Os indivíduos que, durante décadas, delapidaram o erário público em proveito próprio e mergulharam o país na desgraça e miséria, assim como os que ainda nos dias actuais continuam com as mesmas práticas, têm inovado nas suas estratégias para continuar a usufruir livremente o produto dos seus crimes, enganando as autoridades e o Estado impunemente.
Esse bando de larápios nas vestes de governantes, entre outros dirigentes, não se cansam de inovar nas suas tácticas para prejudicar o Estado e o povo angolano. Nas últimas horas, uma notícia que está a mexer com a sociedade em geral revela que os chamados ‘marimbondos’ estão a lavar o dinheiro roubado ao povo com ajuda do BNA e que Antonio José Mendes Pereira Campos Van-Dúnem, ou simplesmente ‘Toninho Van-Dúnem’, antigo secretário do Conselho de Ministros, é agora o acionista maioritário do Banco Económico com 25%.
O Banco Nacional de Angola (BNA) impôs aos 10 maiores depositantes do Banco Económico a troca de 35% dos depósitos por acções na futura estrutura acionista do banco no âmbito do resgate do banco que sucedeu ao antigo BESA. Os depositantes vão tornar-se acionistas através da subscrição de um aumento de capital.
Segundo o jornal ‘Expansão’, «os maiores depositantes não queriam mas não tiveram liberdade de escolha», garantiu uma fonte conhecedora do processo.
Depois do aumento de capital, o maior acionista do Económico será ‘Toninho’ Van-Dúnem com 25%,explicou a fonte sem precisar se a percentagem inclui a participação indirecta que o antigo secretário do Conselho de Ministros já detém na instituição através da Geni. Esta empresa, que conta com o general Leopoldino Fragoso do Nascimento ‘Dino’ na estrutura acionista, controla actualmente 20% do Económico.
A Sonangol que se tornou acionista maioritário, com cerca de 70%, depois de ter recebido a participação de 31% da Lektron do ex-vice-Presidente Manuel Vicente e do general Kopelipa, deverá reduzir a sua posição para 19%, enquanto os portugueses do Novo Banco passarão a deter menos de 3%, contra os actuais 10%.
«A grande questão é como o BNA vai anunciar ao público que alguns dos chamados ‘marimbondos’ são os novos acionistas do Económico», questionou a fonte.
Ao que se sabe, o Banco Económico lidera a lista das instituições bancárias incumpridoras, porque desde o quarto trimestre de 2019 que não divulga os balancetes e desde 2018 que não divulga os relatórios e contas.
Enquanto isso, calcula-se que a Banca angolana somouprejuízos de 177,7 mil milhões Kz, com o Banco de Poupança e Crédito (BPC) a bater o recorde com prejuízos avaliados em 535,9 mil milhões Kz, instituição que foi, ao longo de décadas, desfalcada pelos próprios dirigentes do regime, entre outros larápios.
De acordo com dados divulgados pelo jornal ‘Mercado’, os 21 bancos comerciais do sistema bancário angolano que publicaran balancetes do IV trimestre registaram prejuízos de 177,7 mil milhões Kz em 2020.
Quatro dos 25 das instituições bancárias autorizados a operar no sistema financeiro nacional ainda não publicaram balancetes referentes ao último trimestre do ano passado: Banco Económico (BE), Millennium Atlântico (BMA), Standard Chartered Angola (SCBA) e VTB África (VTB).
A culpa dos prejuízos deve ser totalmente assacada ao BPC que, com as suas perdas de 535,9 mil milhões Kz, as maiores da história empresarial angolana, empurrou o sector para o vermelho. Excluindo banco estatal, os 20 bancos que apresentaram balancetes lucraram 358,2 mil milhões Kz.
Os prejuízos de 177,7 mil milhões Kz dos 21 bancos em 2020 comparam com lucros de 83,4 mil milhões Kz em 2019. Excluindo o BPC, os resultados dos 20 bancos desceram 26,6% de 488,2 em 2019 para 358,2 mil milhões Kz em 2020.
Os bancos de Fomento Angola (BFA) com lucros de 89,8 mil milhões Kz, de Desenvolvimento de Angola (BDA) com 77, 7 mil milhões, Standard Angola (SBA) com 36, 1 mil milhões, Angolano de Investimentos (BAI) com 32 mil milhões e BIC com 21,3 mil milhões, compõem o “top 5” dos lucros.
A sucursal do Banco da China em Luanda (BOCLB), com lucros de 433,7 milhões Kz foi o banco que registou menor lucro no ano passado, depois de uma sucessão de prejuízos registados desde 2017, ano em que começou a operar em Angola.
O BNI liderou o crescimento dos lucros, saindo de 2,5 mil milhões Kz em 2019 para 5,7 mil milhões em 2020, um aumento de 129%. No extremo oposto está o BAI que registou a maior queda de resultados, com os lucros a afundarem 72%, caindo de 118 mil milhões Kz em 2019 para 32,6 mil milhões, em 2020.
No que respeita aos activos, os 21 bancos somaram 15,1 biliões Kz, em 2020, face aos 12,5 biliões apurados em 2019, o que representa um aumento de 21%. O BAI, BFA e BPC continuam a liderar o ranking dos activos com registos de 3,1 biliões Kz, 2,9 biliões e 2,5 biliões, respectivamente. Em termos de rubricas do activo, destaque para os títulos públicos que cresceram 41%, os bancos somaram cerca de seis biliões Kz, contra os 4,2 milhões conferidos em 2019.
O BAI vai na frente como o banco que mais investiu em títulos públicos com cerca de 1,3 biliões kz, enquanto o BMF, controlado pelo BAI, foi o que menos investiu com um milhão Kz.
Quanto ao crédito concedido, a carteira dos 21 bancos cresceu 10% em relação a 2019. O BIC continua a liderar a carteira de crédito concedido, ao encerrar o ano de 2020 com 662,8 mil milhões Kz, o que representa um aumento de 18% face aos 561,0 contabilizados em 2019. BAI e o BFA completam o pódio. O Atlântico que em 2019 estava no pódio juntamente com o BIC e o BAI ainda não apresentou o balancete do IV trimestre de 2020.
De acordo com o aviso nº5/2019 do BNA, os bancos «devem elaborar balancetes em base individual e consolidada» e «publicar até 45 dias após término do trimestre».
Entretanto, os bancos deveriam ter publicado os seus relatórios do quarto trimestre de 2020 até dia 14 de Fevereiro de 2021.
«Os balancetes trimestrais em base individual e em base consolidada, caso aplicável, devem ser publicados no seu sítio da internet, ou, alternativamente, em boletim de informação e divulgação de entidade de classe, sem restrições de acesso e gratuitamente, ou em jornal de grande circulação», explica o aviso do BNA. *(Com agências)