recordou que Chinho foi morto “a 200 metros de uma esquadra móvel da Polícia Nacional” e que “os órgaos de defesa e seguranca não conseguem dizer nada, não conseguem esclarecer quem matou o Chinho”.
“O Chinho está a ser esquecido”, sublinhou Bezzerra de Almeida, acrescentando que “nós vamos continuar a lutar até sabermos quem matou o Chinho, quem são os envolvidos e quem são os mandantes”.
O irmão de Chinho recordou que o futebolista “além de ser da nossa família deu glória à seleção nacional. “Não sei por que a federação e os clubes onde jogou não se pronunciam”, concluiu.